agosto 2010

Mordomia dos Bens, dos Dízimos e das Ofertas

Hoje na internet nos deparamos com um anúncio bem mundano: Mordomia Real: a loja Harvey Nichols é um espetacular templo dedicado ao consumo e ao luxo. Há até pouco tempo, apenas os membros da família real britânica tinham a chance de marcar hora e entrar na loja enquanto as portas permanecem fechadas para o público em geral. Agora, os hóspedes do hotel Mandarin Oriental Hyde Park podem também usufruir dessa mordomia. Os grifos são nossos, e destacam duas palavras cujos significados têm sido muito deturpados nos últimos tempos. Templo (do latim templum, “local sagrado”) é uma estrutura arquitetônica dedicada ao serviço religioso. Mordomia, no jargão do mundo, é privilégio usufruído por uns poucos endinheirados e/ou poderosos e/ou “espertos”.

Está longe, no entanto, do real significado da mordomia cristã, da mesma forma como o verdadeiro sentido de templo está longe daquilo que apregoam os marqueteiros e consumistas de plantão.

A palavra mordomia vem do termo mordomo, que significa o maior da casa (major domus em latim), e é tão antigo quanto o costume de ter criados na casa; o mordomo ou despenseiro era alguém a quem o dono da casa confiava tudo o que possuía para ser por ele administrado. Nada era dele, porque tudo era do seu senhor, inclusive ele mesmo. O conceito bíblico de mordomia é, primeiramente, o reconhecimento da soberania de Deus, depois a aceitação do nosso cargo de depositários da vida e das possessões que Ele nos delegou, e por fim, a administração delas de acordo com a vontade expressa na Sua Palavra.

Deus nos dá a seguinte base bíblica para a questão: em primeiro lugar, Ele é dono de tudo e de todos. Do universo, como podemos constatar na Bíblia em Gênesis 1.1; Salmos 24.1; 50.10-12, mas também do homem, sobre quem Ele detém os direitos de criação, de preservação e de redenção. E como Pedro expressa em 1 Pedro 2.9, “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. O Senhor não precisa que Lhe façamos ofertas, porém, mercê de Sua infinita misericórdia, Ele permite e se agrada de que o homem exerça a mordomia cristã. Eis duas das maneiras:

Mordomia dos Bens

A Bíblia, em Provérbios 3.9, determina: “Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda;” Mas as pessoas, quando falam acerca dos seus bens materiais, quase sempre tratam deste assunto como algo secular, sem valor espiritual, embora as Escrituras digam que: Deus é o dono dos nossos bens (Salmo 24.1); nossa capacidade de adquirir bens vem de Deus (Deuteronômio 8.15-18); os bens tem duração limitada (Salmo 39.6). Contrariamente aos ditames do consumismo que se vê no mundo, devemos usar os bens materiais sempre quando: são para a glória de Deus (1 Coríntios 10.31); os valores espirituais tem a primazia (1 Reis 3.11-13); a ajuda ao próximo é prioritária (Mateus 25.31-40); cultivamos um estilo de vida simples (1  Timóteo 6.7-10). O teólogo Richard J. Foster certa vez sugeriu que deveríamos carimbar todos os nossos bens com o seguinte rótulo: “Dado por Deus, prioridade de Deus, para ser usado para os propósitos de Deus.” Por certo se nossos pertences tiverem tal etiqueta – embora de forma invisível aos olhos – estaremos sendo bons mordomos de nossos bens.

Mordomia do Dízimo e das Ofertas

Jesus, em Lucas 11.42 adverte: “Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças e desprezais a justiça e o amor de Deus; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas.” Devolver a Deus a décima parte do que se ganha é dizimar, uma atitude de entrega pessoal e gratidão. Mas não basta fazermos a entrega do dízimo, temos que entregar a nossa vida, o nosso coração no altar de Deus. A prática do dízimo é anterior à lei mosaica (Gênesis 14.18-20), mas foi posteriormente incorporada na lei (Levítico 27.30) e ensinada pelos profetas (Malaquias 3.8-12). Jesus falou do dever de dizimar (Mateus 23.23), e o autor de Hebreus em 7.1-10, refere-se a Melquisedeque, a quem Abraão deu o dízimo. E são duas as finalidades do dízimo: a manutenção da Igreja (Malaquias 3.10) e o sustento dos obreiros (2 Coríntios 9.10-14). Deus nos concede tudo o que temos, tudo o que auferimos, e o mínimo que podemos fazer em reconhecimento a toda a graça que recebemos do Senhor, é devolver parte do que Ele nos dá, como bons mordomos do dízimo e das ofertas.

