Como os Crentes de Bereia

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Como os Crentes de Bereia

Recentemente uma importante igreja nos Estados Unidos instalou um sistema de efeitos especiais para produzir fumaça, fogo, faíscas e raios laser que custou meio milhão de dólares. Ao término do culto, o oficiante é elevado às alturas por meio de fios invisíveis que o tiram da vista da platéia, enquanto o coral e a orquestra fazem um fundo musical espetaculoso, em meio a muita fumaça, fogo e jogo de luzes. Inquirido pela imprensa sobre como se sentiu com tanto avanço tecnológico em sua igreja, um dos membros mais antigos e respeitados da comunidade respondeu: “O ‘show’ foi fantástico, mas ninguém saiu arrependido de seus pecados nem com a vida transformada pelo poder de Deus, porque ao invés de ser valorizado o essencial – a Palavra do Senhor, que é o alimento espiritual imprescindível – foi dada importância apenas ao dispensável!”

Este é um exemplo claro da adesão de uma igreja oportunista ao mundanismo dos dias de hoje, como Jesus ensinou a respeito da semente lançada por entre os espinhos, na Parábola do Semeador, em Mateus 13.22: “…mas os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e a cobiça doutras coisas, entrando, sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.” Em contraposição, atendendo ao que o Senhor ensinou no verso 23, a palavra frutífera foi semeada por Paulo e Silas entre os crentes de Bereia. Em Atos 17.10-13, vemos que estudavam escrupulosamente a Palavra, confrontando o que era proferido pelos missionários com as Escrituras, o centro de toda a sua certeza, atenção e crença.

Depois de terem estado em Tessalônica, onde tiveram grandes problemas com os invejosos judeus locais, sendo obrigados a deixar a cidade às pressas, foram então enviados a Bereia, uma cidade no lado oriental das Montanhas Vermion (norte do Olimpo), atualmente chamada Veria. E Lucas então escreve: “Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim.”

Os crentes de Bereia nos legam duas lições preciosas, que demonstram prudência cristã e respeito profundo pela Palavra de Deus: a primeira é que devemos recebê-la com o coração aberto, com boa vontade e profunda reverência, embora ela possa eventualmente ir contra algo que estejamos fazendo ou planejando fazer. Depois, devemos avaliar a sua veracidade, confontando o que está sendo pregado, escrito ou dito, com as Sagradas Escrituras.

Todo falso ensinamento deve ser repelido e combatido. O Novo Testamento nos diz que assim fez nosso Senhor, e que todos os apóstolos igualmente o fizeram, e que eles se opuseram e advertiram as pessoas contra isso. No entanto, nestes dias de prevalência do relativismo da cultura pós-moderna, algumas pessoas dizem que não devemos ser “radicais”, e que deveríamos ter a mente aberta para aceitar uma interpretação aparentemente positiva da verdade, embora falsa.

Um exemplo desta postura equivocada e perigosa é o livro “A Cabana”, ultimamente muito badalado nos meios cristãos, cujas vendas já somam alguns milhões de exemplares. Mas, ao mesmo tempo que o romance quebra recordes de vendas, ignora e reduz a pedaços a compreensão tradicional de Deus e da sã doutrina cristã. O autor é William P. Young, que aderiu anos atrás ao “universalismo cristão”, e vem defendendo essa visão em várias oportunidades. Conquanto frequentemente rejeite o assim chamado “universalismo geral”, isto é, a idéia de que “todos os caminhos levam a Deus”, ele tem reafirmado que todos serão reconciliados com Deus, seja deste lado da morte, seja do outro, independentemente de sua conduta na vida terreal. O “universalismo cristão”, também conhecido como a “reconciliação universal”, afirma que o amor de Deus vai além da morte física para salvar todos aqueles que recusaram a Cristo durante o tempo em que viveram. De acordo com esse conceito, mesmo os anjos caídos e o próprio diabo, um dia se arrependerão e entrarão no céu, o que vai frontalmente contra o que afirmam as Escrituras em vários livros do Novo Testamento (por exemplo, Mateus 10.15, 11.2, 12.36; Lucas 11.32; João 5.24, 5.29, 12.31, 16.11; Atos 24.25; Romanos 2.2-3, 2.5, 3.19; 2 Tessalonicenses 1.5; Hebreus 9.27; 2 Pedro 3.7; 1 João 4.17; Judas 6, 15; Apocalipse 14.7, 15.4, 16.7, 19.2), e especialmente 2 Pedro 2.4: “Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno, e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo;”

