Memorial Eterno
No período do Brasil Colônia, a Coroa Portuguesa cobrava impostos altíssimos sobre todo o ouro e as pedras preciosas extraídos do solo nacional. Para deixar de pagar os tributos escorchantes, os que estavam envolvidos nesse tipo de exploração – governadores, escravos e clérigos – colocavam as riquezas no interior de imagens de santos para burlar a fiscalização, e assim conseguir passar pelas barreiras colocadas nas estradas. Desta forma foi cunhada a expressão brasileira santo do pau oco, para designar pessoas dissimuladas, que para enganar os menos avisados fingem uma santidade que efetivamente não possuem.
Os ídolos são santos do pau oco, iludindo a muitos que vêm o exterior falsificado mas não conseguem perceber o que vai no íntimo daquela estátua, imagem ou pessoa, e muito menos discernem toda a afronta a Deus que a idolatria encerra. Outras vezes os ídolos – de madeira, gesso, papel, cerâmica, pedra, carne ou de que matéria sejam – se prestam a engodar pessoas que desconhecem a Palavra de Deus, e se deixam levar por ensinamentos falsos, equivocados, anti-bíblicos, portanto contrários às ordenanças divinas, e que por isso desagradam profundamente ao Criador e a elas acabam acarretando graves consequências.
O homem tem construído em suas cidades, ao longo das eras, santos do pau oco, monumentos expressos pela matéria, esculturas, estatuarias, que homenageiam heróis nacionais, figuras locais ilustres ou que comemoram acontecimentos importantes, que – pasmem – atingiram o extremo absurdo de reverenciar o próprio inimigo de Deus e de nossas almas: no parque O Retiro em Madri, na Espanha, existe uma fonte chamada do Anjo Caído, cuja estátua principal representa o diabo; no Brasil também temos nosso monumento à apostasia: em Salvador, Bahia, no Dique do Tororó, há um monumento a todos os orixás, em número de oito demônios, que é apenas mais uma entre as várias espúrias e permanentes manifestações sincréticas aceitas como expressões do “folclore” local, como se isto pudesse garantir o beneplácito do Pai.
Biblicamente, a aliança que Deus fez com o homem, firmando-a com Adão e Eva no Éden, é a primeira manifestação do Seu soberano beneplácito; a segunda foi com Noé após o dilúvio, e como geralmente acontecia com as alianças bíblicas, foi confirmada por um símbolo visual, o arco-íris, que podemos considerar como sendo o primeiro memorial eterno.
Um memorial humano é meramente uma referência visível à memória, à lembrança, uma espécie de símbolo ou registro de alguém ou de algum acontecimento importante, erigido para fazer recordar aquele evento. Mas nós cristãos devemos ter em mente que um memorial, no entendimento bíblico, é uma lembrança eterna, algo que jamais deve ser esquecido, como Isaias 55.13 testifica: “… será isto glória para o SENHOR e memorial eterno, que jamais será extinto.” A característica do memorial eterno é nunca representar a imagem de alguém – o que seria manifesta idolatria – ao contrário dos memoriais que vemos hoje em dia na maioria das cidades, em especial as dos países latinos, pródigas de monumentos mundanos submetidos aos conceitos e propósitos daquele que os inspirou, o dono do mundo, satanás, que para afrontar a Deus, sempre estimula a auto-emulação humana.
Quando da instituição da Páscoa, em Êxodo 12.14 o SENHOR ordenou a Moisés e a Arão na terra do Egito um memorial eterno:“Este dia vos será por memorial, e o celebrareis como solenidade ao SENHOR; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.”
Um dos memoriais eternos do cristianismo é a Ceia Memorial do Senhor, ou apenas Ceia do Senhor. Trata-se de uma celebração realizada quando a Sua Igreja se reúne para trazer à memória que – numa demonstração de amor inigualável a nós pecadores – Jesus entregou Sua vida, Seu sangue foi derramado na cruz, Seu corpo foi moído e traspassado por nossas iniqüidades, levou sobre Si próprio o castigo que nos trouxe a paz, e fez-se maldição em nosso lugar, como em Isaias 53 o profeta registrou de forma primorosa.
