outubro 2013

Escolhas

Por Miguel Herrera e Roland Körber

Há alguns anos eu concorria a uma determinada vaga quando o entrevistador me perguntou como tomava minhas decisões. Interessado em impressionar bem, falei sobre uma criteriosa avaliação de prós e contras, talvez até fazendo uma listinha comparativa. Comentei sobre pensar muito e fazer uma escolha consciente e sábia. Mas isto não é verdade, ou melhor, não toda a verdade. A resposta correta seria uma pergunta: a que tipo de escolha o senhor se refere? Porque na verdade muitas das minhas decisões são tomadas inconscientemente ou quase, enquanto algumas podem levar a dias de ponderação, opinião de amigos, consulta a especialistas e quem sabe, até a tal listinha.

Há caminho que parece certo ao homem, mas no final conduz à morte.[1]

Quando percebo que estou diante de uma escolha séria, além de procurar usar todos os recursos disponíveis para dar suporte à decisão, costumo levar a questão em oração a Deus pedindo por sabedoria, ou seja, discernimento, pois como diz o ditado “nem tudo que reluz é ouro”.

Pois o Senhor é quem dá sabedoria; de sua boca procedem o conhecimento e o discernimento.[2]

Mas o problema maior se refere às “pequenas” decisões do dia-a-dia, tomadas automaticamente, sem que nem ao menos eu perceba que estou decidindo alguma coisa. Lembro da propaganda de remédio para contusões em que personagens diversos sofrem tombos espetaculares. Cada uma daquelas quedas cinematográficas acontece em circunstâncias absolutamente ordinárias do dia a dia. Ninguém ficou considerando se descia ou não do ônibus em movimento… Os grandes tombos da vida acontecem em decorrência de decisões quase inconscientes, ou automáticas.

Mas uma decisão inconsciente não quer dizer que não seja fruto de reflexão. Invariavelmente essas decisões ditas “automáticas” se baseiam em experiências prévias e em modelos mentais, em atribuição de valor já previamente estabelecida; isto é, de certa forma, foram previamente decididas. No caso do sujeito que desce do ônibus em movimento, baseia-se na pressuposição de que o corpo será suficientemente forte e ágil para evitar um tombo espetacular. Reações automáticas nem sempre são tão automáticas assim. Quando “automaticamente” resolvo correr de uma ameaça, é porque antes aprendi a identificar aquela situação como perigosa. Igualmente quando impulsivamente decido comer algo, o faço porque antes disto em minha mente já havia decidido que aquilo é bom. Assim sendo, acredito que nossa mente está permanentemente em prontidão para decisões, e que muitas dessas decisões ditas inconscientes são perigosíssimas (por exemplo, é assim que acontecem determinados crimes impressionantes).

Isto mostra a importância do pensamento. O que penso tem grande influência na forma como minha vida se desenvolve, pois de certa forma define antecipadamente as inúmeras decisões inconscientes. Cabe a cada um de nós “regular” a sua forma de pensar para que as decisões sejam as melhores. Quer uma boa sugestão de “setup” mental?

Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas.[3]

[1] Provérbios 14.12

[2] Provérbios 2.6

[3] Filipenses 4.8

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