A JORNADA
O mundo parece cada vez mais hostil à maioria dos seus habitantes, sobretudo, no entanto, àqueles que seguem e servem a Deus, que por isso agem em franca oposição aos princípios, conceitos e valores seculares. A eles em muitos lugares está reservada a perseguição, o ódio, o desprezo e até a morte, cumprindo o que Jesus predisse em João 15.18-19 quando afirmou que “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia”.
E é até compreensível que assim seja, porque a pessoa que não conhece a Palavra de Deus e que, portanto, está afastada do Senhor, coloca-se totalmente nas mãos do maligno, pois não há meio-termo, não existe muro de separação em que se possa ficar em cima: ou se é de Deus, – seguindo em Seus caminhos verdadeiros, obedecendo à Sua Palavra e agindo como Jesus ensinou, – ou do diabo.
Em Sua magnífica Oração Sacerdotal, na passagem de João 17.14-16, Jesus assim roga ao Pai por nós: “Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou”.
Através de Sua prece o Senhor nos mostra que o novo nascimento implica numa divisão radical no seio da humanidade, onde os crentes verdadeiros, apesar de continuarem vivendo no mundo, não pertencem realmente a ele. Além disso, alerta-nos que o mundo nos odiará como odiou a Ele, mas não pede ao Pai que nos proteja de sofrimento levando-nos imediatamente ao lar celestial, e sim que sejamos guardados do mal, porque é fundamental que continuemos aqui na terra a fim de crescermos em graça e testemunharmos dEle.
Explicando para Seus discípulos a parábola do trigo e do joio, o primeiro elemento representando os verdadeiros cristãos, e o outro os meramente professos, relatada em Mateus 13.24-30, Jesus nos versos 37-39 esclarece que “… O que semeia a boa semente é o Filho do Homem; o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno; o inimigo que o semeou é o diabo…”.
Satanás tem uma imitação para cada realidade divina, e no mundo ele semeia pessoas que parecem, falam e até certo ponto agem como discípulos de Jesus, mas a interpretação da parábola nos mostra que a única pessoa que tem o direito de julgar é Deus, pois só Ele consegue discernir perfeitamente entre o bem e o mal, por isso é inevitável que convivamos no mundo com falsos discípulos Seus que só Ele distingue.
Nossa vida aqui na terra assemelha-se a uma viagem por um território estranho, cheio de perigos, ciladas e desafios, que se empreendermos por nossa própria conta e risco, sem o amparo e a direção de Deus, expõe-nos a termos grande chance de sofrer percalços de vários tipos e níveis de gravidade, envolvendo pecados e as suas consequências deletérias inevitáveis, especialmente as de ordem espiritual, porque “… o mundo inteiro jaz no Maligno”, como nos adverte 1 João 5.19.
Muitas pessoas são chamadas para viver com Jesus por toda eternidade, mas aquelas que veem o objetivo de sua jornada no mundo como uma busca incessante por sucesso, poder e riqueza material, visando tornar-se o centro das atenções e da admiração, um dia, quando o tempo que Deus lhes conferiu para viver aqui na terra se esgotar e entrarem na eternidade, verão que os tesouros e a sabedoria que angariaram são totalmente inadequados para a vida no céu.
É por esse motivo que Jesus, em Mateus 6.19-21 exorta a que não nos empenhemos a amealhar as coisas materiais sujeitas à decadência ou à perda, mas sim nos dediquemos às imperecíveis coisas do alto: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam, porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração”.
Todo ser humano nasce com um chamado celestial no coração, mas as tentações do mundo dominado pelo maligno levam muitos a fazer escolhas que determinam o tipo de caminho que seguirão na vida: caso escolham fazer a vontade de Deus, conquistarão a verdadeira sabedoria advinda do enfrentamento, – sempre com o Seu divino auxílio, – das lutas e provações inevitáveis da vida, assim adquirindo experiências que são preciosidades só encontráveis no Senhor, e que enriquecerão abundantemente o seu caráter cristão, permitindo-lhes almejar a conquista dos galardões prometidos.
Este tipo de pessoa que percebe a excelência do reino, faz qualquer coisa para possuir tal tesouro de valor inestimável, por isso aprende a abençoar ao invés de amaldiçoar, a amar ao invés de odiar, a servir ao invés de ser servido, a dar ao invés de receber, a viver contente ao invés de insatisfeito. Desta forma, quando sua jornada terreal findar terá acumulado riquezas de sabedoria, amor e misericórdia essenciais ao seu chamado e que serão de grande valor não apenas aqui como no reino dos céus, como Jesus ensina em Mateus 13.44: “O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo”.