A Ceia foi instituída pelo Senhor após a celebração da Páscoa, como está registrado em Mateus 26.26-28, Marcos 14.22-24, Lucas 22.19-20 e em 1 Coríntios 11.23-25. Desta maneira, a Páscoa está para os judeus assim como a Ceia está para a Igreja de Cristo; a Páscoa é memorial da libertação dos judeus do cativeiro egípcio, enquanto que a Ceia é memorial da libertação do cativeiro espiritual; a Páscoa é estatuto perpétuo para os judeus, da mesma forma que a Ceia é memorial eterno para o Corpo de Cristo.
As bênçãos, as dádivas e as graças que recebemos do Senhor todos os dias, a todo o momento, são em tão grande quantidade, que seria virtualmente impossível a cada uma delas dedicar um memorial. Talvez aí esteja a causa de sermos uma geração sem memória, o que vale dizer, uma geração sem história. Costumamos esquecer o que deve ser lembrado, e temos por hábito lembrar o que deve ser esquecido.
Não podemos jamais olvidar o que Jesus revelou em Atos 1.8: que somos o Seu memorial vivo, e o mundo nos deve ver como Suas testemunhas, trazendo-lhe à memória a verdade do Evangelho Eterno.
Senhor Deus e Pai, que as coisas do mundo, o consumismo desenfreado, a busca do prazer a qualquer custo, a falta de foco em Deus que o dominam, nunca nos atraia para descaminhos que nos afastem das verdades de Deus, do nosso alvo e modelo, o Jesus ressurreto, da realidade do Seu Reino e de Sua volta iminente, representados na Ceia Memorial do Senhor. No Seu nome, que é sobre todo o nome, oramos agradecidos. Amém.
Gerson Rodrigues
8 de outubro de 2011 at 0:48No contexto do Memorial Eterno – do tema dos SANTOS DE PAU OCO e PERGUNTE QUE O PASTOR RESPONDE !
Não podemos olvidar que também nós, inclusive protestantes eregemos, adornamos e dentre nós alguns até adoram os templos feitos por mãos humanas, de argamassa e tijolo, onde criamos, elevamos, colocamos ou mantemos pessoas e lhes prestamos honrarias, damos posições, chamando-os e tratando-os com deferência e destaque, e títulos como “Mestres, Reverendos, Doutores”, esquecendo de que Jesus disse que não deveria haver REVERÊNCIA entre nós e a adoração seria devida somente a DEUS que, não negocia essas com as pessoas, criaturas nem objetos (como no texto) e nós, apenas ajuntamentos de “PÓS e OCOS” e, “portanto, como irmãos, roga-nos pelas misericórdias de Deus que sejam oferecidos esses em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; que é o nosso culto racional” e que, assim nossa alma “Não se amolde ao padrão deste mundo, mas transforme-se pela renovação da nossa mente, para que sejamos capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” que, em nosso espírito, nos fará “Não sermo vagarosos no cuidado (com os irmãos); se formos fervorosos no espírito e, assim estaremos servindo ao Senhor” (Romanos 12:1-2,11). DEUS não negocia a SUA glória e, ao longo ou ao final dos tempos, trará a luz tudo o que pensamos e fazemos e dando a justa correção e o castigo, a cada um, pelo que tiver feito ou deixado de fazer, inclusive ter deixado de socorrer e preferencialmente os irmãos carentes (viúvas, órfãos, desempregados, etc) e não enriquecendo a alguns que são mantidos com honrarias, aqueles que deveriam ser como Paulo, os últimos, se forem realmente os escolhidos como verdadeiros servos e designados a serem despenseiros (e não os que recebem espenças) e CANAIS (não RESERVATÓRIOS EM SI MESMOS) – que dedicam e administram bem e, que como presbíteros estejam ministrando a Palavra e dedicando a Oração para o crescimento do corpo e a serviço do Senhor Jesus, esse que, nos dia de sua carne e, mesmo depois, não se atreveu tomar a Glória do Deus Altíssimo, o único que é digno de receber a reverência !
A ELE toda a Glória, Honra e Poder !
SOLI DEO GLORIA !
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