Entre a Palavra e o Ide

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Entre a Palavra e o Ide

No castelo daquele nobre muito rico, era dia de festa: a lufa-lufa era geral, e todos os serviçais corriam de um lado para o outro carregando coisas, como que enlouquecidos para conseguir dar conta dos preparativos do aniversário do patrão. Na hora aprazada, tudo pronto, e o senhor manda chamar a criadagem para receber os presentes que iria oferecer para marcar a data festiva. E foram chegando, primeiro o mordomo, a seguir, pela ordem, o cocheiro, o jardineiro, a cozinheira, a arrumadeira e por fim o garoto de recados. Criadagem perfilada à sua frente, expõe-lhes a alegria de – naquela data tão significativa para todos – poder demonstrar-lhes a gratidão que sentia pelo fiel cumprimento de seus deveres servis, pedindo-lhes entretanto que após o recebimento do presente permanecessem na sala. Disse-lhes que, na verdade, cada um poderia optar pelo recebimento de um dos dois presentes: uma das Bíblias que estavam sobre a mesa ao seu lado, ou um dos saquitéis de dinheiro que haviam sido colocados junto à pilha de livros. Chamado, o mordomo se disse honrado e agradecido, afirmando ao patrão que sua preferência pessoal era pela Bíblia mas que, face ao iminente nascimento de mais um filho, o dinheiro viria em ótima hora para custear tantas despesas imprevistas. O cocheiro apresentou-se em seguida e disse que escolheria a Bíblia, não fora o fato de que era analfabeto e que, portanto, o dinheiro teria muito mais utilidade para ele. A seguir o jardineiro foi instado a fazer sua escolha, e medindo as palavras cuidadosamente, respondeu que infelizmente sua esposa achava-se muito doente e ele precisava do dinheiro para atender àquela emergência. A vez era da cozinheira, que tinha tido tempo suficiente para decidir o que responder enquanto observava os colegas de trabalho, e sem pestanejar informou ao nobre senhor que embora soubesse ler, nunca tivera recursos financeiros para se vestir melhor, e que por isso usaria o dinheiro para comprar um vestido novo. A seguir a arrumadeira, sem delongas, informa ao patrão que já possuía uma Bíblia, e que então optava pelo dinheiro. Finalmente era a vez do mal vestido, tímido e discreto garoto de recados, e o amo, conhecendo sua difícil condição financeira, foi logo concluindo: “Com certeza você escolherá o dinheiro para ajudar sua família, não é?” Ao que o garoto respondeu: “Meu senhor, o dinheiro viria num bom momento, porque minha família passa por algumas necessidades bem urgentes. Mas escolho a Bíblia, porque mamãe sempre nos diz que a Palavra de Deus é mais preciosa que o ouro.” Um tanto surpreso, o nobre então entrega ao garoto o livro que ele, radiante, começa a folhear, quando inesperadamente cai no chão uma moeda de ouro que estava entre as páginas! À medida que ia folheando aquele alentado volume, iam surgindo notas de alto valor que caiam no piso de pedra, provocando espanto em todos, mas fundo arrependimento e vergonha aos criados que haviam rejeitado aquela dádiva e que, um a um foram abandonando o recinto. Então o patrão emocionado segurou ambas as mãos do garoto entre as suas, dizendo-lhe com lágrimas nos olhos: “Meu filho, que o Senhor nosso Deus abençoe muito a você e a toda a sua família, em especial à sua mãe, que tão bem o ensinou a valorizar a Palavra de Deus. Porque Jesus nos disse em Mateus 6.19-21, ‘Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu…; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração’. Vejo que o teu coração está onde deveriam estar todos os corações dos homens: no céu”.

Será que nós sempre valorizamos o grande tesouro da Palavra como deveríamos? Por exemplo, recordemos que somos todos missionários em tempo integral. Estaremos obedecendo ao Ide de Jesus como Ele espera que façamos? Será que um dia poderemos dizer como Moisés em Êxodo 32.32, referindo-se ao povo de Israel,“Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste”, ou como Paulo em 1 Coríntios 9.16, “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!”, ou ainda como John Knox, que fez a famosa oração “Pai dá-me a Escócia senão eu morro”. Será que teríamos a coragem, a fé e a perseverança do pastor George Whitefield, que no século XVIII atravessou o Oceano Atlântico 13 vezes numa pequena embarcação da Inglaterra para a Nova Inglaterra, nos Estados Unidos, com o propósito de anunciar o Evangelho? Ou quem sabe faríamos como o jovem David Brainerd – também no século XVIII – que tendo dedicado sua curta vida a evangelizar os indígenas norte-americanos, aos 29 anos de idade, pouco antes de morrer sobre o gelo, com os pulmões infectados, excretando sangue, orava, “Declaro, agora que estou morrendo, que não teria gasto minha vida de outro modo, ainda que em troca do mundo inteiro”?