Quando chegamos ao mundo nada sabemos, nada entendemos, nada percebemos, porém quando o deixamos poderemos ter adquirido os conhecimentos que Deus deseja que obtenhamos e que residem em nosso espírito, desde que O obedeçamos e sigamos fielmente. Esta será a nossa riqueza por toda a eternidade, é o que Paulo em 1 Timóteo 6.17-19 orienta seu pupilo dizendo: “Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida”.
É lastimável vermos pessoas que, chegando ao fim da jornada da vida afastadas das coisas de Deus, apenas podem contabilizar experiências pecaminosas e sabedoria sobre questões temporais, pois dissiparam suas vidas apenas interessadas em assuntos de ordem material como dinheiro, móveis e imóveis, roupas, comidas, bebidas, viagens e coisas do gênero. Que desperdício de tempo e de vida! Não têm noção de que aquilo com que deveriam ter se ocupado prioritariamente em sua curta passagem pela terra são os assuntos de Deus que agora farão grande falta na verdadeira e eterna vida!
Quando comparecermos perante o Tribunal de Cristo, seremos considerados indignos se O tivermos negado diante dos homens, porém dignos caso O tenhamos confessado, e embora a real natureza das recompensas eternas não nos seja dado conhecer plenamente aqui na terra, a Palavra de Deus nos permite distinguir algumas delas.
O primeiro prêmio que receberemos do Senhor é o Seu louvor, e 1 Coríntios 4.5 assim revela: “Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus”.
O segundo prêmio será o privilégio de reinar com Cristo, como Paulo nos promete em 2 Timóteo 2.11-12: “Fiel é esta palavra: Se já morremos com ele, também viveremos com ele; se perseveramos, também com ele reinaremos…”. Mas não apenas isto, no livro de Apocalipse 3.21, 5.10 e 22.5, o próprio Senhor Jesus afirma que reinaremos com Ele para todo o sempre, e esta posição de autoridade é determinada pela forma como vivemos agora em nossa jornada na terra.
O terceiro prêmio serão as coroas, descritas em cinco tipos com os quais o Senhor nos galardoará se formos considerados aprovados em Seu tribunal (bema): a Coroa da Vida será outorgada àqueles que forem fiéis e O amarem até a morte (Tiago 1.12, Apocalipse 2.10); a Coroa Incorruptível está reservada para os que viverem uma vida vitoriosa, triunfando sobre a carne pelo poder da nova vida em Cristo (1 Coríntios 9.24-25); a Coroa da Alegria é destinada ao ganhador de almas, aquele que se regozija ao ser instrumento de Deus para que alguém seja levado a Ele (1 Tessalonicenses 2.19); a Coroa da Glória é o galardão de Cristo para quem alimenta o rebanho, é a recompensa do Sumo Pastor para todos os fiéis pastores subordinados (1 Pedro 5.1-4); e a Coroa da Justiça, será conferida àqueles que, em esperança, alegria e antecipação à segunda vinda de Cristo, purificarem a si mesmos e amarem a Sua vinda (2 Timóteo 4.8).
Deus permita que todos nós, ao atingirmos o final de nossas carreiras após termos colocado toda a nossa esperança na volta de Cristo, possamos afirmar como Paulo em 2 Timóteo 6-8: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda”.
Senhor Deus, Pai Amado, pela nossa natureza humana tão limitada temos consciência de que é impossível imaginar toda a grandiosidade da vida eterna ao Teu lado, mas sabemos que temos apenas uma vida aqui na terra para nos prepararmos para o encontro conTigo, e rogamos que nos ajude a que neste curto espaço de tempo a nós concedido estejamos permanentemente conscientes de que nosso futuro eterno depende da maneira como o vivamos. Concede-nos, Senhor, a graça de aprendermos maneiras tangíveis de agradar-Te todos os dias, a graça de descobrirmos que o nosso serviço a Ti e seus sacrifícios nunca serão esquecidos, a graça de percebermos os benefícios de vivermos fielmente e de perseverarmos até nos momentos mais árduos de nossa jornada. No nome santo de Jesus assim oramos e agradecemos. Amém.
5 de junho de 2021
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