James B. DeYoung, doutor em Teologia, professor de Literatura e Linguagem do Novo Testamento do Western Seminary em Portland, Oregon, e escritor cristão renomado, analisando o livro, diz: Muitos têm apontado erros teológicos que acharam no livro. Eles encontram falhas na visão de Young sobre a revelação e sobre a Bíblia, sua apresentação de Deus, do Espírito Santo, da morte de Jesus e do significado da reconciliação, além da subversão de instituições que Deus ordenou, tais como o governo e a igreja local. Mas a linha comum que amarra todos esses erros é o Universalismo Cristão. Um estudo sobre a história da Reconciliação Universal, que remonta ao século III, mostra que todos esses desvios doutrinários, inclusive a oposição à igreja local, são características do Universalismo. Subscrevemos o ensinamento prevalecente que discorda de advertências e críticas ao falso ensinamento? Você concorda com aqueles que dizem que um espírito de amor é incompatível com a denúncia crítica e negativa dos erros gritantes, e que temos de ser sempre positivos? A resposta mais simples a tal atitude é que o Senhor Jesus Cristo denunciou o mal e os falsos mestres. Repito que Ele os denunciou como “lobos roubadores” e como “sepulcros caiados” e como “condutores cegos”. O apóstolo Paulo disse de alguns deles: “… cujo deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles” (Filipenses 3.19). Esta é a linguagem das Escrituras.”
Devemos estudar séria e honestamente as Escrituras, aceitar e seguir o que elas ensinam, sem nos importarmos com as conseqüências, seguindo o modelo que Davi traça do cidadão dos céus no Salmo 15.1-4: “Quem, Senhor, habitará no teu tabernáculo? Quem há de morar no teu santo monte? O que vive com integridade, e pratica a justiça, e, de coração, fala a verdade; o que não difama com a sua língua, não faz o mal ao próximo, nem lança injúria contra o seu vizinho; o que, a seus olhos, tem por desprezível ao réprobo, mas honra aos que temem ao Senhor; o que jura com dano próprio, e não se retrata;”
Deus experimenta nossos corações pela resposta que damos à Sua Palavra; quem quiser fazer Sua vontade deve entender o que Jesus afirmou em João 7.17. Mas é preciso coragem para aceitar e seguir conclusões por vezes impopulares, ainda que verdadeiras.
Senhor, Deus e Pai, dá-nos a coragem e o discernimento para nunca aceitarmos qualquer palavra que não tenha base e não se confirme na Tua Santa Palavra, as Escrituras Sagradas. Como decorrência, que nossas atitudes cristãs sempre reflitam as Tuas ordenanças e mandamentos. Em nome de Jesus. Amém.

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7 Comentários
  • Noemy

    16 de maio de 2011 at 22:07

    Nanny e Winston,
    Como sempre a mensagem é nota 10 e eu assino embaixo.
    Temos que cuidar para não nos enganarmos com interpretações erradas sobre as Escrituras. Sabemos que o Pai nos dá muitas oportunidades de aceitarmos a salvação através do sacrifício de Cristo aqui na terra, e só aqui, porque depois da morte não tem volta.
    Beijos, Noemy.

    • Nanny & Winston

      18 de maio de 2011 at 20:10

      Noemy, irmã querida,
      Como sempre, seus comentários são daquele tipo que só nos deixa uma alternativa – estes sim – assinar embaixo!

  • Paulo

    18 de maio de 2011 at 12:20

    A mensagem é para uma reflexão séria e foi bem colocada, devemos estar atentos para não sermos levados a doutrinas que só enchem o ventre.
    Temos que ficar atentos também quanto à apostasia, que é o último estágio antes da volta de Cristo.
    Nota: Discordo da Noemy (no bom sentido) sobre a nota; e diria que é 9, porque 10 é só Jesus.
    Forte abraço.

    • Nanny & Winston

      18 de maio de 2011 at 20:01

      Querido Paulo,
      Obrigado por seus sempre bem postos comentários e observações. Quanto à nota…bem, ao Senhor toda a honra e toda a glória!

  • Francisco Araújo

    17 de novembro de 2013 at 14:39

    Muito bom o texto. Li o livro A cabana e de fato,é um lixo. Sou oriundo do mormonismo e fico triste ao saber como tem ideias de seita em nosso arraial. Seria muito bom essa ideia do Universalismo onde todos sempre acabaram bem. Mas ao considerar a Palavra e seu desfecho final, bem sabemos que as coisas não serão assim. O diabo e sua velha estratégia de tentar minimizar o juízo de Deus, e desconsiderar o sacrifício do Cristo.

    • Nanny & Winston

      18 de novembro de 2013 at 15:36

      Prezado Francisco,
      É verdade o que o irmão comenta. Jesus ordenou a nós, Sua Igreja, que invadíssemos o mundo com Sua Palavra e O imitássemos em tudo, no entanto o que se observa com apreensão e desgosto, é que se dá o inverso: o mundo invadindo a Igreja, sob os olhares complacentes dos cristãos.

  • rosimar da silva lima

    8 de dezembro de 2014 at 18:04

    tudo que eu precisava saber encontrei aqui obrigada que o senhor Deus continue nus abençoando…sempre amem.

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