Na próxima semana continuaremos a examinar outras formas de exercício da mordomia cristã.

Pai santo, que nós possamos ser sempre bons mordomos de tudo o que nos concedes em Tua infinita graça e misericórdia. É no nome de Jesus que pedimos e agradecemos. Amém.

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A Permanente Plenitude do Espírito

Irmãos, quando aceitamos a Cristo, passamos a ter o Espírito Santo habitando em nós. Mas não basta adquirirmos a plenitude do Espírito uma vez, e considerarmo-nos plenos pelo resto da existência. É preciso deixarmo-nos encher pelo Espírito Santo a cada dia de nossas vidas, em um processo contínuo e permanente de entrega a Cristo. Em Pentecostes, os 120 receberam o Espírito Santo (Atos 2.4), mas tiveram a necessidade de ser enchidos novamente (Atos 4.31).

E porquê sermos cheios do Espírito? Vamos considerar algumas razões essenciais:

1. É um mandamento bíblico (Efésios 5.18);

2. É um desejo divino (Joel 2.28; Atos 1.4);

3. É parte do programa de Deus para a Igreja (Lucas 24.49; Atos 1.8, 2.17-18, 2.33, 2.38);

4. É impossível existir uma vida vitoriosa sem esta plenitude (Efésios 3.16);

5. É a resposta de Deus a uma vida vazia, fraca e sem ideal (Colossenses 1.11);

6. É o caminho para descobrir e realizar os propósitos de Deus (Atos 16.6,7);

7. Todos os grandes homens da Bíblia foram cheios do Espírito.

No Antigo Testamento, temos os casos dos Setenta Anciãos (Números 11.25), Otniel (Juízes 3.10), Gideão (Juízes 6.34), Jefté (Juízes 11.29), Sansão (Juízes 14.6), Saul (1 Samuel 10.10) e Davi (1 Samuel 16.13).

No Novo Testamento, algumas pessoas cheias do Espírito foram João Batista (Lucas 1.15), Maria (Lucas 1.35, 46-55), Isabel (Lucas 1.41), Zacarias (Lucas 1.67-79), Simeão (Lucas 2.25-35), Ana, a profetisa (Lucas 2.36-38), Jesus (Lucas 2.40-52; 4.1), Os Discípulos (Atos 2.4), Pedro (Atos 4.8), Os Diáconos (Atos 6.3), Estêvão (Atos 7.55), Barnabé (Atos 11.24) e Paulo (Atos 13.9).

Como poderemos ser cheios do Espírito Santo? Seremos cheios do Espírito Santo pela fé, se voluntariamente desejarmos sinceramente ser controlados e fortalecidos pelo Ele (Lucas 11.13; João 7.37-39); confessarmos e agradecermos a Deus por nos haver perdoado todos os pecados – passados, presentes e futuros – porque para isto Cristo morreu por nós (Colossenses 2.13-15; 1 João 1; 2.1-3; Hebreus 10.10-17); e apresentarmos todo o nosso ser e nossa vida a Deus (Romanos 12.1,2). Então, pela fé podemos nos apropriar da plenitude do Espírito Santo, de acordo com Sua ordem “…enchei-vos do Espírito” e confiando em Sua promessa: E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito(1 João 5.14,15).

