Prosperidade e Decadência
Quando o profeta Oséias iniciou seu ministério, durante o reinado de Jeroboão II (782-753 a.C.), Israel vivia uma época de prosperidade material, contrastando com grande decadência espiritual, assim como ocorre nos dias de hoje em boa parte do mundo.
E Deus – para ilustrar vividamente a infidelidade do povo de Israel – ordenou ao profeta, como ele mesmo registra em Oséias 1.2 (Bíblia NTLH): “Quando o Senhor Deus falou pela primeira vez por meio de Oséias ao povo de Israel, ele disse a Oséias: — Vá e case com uma prostituta de um templo pagão; os filhos que nascerem serão filhos de uma prostituta. Pois o povo de Israel agiu como uma prostituta: eles foram infiéis e me abandonaram.”
O tema do livro de Oséias é o leal amor de Deus por Israel, malgrado a contínua infidelidade do povo, que é configurada pela experiência conjugal do profeta que, após casar-se com Gômer, descobriu que ela lhe era infiel. Embora ocorresse a separação, o amor de Oséias – assim como o amor de Deus por Seu povo – manteve-se, e por fim ocorreu a reconciliação.
E no capítulo segundo, versos 12 a 23 (Bíblia NTLH), o profeta usa de analogias com o amor conjugal para transmitir ao povo de Israel o Seu amor por ele e comunicar mensagem de amor, renovação, esperança e restauração: “— Vou seduzir a minha amada e levá-la de novo para o deserto, onde lhe falarei do meu amor. Ali, eu devolverei a ela as suas plantações de uvas e transformarei o vale da Desgraça em uma porta de esperança. Então ela falará comigo como fazia no tempo em que era moça, quando saiu do Egito. Mais uma vez ela me chamará de ‘Meu marido’ em vez de me chamar de ‘Meu Baal‘. Nunca mais deixarei que ela diga o nome Baal; nunca mais se falará desse deus. Sou eu, o Senhor, quem está falando. — Naquele dia, farei um acordo com os animais selvagens, com as aves e com as cobras, para que não ataquem a minha amada. Quebrarei as armas de guerra, os arcos e as espadas; não haverá mais guerra, e o meu povo viverá em paz e segurança. — Israel, eu casarei com você, e para sempre você será minha legítima esposa. Eu a tratarei com amor e carinho e serei um marido fiel. Então você se dedicará a mim, o Senhor. Naquele tempo, serei o Deus que atende: atenderei o pedido dos céus; os céus atenderão o pedido da terra, dando-lhe chuvas; e a terra responderá produzindo trigo, uvas e azeitonas. Assim eu atenderei as orações do meu povo de Israel . Plantarei o meu povo na Terra Prometida para que eles sejam a minha própria plantação. E eu amarei aquela que se chama Não-Amada; para aquele que se chama Não-Meu-Povo eu direi: ‘Você é o meu povo’, e ele responderá: ’Tu és o meu Deus’.”
A profecia de Oséias foi a última tentativa de Deus para levar Israel a arrepender-se de sua idolatria e iniqüidade persistentes, antes que Ele entregasse a nação ao seu pleno juízo. O livro foi escrito com o objetivo de revelar que Deus conserva Seu amor ao Seu povo apesar de sua infidelidade, e que deseja intensamente redimi-lo de sua iniqüidade. O Senhor também acena com as conseqüências trágicas que se seguem quando há persistência no desobedecer-Lhe, e em rejeitar o Seu amor redentor. A infidelidade da esposa de Oséias é uma ilustração da infidelidade de Israel. Gômer vai atrás de outros homens, ao passo que Israel corre atrás de outros deuses. Gômer comete prostituição física; Israel pratica prostituição espiritual.Apoiado em textos dos profetas Oséias e Isaías, Paulo em Romanos 9.25-29 mostra que qualquer um, judeu ou não, que exercer fé em Cristo, sai da condição de rebelde para integrar o povo de Deus.
O Velho Testamento deixa claro que a chamada dos gentios (não judeus) estava prevista séculos antes do nascimento de Jesus. Mas o ponto de partida para um oferecimento mais abrangente da salvação, foi a recusa dos judeus em reconhecê-lO como o Messias.
Deus não se esquece de uma só promessa que faz e quer que os salvos em Cristo sejam o sal da terra, fator essencial de conservação deste mundo. Deus é zeloso por seu povo, e se entristece quando substituímos nossa adoração a Ele por atrativos mundanos – fama, conhecimento intelectual, dinheiro, posses, poder, cargos, profissão, para citar apenas alguns. É como se uma esposa ou um marido traíssem seu cônjuge adulterando com outrem, daí a prostituição e o adultério serem tão condenados na Bíblia.
Hoje em dia há uma proliferação enorme de ídolos, como o culto à beleza, ao corpo, ao trabalho, aos amigos, ao prazer em suas diversas formas – tudo bem justificado e considerado natural pelo mundo. Examinemo-nos: estamos priorizando qualquer coisa em detrimento de nossa adoração a Deus? O alerta ao Israel do passado cabe hoje a nações outrora cristãs e que se acham desviadas, imersas em total mundanismo, seguindo muitos outros deuses.
Esse alerta é também para nós agora, em nosso país, em nossa cidade, em nossa casa.
Senhor, que reconheçamos que Tu estás sempre pronto a nos resgatar e ter-nos de novo em Teus braços, mesmo que tenhamos nos “prostituído” servindo a outros deuses modernos. Que nunca nos esqueçamos de que Tu estás sempre ao alcance da nossa oração, perdoando-nos e oferecendo reconciliação conTigo. Em nome de Jesus. Amém.