Dias atrás por puro acaso deparei um vídeo na internet que fazia a seguinte pergunta: “Você é realmente cristão?”, e continuava perguntando: “Você ora todos os dias, lê a Bíblia, jejua, entrega o dízimo, ama seu próximo como a si mesmo, fala de Jesus para os perdidos, entregaria todos os seus bens, seu conforto, sua vida para ganhar uma alma para Jesus, abriria as portas de sua casa a um estranho só para cuidar dele e lhe falar de Jesus? E prosseguia: “Pessoas e mais pessoas estão indo para o inferno todos os dias… mas você continua tranqüilo, afinal de contas está salvo! Onde você está agora? Talvez esteja em seu lar lendo sua Bíblia de R$ 100,00. Você realmente ama o perdido? Quanto do que ganha investe em missões? Que você tem feito para seu bairro melhorar? Você anda em santidade, ou não perde um capítulo da novela? Sabe o que as pessoas de contexto ‘pós-moderno’ pensam sobre a igreja? Eis uma amostra das respostas: ‘Clube social cheio de regras’, Julia, web designer; ‘Um local, simplesmente’, César, empresário; ‘Não sei, nunca frequentei  uma’, Jorge, modelo homossexual; ‘Máquina de fazer dinheiro’, Flávio, jornalista; ‘Problema…’, Mônica e Regina, tatuadoras e lésbicas; ‘Sistema carcerário’, Fernando, ex-presidiário; ‘Último lugar a se frequentar’, Marcos, ilusionista e viciado em pornografia; ‘Onde se perde a vida’, Luciano, garoto de programa; ‘Comércio espiritual’, Vivian e Paula, ‘casadas’; ‘Buuuuuu!’, Erika, bancária alcoólatra; ‘Fanatismo’, Júnior, professor homossexual; ‘Nada contra nem a favor’, Julio e Samantha, casal praticante de swing.

Certa vez Charles Haddon Spurgeon disse: “Se os pecadores serão condenados, que eles o sejam pelo menos passando por cima de nossos corpos. Se os pecadores hão de perecer, que eles o façam pelo menos tendo os nossos braços a agarrar-lhes os joelhos, implorando que fiquem. Se o inferno tem de ser cheio, que o seja pelo menos contra o vigor de nossos esforços, e não permitamos que ninguém vá para o inferno sem que o tenhamos advertido e por ele tenhamos orado.”
Temos feito algo assemelhado a isto? Será que somos verdadeiramente cristãos? Será que agimos no nosso dia a dia construindo pontes entre a Palavra e o Ide, atravessando o fosso que separa o saber do realizar? Ou será que estamos enganando a nós próprios, fazendo ouvidos moucos àquilo que Paulo advertiu em 1 Coríntios 3.18 (Bíblia NTLH): Que ninguém engane a si mesmo”?

Pai, dá-nos a Tua força para que consigamos aplicar tudo o que a Tua Palavra nos ensina. Não permita, Senhor, que nos acomodemos na nossa zona de conforto, como se Tu não tivesses nos outorgado a missão de ir ao mundo anunciar o Evangelho da Salvação para tantos perdidos. Assim oramos agradecidos no nome de Jesus. Amém.

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6 Comentários
  • Noemy

    10 de outubro de 2011 at 16:23

    WINSTON E NANNY
    TEMOS QUE TER CONSCIÊNCIA, DE QUE O NOSSO DEVER É LEVAR A MENSAGEM DO EVANGELHO,A TODOS OS QUE CONOSCO CONVIVEM E TAMBÉM OLHARMOS PELOS MAIS PRÓXIMOS DE NÓS, O QUE NÃO É MUITO FÁCIL.
    PRECISAMOS ORAR MUITO E NOS ENTREGARMOS NAS MÃOS DE DEUS,PARA QUE ELE NOS ORIENTE COMO AGIR. ABRAÇOS A VOCÊS COM CARINHO.

    • Nanny & Winston

      10 de outubro de 2011 at 17:03

      E também temos que ir a todos os povos, raças e nações! Grande abraço.

  • Welza

    11 de outubro de 2011 at 22:05

    Muito bom o texto. Para mim, mais difícil que falar do Evangelho, é vivê-lo! Em uma sociedade de pessoas estressadas e mal educadas, amar ao próximo passa a ser cada vez mais uma arte. Era fácil amar os próximos quando eles eram sempre simpáticos. rsrsrsr, abraços.

    • Nanny & Winston

      12 de outubro de 2011 at 18:48

      Querida Welza,
      Realmente é um grande desafio, sem o qual por certo não cresceríamos à estatura desejada pelo Pai, “…à medida da estatura da plenitude de Cristo…”

  • Paulo

    12 de outubro de 2011 at 16:08

    Debaixo do sol tudo é vaidade. É apenas entregar o coração para DEUS, o resto é com a TRINDADE.

    • Nanny & Winston

      12 de outubro de 2011 at 18:42

      É verdade, querido Paulo! Que Deus continue a abençoá-lo hoje e sempre!

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