Ser Feliz – Sofrendo por Cristo

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Ser Feliz – Sofrendo por Cristo

Provavelmente a maioria de nós nunca foi perseguido, humilhado, injuriado, discriminado, nem sofreu qualquer abuso por conta de nossa fé em Cristo. Se em países do Ocidente gozamos de liberdade religiosa, precisamos lembrar que, para que isto assim fosse, muitos santos pagaram alto preço, a começar pelo próprio Senhor Jesus, cruelmente sacrificado ao vir ao mundo para nos salvar, levando os nossos pecados sobre Si por amor a nós que nada merecemos, a não ser castigo.

 

Desde que a Igreja Cristã surgiu, os seguidores de Jesus têm sido torturados, martirizados, decapitados, queimados vivos, apedrejados, empalados, crucificados, estraçalhados por feras nos circos romanos, e nessa linha de sofrimentos que os cristão têm suportado, Paulo testemunha a respeito de si próprio de forma veemente em 2 Coríntios 11.22-27, ao defender-se de injúrias e mentiras assacadas contra ele por falsos mestres: “São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. São da descendência de Abraão? Também eu. São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez”.

 

E as perseguições violentas, que ao longo dos séculos têm acometido impiedosamente milhões de cristãos nas mãos de tiranos cruéis, continuam nos dias de hoje especialmente em países totalitários, que vivem debaixo de regimes ateus, muçulmanos, comunista, fascistas ou nacional-socialistas.

 

O planeta em que vivemos é território inimigo dominado por satanás, o príncipe do mundo, como Jesus o chama em João 14.30, e enquanto Deus, por Sua vontade soberana e perfeita, não encerrar a supremacia maligna do diabo que, de acordo com as profecias bíblicas, só acontecerá com a segunda vinda de Cristo, o sofrimento humano não cessará.

 

Porém, lembremos que tudo o que Deus faz é perfeito, e assim sendo, o sofrimento que Ele permite acometa os Seus, sempre tem o bom propósito de nos trazer bênçãos no presente e na eternidade, porque é parte do Seu plano amoroso para os Seus filhos. Assim, Ele nunca nos abandona, sustentando-nos em toda tribulação, como nos tranquiliza em Isaías 43.2, prometendo que “Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti”. Portanto, alegremo-nos com a promessa tranquilizadora de Paulo em Romanos 8.18: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós”.

 

Mas em que o sofrimento pessoalmente nos pode abençoar e beneficiar? Em primeiro lugar nos conservando humildes, submissos e dependentes de Deus porque, como a Paulo em 2 Coríntios 12.9, Ele nos assegura que “… a minha graça te basta”;

 

depois, a aflição aprimora e fortalece o nosso caráter cristão e a nossa fé, aproximando-nos cada vez mais do nosso alvo , como Jesus exortou em Mateus 5.48: “… sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”;

 

as tribulações também fortalecem a nossa fé, como 1 Pedro 1.5-7 ensina: “sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo. Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo…”;

 

passar por experiências de sofrimento nos habilitam a melhor servir aqueles que passam por elas, dando-lhes esperança, como Paulo afirma em Romanos 5.3-4, que por isso “… nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança;

 

a dor adicionalmente nos motiva a buscar a Deus de forma mais consistente e profunda, dando-nos maior compreensão dos propósitos divinos e do Seu poder, abrindo nossos corações para termos maior conhecimento e comunhão com Ele, e assim podermos amá-Lo cada vez mais, como vemos acontecer em Jó 42.5 onde, apesar de que nenhuma forma física de Deus tivesse sido manifestada, o que o Senhor revelou de Si mesmo tornou-O visível a Jó, que exclamou maravilhado: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem”.

 

Se nas sete primeiras bem-aventuranças, Jesus discorreu sobre a condição interior que devemos ter como seguidores Seus com relação a Deus, aos outros e a nós mesmos, nas duas últimas que estão em Mateus 5.10-12 Ele trata dos galardões que estão reservados a nós nos céus, proclamando então, de forma cabal, definitiva e categórica que “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós”.

 

Seria esperado que o autêntico cristão, por se caracterizar como uma pessoa humilde, sensível, mansa, que ama a justiça, que tem misericórdia dos outros, que é puro de coração e promove a paz, na nobre condição de embaixador de Cristo fosse recebido pelo o mundo com respeito, consideração e alegria, dando-lhe as boas–vindas onde quer que se apresente, não? Não.

 

Ao contrário, Jesus surpreendentemente nos adverte que seremos objetos de perseguição, mentiras e ódio! Aliás, o Filho em vários momentos alertou para o fato de seríamos perseguidos como Ele próprio o foi, como está em João 15.18-20: “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa”.

 

Como é possível compreender as razões dessa intolerância tão aguda e cruel? Consideremos que o grande anelo do cristão é ser semelhante ao Cristo que, embora sendo a fonte suprema do amor, tanto ódio suscitou; que sendo o único justo, foi condenado e executado cruelmente pelos injustos; que trazendo luz ao mundo, contrariou aqueles que odiavam a claridade que expunha suas obras iníquas. Assim sendo, não poderíamos esperar outro tipo de reação de um mundo dominado pelas trevas, como em João 3.19-20 Ele pondera: “… a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras”.

 

Apesar de tudo, os motivos de exultação de todo discípulo de Jesus são muitos, pois a imposição de tormentos pelos agentes do mal só acontece porque o caráter do Senhor está sendo revelado nele. Além disso, há a certeza inequívoca de que nunca é debalde sofrer por Cristo, como Ele próprio afirmou sobre Paulo recém-convertido a Ananias em Atos 9.16: “… pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome”.

 

Mais tarde, na carta aos Romanos 8.17, o mesmo Paulo ensina: “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados”, e conclui  em Filipenses 1.28-19, nos encorajando ao exortar: “Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica; e que em nada estais intimidados pelos adversários. Pois o que é para eles prova evidente de perdição é, para vós outros, de salvação, e isto da parte de Deus. Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele…”.

 

Portanto, nenhuma aflição que o mundo possa nos infligir – por mais intensa maldade que manifeste – deve ter o poder de provocar apreensão em quem tem a garantia de ter o amparo permanente de Deus, e a promessa de ser recompensado com as verdadeiras riquezas da Vida Eterna com Jesus. Lá todas as nossas lágrimas serão enxugadas, a morte não mais existirá e o sofrimento terá ficado para trás, por isso tenhamos a jubilosa sabedoria de deixar o transitório que não podemos manter, para alcançar o eterno que não podemos perder!

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