Mas como permanecermos plenos do Espírito? Lembremo-nos que este é um processo cuja continuidade e eficácia estão calcadas em:

1. Vida de oração (Efésios 3.14), oração individual do crente (1 Reis 8.54; Daniel 6.10; Lucas 22.41; Atos 9.40), oração coletiva da Igreja (Judas 20; Efésios 6.18; Atos 12.12) e oração de intercessão (Romanos 15.30; Efésios 6.19; 1 Samuel 12.23);

2. Fortalecimento constante (Efésios 3.16), do espírito (Lucas 4.14), do homem interior (Romanos 7.22,23; 2 Coríntios 4.16) e segundo as riquezas da glória de Cristo (Efésios 1.7,18; 3.16; Romanos 9.23; 11.33);

3. Profunda comunhão com Cristo (Efésios 3.17), pelo Seu sangue (1 João 1.7), pelo Seu senhorio (João 15.5; Efésios 2.21,22; João 17.23; Gálatas 2.20; Apocalipse 3.20) e pela Palavra (1 Coríntios 1.9);

4. Visão espiritual do amor de Cristo (Efésios 3.18,19), pelo conhecimento (Efésios 5.2), pela compreensão (1 Coríntios 13.13; Gálatas 5.22) e por nossas raízes neste amor (Mateus 13.6; Romanos 5.5);

5. Utilização do que temos recebido (Efésios 3.20,21), pelo poder que opera em nós (Efésios 1.19; Colossenses 1.29) e pela consecução da plenitude de Cristo (Efésios 4.13; 5.18).

Todos nós lamentamos – como Paulo em Romanos 7.15-19 – estar submetidos à luta constante entre a nossa velha criatura e a nova, e somente pelo poder do Espírito Santo poderemos viver uma vida que glorifica a Deus. Mas Jesus também prometeu-nos o poder do Espírito para capacitar-nos a servi-lO: mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.” Pedro, no dia de Pentecostes, estava tão cheio do Espírito quando pregou, que 3.000 pessoas foram convertidas.

Quais são as características do crente cheio do Espírito? Paulo, em Efésios 5.15-21 nos exorta para que: andemos prudente e sabiamente (verso 15), no caminho que Deus nos mostrou, sem desviarmo-nos para a esquerda ou para a direita; aproveitemos o tempo da melhor forma que possamos (verso 16), pois o tempo pode ser perdido, porém nunca recuperado; procuremos compreender a vontade do Senhor (verso 17), e é através da Palavra que descobriremos qual é “a boa e perfeita vontade de Deus”; cantemos um novo cântico (verso 19), afinal fomos remidos – lavados no sangue do Cordeiro – temos portanto razões de sobra para cantar; demos sempre e por tudo graças a Deus (verso 20), pois o crente cheio do Espírito é uma pessoa agradecida, que ao orar agradece muito mais do que pede; sujeitemo-nos aos outros no temor de Cristo (verso 21), e como Paulo recomendou em Filipenses 2.3, “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo”.

Deus quer que estejamos mais próximos de Cristo, mais assemelhados a Ele, e para isto é essencial que o Espírito Santo assuma total controle de nossa vida. Irmãos, precisamos estar conscientes de que “…enchei-vos do Espírito” não é uma exortação opcional, mas sim uma ordem para ser obedecida e renovada a cada dia de nossas vidas.

Senhor Deus, sabemos que a obediência à Tua determinação para enchermo-nos do Espírito não é de nossa livre escolha. Ajuda-nos a que dia após dia estejamos nos santificando e perseguindo persistentemente o objetivo de nos assemelharmos a Cristo Jesus. É em nome d’Ele que oramos agradecidos. Amém.

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Tipologias Humanas

A Bíblia, ao longo de suas páginas, nos mostra que existem no mundo três espécies de pessoas:

a primeira delas é  o Homem Natural, que é aquele que ainda não recebeu a Cristo, e sobre quem Paulo em 1 Coríntios 2.14, diz: Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. O homem natural tem a vida controlada pelo próprio eu, que é o centro de sua vida, por isso suas ações e atitudes produzem sempre discórdias e frustrações.

A segunda é o Homem Espiritual, que conhece a Cristo e tem a sua vida dirigida pelo Espírito de Deus. Em 1 Coríntios 2.15,16, Paulo faz a comparação: Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo.” O homem espiritual tem sua vida controlada por Cristo, e assim seu eu é periférico e dependente do Senhor. Suas ações e atitudes são então controladas por Cristo, o que resulta em plena harmonia e compatibilidade com o agir de Deus. É cristocêntrico, é dirigido pelo Espírito Santo, conduz outros a Cristo, possui vida efetiva de oração, conhece a palavra de Deus, confia em Deus, obedece a Deus, vive expressando amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.

