“O SENHOR firma os passos do homem bom e no seu caminho se compraz; se cair, não ficará prostrado, porque o SENHOR o segura pela mão”. Salmos 37.23-24 (ARA)
Sempre que atravessamos os áridos vales da tribulação, o Senhor nosso Deus, em Sua misericórdia, graça e amor supremos, está ao mesmo tempo nos concedendo a preciosa oportunidade de exercitar a virtude da reflexão, nos remetendo à sabedoria do Pregador em Eclesiastes 3.1 quando afirma que “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu”, ao alerta de Provérbios 19.2 que ensina que “Não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado”, mas em especial ao que Paulo em Romanos 12.2 ensina que deve estar firmemente enraizado em nós: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
É nesses momentos duros, sofridos e incertos que tantas vezes nos sobrevêm, que somos convidados a colocar na perspectiva correta a nossa própria vida, nossas atitudes e nossas responsabilidades, reavaliando e reajustando rumos e condutas para que se conformem com aquilo que Deus, o nosso Amoroso e Onipotente Pai, tem nos prescrito por meio de Sua Palavra inerrante. E é nela que encontramos a ordem divina pronunciada por Moisés ao Seu povo em Deuteronômio 4.39: “… hoje saberás e refletirás no teu coração que só o SENHOR é Deus em cima no céu e embaixo na terra; nenhum outro há”.
A primeira certeza que nos deve povoar a mente, portanto, é que tudo no universo está sob o controle perfeito e soberano do Senhor, e que Ele dedica um cuidado muito especial e particular ao Seu próprio povo a quem protege e orienta, como reitera Eclesiastes 9.1, asseverando que “… os justos, e os sábios, e os seus feitos estão nas mãos de Deus…”, e assim podemos nos regozijar e louvar a Deus como Davi no Salmo 59.16: “… cantarei a tua força; pela manhã louvarei com alegria a tua misericórdia; pois tu me tens sido alto refúgio e proteção no dia da minha angústia”.
Isto implica também em que todas as atividades dos Seus são por Ele administradas visando o bem deles; que todos os atos justos, piedosos e sábios praticados por Seus filhos estão em Suas mãos para serem recompensados, seja nesta jornada transitória que empreendemos na terra, seja na vida eterna; que mesmo que pareça que o mal nos esteja afligindo sem controle, na verdade as aflições nunca deixam de obedecer a Seu propósito soberano para todos e cada um de Seus filhos. E ainda que em princípio possam parecer incompreensíveis, destinam-se a nos encorajar e despertar para que O busquemos mais assiduamente.
A segunda certeza que devemos ter é a de que muito importa refletirmos sobre as circunstâncias que no presente vivemos: estamos realmente agindo em conformidade com a nossa condição e privilégio de filhos Seus, seguindo nos caminhos por Ele traçados e atendendo àquilo que sabiamente Paulo admoesta em Efésios 5.15-16: “… vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus”? E assim examinando-nos cuidadosamente e reanimados pelas palavras de Paulo no mesmo livro de Efésios 6.10, ao abençoar-nos para que nos sintamos “… fortalecidos no Senhor e na força do seu poder”, devemos nos manter em oração rogando que Deus, por meio de Seu Santo Espírito, nos revele o que está desejando nos mostrar, ensinar ou alertar com os árduos desafios a nós propostos.
A terceira certeza que devemos portar dia após dia é que, como verdadeiros filhos do Pai Eterno vivemos uma guerra permanente contra satanás e as hostes por ele lideradas que tentam impedir que sirvamos a Cristo, empregando para isto todas as armas malignas de que dispõem – até mesmo usando não crentes – para tentar colocar cada crente fora de combate. E quanto mais atuantes formos no serviço do Senhor, tanto mais sentiremos os ataques ferozes do inimigo de nossas almas, pois o maligno não desperdiça munição com cristãos nominais. Além disso, sabemos que, contando apenas com nossa própria força, não conseguiremos vencer o diabo, por isso devemos estar sempre fortalecidos no Senhor e nos abundantes recursos da Sua força, porque “… Deus escolheu (…) as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes…” (1 Coríntios 1.27b), o que é complementado pelo alento que nos traz a afirmativa de Paulo em 2 Coríntios 12.10b: “… Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte”.
A quarta certeza a ser cultivada pelo cristão é a de que Deus a cada membro de Sua família concedeu pelo menos um dom para ser usado no serviço a ser prestado a Ele, e não para ser simplesmente enterrado, como fez o terceiro servo da parábola dos talentos relatada por Jesus em Mateus 25.14-30. Lá o servo que havia recebido um talento e o escondeu na terra é repreendido pelo Mestre que o considerou “… servo mau e negligente…” (v. 26), dando a seguir a ordem implacável (vv. 28-30): “Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez. Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes”.
Jesus nos adverte por meio desta parábola que nos será duramente cobrado o não uso dos dons que nos foram outorgados, e esta falta será objeto de severa condenação por preguiça, desobediência e negligência, como Paulo alertou seu discípulo Timóteo em 1 Timóteo 4.14: “Não te faças negligente para com o dom que há em ti…”. Por este motivo não temos o direito de ser meros espectadores da vida, mas sim ativos e responsáveis participantes da grande empreitada da construção do Reino de Deus, tal como Ele planejou amorosamente desde antes dos tempos eternos.
A quinta certeza que temos é a de que – como Jesus nos ensinou em Lucas 6.45 – “… a boca fala do que está cheio o coração”. Tudo o que através da mente deixamos chegar a nosso coração determina o que iremos expressar por meio de palavras e atitudes. Por isso Paulo em Filipenses 4.8 (NTLH) aconselha: “… meus irmãos, encham a mente de vocês com tudo o que é bom e merece elogios, isto é, tudo o que é verdadeiro, digno, correto, puro, agradável e decente”.
Em tempos tão turbulentos como os que ora vivemos, em que os meios virtuais de comunicação possibilitam contatos e envios de mensagens de texto, áudio e vídeo de forma praticamente instantânea e a TV é quase onipresente, devemos cuidar para que esta saturação de informações – muitas negativas e/ou não confiáveis – impregnem e turbem nossas mentes e corações de forma deletéria. E a única forma de sermos purificados é substituindo a absorção das muitas vezes infames informações humanas pela riqueza e limpidez incomparáveis da Palavra de Deus.
Por todas estas certezas elencadas, resta-nos uma atitude de humilde, firme e consciente questionamento de nossas próprias ações: o que devemos fazer para amar mais a Deus e ao nosso próximo? E a sermos servos mais úteis e fiéis dEle? E termos a conduta que sabemos que O agrada? E amarmos a nós mesmos como Ele deseja que nos amemos?
Como agirmos sempre como verdadeiros filhos de Deus? Como vivermos em perfeita harmonia com Deus, conosco mesmos e com nossos semelhantes? Como ter um olhar amoroso e complacente para com todos à nossa volta? Há um só caminho: a oração contrita e incessante ao Pai, rogando que o Seu Espírito nos cure de todos os males e promova em nós a transformação que Ele planejou para nós como um processo contínuo que Paulo em Romanos 6.22 dirige a todos os salvos: “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna…”.
Que tenhamos hoje e sempre presente em nossas mentes e corações que o Deus de amor, que é todo amor e tudo criou por amor, continua dirigindo a Sua criação com amor e deseja que vivamos em amor, amando a Ele e sendo amados por Ele e uns pelos outros.