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FUNÇÃO
Tudo o que Deus concebeu de forma tão prodigiosa desde a fundação do mundo a partir do nada, tem uma função única e insubstituível; nenhuma coisa, em Sua obra perfeita, irretocável, deixa de ter uma finalidade importante, essencial, seja por si só, seja no conjunto da Criação, onde tudo está perfeita e inextricavelmente integrado.
Como exemplo, detenhamo-nos um pouco na observação de uma árvore, apenas uma das incontáveis criaturas prodigiosas que Deus criou aqui na terra. Cada uma de suas partes tem um propósito essencial para o conjunto: a raiz explora o solo, absorvendo a água e os nutrientes necessários à sua existência, e é também a “fundação” que a estabiliza e fixa ao terreno; o caule, ou tronco, faz a interligação entre a raiz e as folhas, transportando a seiva bruta através de um conjunto de vasos condutores, chamado xilema, enquanto a seiva elaborada pelas folhas é conduzida até o restante da planta, por um conjunto de outros vasos chamado floema. A casca que reveste o caule é composta de tecido morto, com a função de proteger os tecidos vivos do vegetal, tanto contra o ressecamento, quanto contra a ação de micro-organismos, insetos, agressões físicas e variações climáticas. As folhas são maravilhosos coletores de luz solar que a utilizam para realizar a fotossíntese, um processo de produção de glicose e oxigênio. Mas as folhas têm ainda outra função: ao captar o gás carbônico para processar a fotossíntese, agem como filtros vivos, liberando o oxigênio na atmosfera e removendo poeira e outras partículas, por isso cada árvore é um extraordinário aparelho natural de ar condicionado que melhora a qualidade do ar, além de absorver os ruídos e o barulho das cidades, e estas são apenas algumas das muitas propriedades que fazem com que sua existência e função sejam fundamentais para a vida no planeta. Adicionalmente, a árvore serve de abrigo para as aves, para outros animais e, por vezes, até para o homem, fornecendo, em dias quentes, o alívio da sombra amiga, da brisa refrescante e das temperaturas amenas; estudos comprovam que sua proximidade com o ser humano tem também um efeito calmante que reduz o estresse do trabalho e a fadiga, e mostram até mesmo que áreas verdes residenciais urbanas bastante arborizadas possuem índices de criminalidade menor, quando comparadas com áreas do mesmo tipo, porém sem arborização; além disso, elas têm o importante papel de complementação da arquitetura e do urbanismo, amenizando e enriquecendo a paisagem, e estas são algumas das muitas funções desta criatura abençoada que Deus criou, da mesma forma como a mim e a você.
O infinito e incompreensível amor de Deus um dia moveu-O a criar o mundo como dádiva ao ser humano, numa manifestação amorosa do Pai Perfeito que ama Seus filhos imperfeitos, apesar de saber que eles nada merecem, a não ser castigo. E este mesmo amor Ele deseja que aprendamos a revelar ao longo de nossa vida, permeando todas as nossas atitudes, pensamentos e ações, para em tudo glorificá-Lo.
Porém, em franca oposição ao plano divino, ao longo da existência desse planeta, muitas pessoas insensata, porém deliberadamente, têm-se dedicado a destruir o que Deus criou de forma tão primorosa, amorosa e harmônica com a função de nos abrigar, deleitar, manter a nossa saúde e viabilizar a nossa existência. São demônios que satanás espalhou por toda a terra com a missão de atacar e devastar a Criação de Deus tão perfeita, maravilhosa, impecável, visando sobretudo os desvalidos: pessoas, crianças, idosos, mas também os doentes, os deficientes, os animais indefesos em meio à natureza e todo o meio-ambiente extraordinário do nosso lar terreal.
O renomado escritor e pregador cristão John Piper neste sentido afirmava que “… este mundo existe para a glória da graça de Deus revelada na obra salvadora de Jesus. (…) O que significa que a razão final de todas as coisas é a comunicação da glória da graça de Deus para o alegre louvor de uma multidão redimida de todos os povos e línguas, tribos e nações”.
Grandes lições o Senhor nos ensina por meio de Seu exemplo formidável de ação, que flui com poder e graça através de toda a Bíblia: Ele mostra que detesta, nas ações humanas, o desperdício, assim como odeia o mal, a hipocrisia, a injustiça, o desamor, a falta da graça, o caos, a desordem e a ausência de planejamento, mas também a inexistência de função, de propósito produtivo e útil em tudo o que façamos, mas sobretudo repudia a falta de objetivos guiados pelo amor a Ele e ao próximo.