A terceira espécie de pessoa é o Homem Carnal, aquele que já recebeu a Cristo, mas vive em derrota, porque confia em seus próprios esforços para viver a vida cristã. Paulo se refere a ele em 1 Coríntios 3.1-3, dizendo: Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais. Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?O homem carnal também tem a vida controlada pelo seu próprio eu. Desta forma, o eu é o centro de sua vida, Cristo está destronado, e suas ações e atitudes, controladas pelo eu, não têm sintonia com o plano de Deus, por isso resultam em erros, infelicidade, discórdias e frustrações. O homem carnal não pode experimentar vida cristã abundante e frutífera, porque confia em seus próprios esforços para vivê-la. Parece não estar informado ou simplesmente encontra-se esquecido a respeito das questões relativas ao amor de Deus, ao seu perdão e ao seu poder, como a Palavra expressa em Romanos 5.8-10; Hebreus 10.1-25; 1 João 1; 1 João 2.1-3; 2 Pedro 1.9 e Atos 1.8. Geralmente sua experiência espiritual é descontínua, cheia de altos e baixos, e assim deixa de receber o poder do Espírito Santo para viver a verdadeira vida cristã, o que a Bíblia aponta em 1 Coríntios 3.1-3; Romanos 7.15-24; 8.7; Gálatas 5.16-18. O homem carnal apresenta algumas das características que o identificam como um cristão que não confia plenamente em Deus: ignorância de sua herança espiritual, incredulidade, desobediência, falta de amor a Deus e aos outros, vida pobre de oração, falta de desejo de estudar a Bíblia. Paralelamente demonstra atitudes legalistas, pensamentos impuros, ciúmes, inveja, preocupação, desânimo, espírito de crítica, frustração, falta de propósito na vida.

A pessoa que se diz cristã algumas vezes precisa fazer um exame de consciência, balizando e ajustando cuidadosamente sua conduta com o que a Palavra determina, especialmente em 1 João 2.1-4; 3.6,9 e Efésios 5.5.

Jesus prometeu vida abundante e frutífera como resultado da plenitude, isto é, do controle e do poder do Espírito Santo na vida do crente.

Vida cheia do Espírito é vida dirigida por Cristo, que vive Sua vida em nós e através de nós, no poder do Espírito Santo (João 15). Ser cheio do Espírito significa ter uma experiência pessoal com o próprio Deus, mediante a participação efetiva da virtude, da operação, do fruto, dos dons e do ministério do Espírito Santo; significa render-se incondicionalmente a Deus e ser usado por Ele com a disposição de pagar o preço; significa atingir uma condição tal, que Deus pode dirigir sem reservas sua vida, a partir de uma disponibilidade integral para o Seu serviço; significa viver a plenitude da graça, do gozo e da autoridade do Espírito, tão bem exemplificados em Atos dos Apóstolos; significa dar absoluta prioridade ao Espírito nas coisas referentes ao corpo, à alma e ao espírito (1 Tessalonicenses 5.23); significa viver exclusivamente para Deus, sem a adoção de hábitos monásticos ou de reclusão ascética, mas buscando sempre “…as coisas lá do alto…” (Colossenses 3.1; Gálatas 2.20); em suma, significa ser um Homem Espiritual.

Uma pessoa se torna cristã e nasce de novo através do poder do Espírito Santo, conforme Jesus ensinou em João 3.1-8. Desde o novo nascimento, o Espírito habita permanentemente no cristão (João 1.12; Colossenses 2.9; João 14.16,17), mas embora Ele habite em todos os cristãos, nem todos são cheios (vivem sob o controle) do Seu poder, como deveriam ser, para atender à vontade de Deus.

Mas como ser cheio do Espírito Santo? Na próxima semana conversaremos sobre esta questão fundamental para a nossa vida cristã.

Pai de Amor, queremos ser homens e mulheres espirituais, cristocêntricos, porque sabemos que só assim estaremos sendo fiéis à Tua vontade. Em nome de Teu Filho Amado oramos. Amém.

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