E isto fica muito claro no livro de Gênesis, quando nos primeiros versículos trata da origem do mundo e da história humana – que não deve ser confundida com o princípio da eternidade – ao relatar em Gênesis 1.1 que “No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo…”. Embora a terra estivesse temporariamente sem função, às escuras, Deus já tinha planejado a finalidade que teria, mas para isso precisaria, antes de mais nada, que houvesse um elemento fundamental, então ordenou nos versos 3-4: “… Haja luz; e houve luz. E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre a luz e as trevas”.
Qual seria a primeira função da luz? Possibilitar a criação do dia, em contraposição e complementação à noite, então “Chamou Deus à luz Dia e às trevas, Noite…”.
E o Senhor prosseguiu Sua Obra inefável, maravilhosa, criando o firmamento (v.7), a Terra (parte seca), e os Mares (o conjunto das águas), cada um com a sua indispensável função, e considerou tudo bom (v. 10). A seguir determinou que a necessidade prioritária da terra, àquela altura, era produzir vegetação para viabilizar a vida humana e a dos animais que Ele tinha planejado criar (vv. 11-12).
A criatividade divina é inesgotável, e tudo o que Deus concebe, o faz de forma completa e perfeita, então substituiu a fonte de luz do primeiro dia e colocou no firmamento o Sol e a Lua, com a função de distinguir entre o dia e a noite, para servir de guia para orientar os homens, mas também para manifestar julgamentos divinos, – como os que Jesus anunciou em Mateus 24.29 – mas também para iluminar a terra e delimitar as estações do ano (vv. 14-18).
Prosseguindo, Deus criou as faunas aquática e a terrestre (vv. 20-25) para prover de alimento e bem-estar o homem e a mulher que ainda seriam criados como as joias da Sua Criação, dotados da responsabilidade de multiplicar-se, encher a terra e dela cuidar, como também de toda a fauna e a flora (vv. 26-30).
Mas a responsabilidade do homem e da mulher, uma vez que foram idealizados à Sua imagem é, portanto, refletir em si mesmos a Ele, como Paulo louva e esclarece em Romanos 11.36: “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!”.
Então sem qualquer sombra de dúvida, somos levados a concluir que a razão para tudo o que existe, a função última do universo, do mundo, do homem e de todas as coisas criadas, é a glória de Deus! Porém Ele também deseja que desfrutemos eternamente de todo o deleite, de todas as bênçãos que nos proporciona, por isso em 1 Coríntios 10.31 preceitua por intermédio de Paulo: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”.
É importante neste ponto termos a plena consciência de que fomos concebidos para ver a Sua glória, extasiarmo-nos com ela, sermos tocados por ela, e auxiliarmos outros a enxergá-la e dela desfrutarem, conduzindo-os a conhecê-la e amá-la como nós mesmos o fazemos.
Sua maravilhosa Criação está à vista de todos, não há homem que não possa vê-la, porque Deus se dá a conhecer a todos o seres humanos, embora muitos persistam em rejeitar a verdade por sua ignorância deliberada que de antemão os condena. Contudo, apesar da cegueira de muitos, a fabulosa criação divina está aí, à vista de todos, mostrando que “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”, como louva Davi no Salmo 19.1.
O universo infinito, que pouco a pouco vai revelando os prodígios de Deus através do que astrônomos têm trazido a lume graças às novas tecnologias empregadas, não fornecem qualquer escusa àqueles que insistem em não querer ver o óbvio. Ao contrário, reforçam a condenação de Paulo em Romanos 1.20-21: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato”.
Oremos a Deus, pois, para que nos conceda, por meio de Seu Santo Espírito, a sabedoria de que tanto necessitamos para que jamais tenhamos atitudes insensatas, contrárias ao que Ele espera, e que nos afastam do propósito maiúsculo que tem para a Sua Criação e para cada um de nós per se, e assim possamos obedecer fielmente ao que a Sua Palavra nos exorta em Efésios 5.1,16: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; (…) remindo o tempo, porque os dias são maus”.
Senhor amado, ensina-nos a que tudo o que façamos, pensemos, digamos, criemos, guardemos e doemos, tenha, acima de tudo, uma função relevante na construção do Teu Reino, e que nada do que intentemos fazer seja desprovido de utilidade, lembrando-nos sempre que devemos bem empregar o tempo, os recursos e os dons que nos outorgasTe. Dá-nos, Pai, a sabedoria que vem de Ti, para que saibamos levar a cabo, durante nossa jornada terreal, as responsabilidades que nos conferiste através da Tua Palavra e da Tua Criação, ao fazeres de nós instrumentos da Tua graça. É desta forma que oramos, com inefável gratidão em nossos corações, no Nome Santo de Jesus. Amém.
14 de janeiro de 2023
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