Das Trevas para a Luz

Das Trevas para a Luz

Aos 3 anos de idade Louis -um menino ativo e inteligente que vivia no interior da França -como todo filho que admira seu pai, queria imitá-lo em tudo, principalmente no seu ofício de fabricante de arreios e selas. Um dia apanhou uma sovela e começou a bater numa tira de couro, tentando perfurá-la como via o pai fazendo. Mas o instrumento escapou da pequena mão, atingindo o seu olho esquerdo, cegando-o.  A infecção produzida pelo ferimento estendeu-se para o olho direito, e a cegueira de Louis tornou-se total. O progenitor, pretendendo que o filho tivesse uma vida tão normal quanto possível, matriculou-o na escola, mas o menino se sentia infeliz por não poder ler livros ou escrever como seus colegas. Entretanto era muito esforçado, e com 10 anos de idade ganhou uma bolsa de estudos do Instituto Real de Jovens Cegos de Paris, e ali aprendeu a ler as grandes letras em alto-relêvo dos livros da pequena biblioteca do Instituto, percebendo porém que aquele método de leitura, além de lento, não era prático. Um dia um capitão reformado do exército apresentou no Instituto uma forma de leitura no escuro, que durante a guerra os militares tinham de usar para não alertar o inimigo, consistindo de pequenos furos feitos em papelão – curiosamente por uma sovela – seguindo determinados princípios e disposições para representar os sons básicos da linguagem humana. O agora jovem Louis Braille, entusiasmado, passou a dedicar-se de forma apaixonada ao sistema e logo fez algumas simplificações fundamentais, criando então o método que leva o seu nome, e que tornou a palavra escrita acessível a deficientes visuais em todo o mundo. Deus, em Sua sabedoria infinita – para abençoar multidões de seres humanos privados da visão física – usou um menino mergulhado em trevas para trazer luz para a vida de milhões!

Se observarmos as nossas próprias vidas em perspectiva, provavelmente verificaremos que, da mesma forma como fez com Louis Braille, Ele as entreteceu quais extraordinárias tramas compostas por fios que representam situações, pessoas, desafios, dores, alegrias, tristezas, resultando em fantásticos tecidos multicoloridos que – se entregarmos nossas vidas a Cristo – Ele permitirá que fiquem impregnados pela Sua luz.  Deus nos criou para sermos luzeiros no mundo, assim como previamente já havia criado luzeiros no firmamento, como lemos em Gênesis 1.14. E do mesmo modo que àqueles primeiros luzeiros Deus outorgou a função de fazer separação entre o dia e a noite, nós também fomos criados para apartarmos trevas e luz, escuridão e claridade, dia e noite: “porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas”, disse o apóstolo Paulo em 1 Tessalonicenses 5.5. Mas como exercer a função de luzeiro no mundo? É ainda Paulo que nos ensina em Efésios 5.8-12 (Bíblia de Estudo NTLH): “Antigamente vocês mesmos viviam na escuridão; mas, agora que pertencem ao Senhor, vocês estão na luz. Por isso vivam como pessoas que pertencem à luz, pois a luz produz uma grande colheita de todo tipo de bondade, honestidade e verdade. Procurem descobrir quais são as coisas que agradam o Senhor. Não participem das coisas sem valor que os outros fazem, coisas que pertencem à escuridão. Pelo contrário, tragam todas essas coisas para a luz. Pois é vergonhoso até falar sobre o que essas pessoas fazem em segredo.^”

Luz é sinônimo de boas obras, como Jesus disse em Mateus 5.16. Nosso exemplo de vida, nossas atitudes e nosso comportamento, devem honrar e glorificar a Deus; e não nos iludamos, nossos conflitos – em todas as áreas da vida – ocorrem por não seguirmos o modelo de Cristo. Sermos luzeiros no mundo, significa sermos instrumentos Seus para que a Sua luz – como farol que guia os viajantes perdidos a um porto seguro – conduza as pessoas até Ele, como o apóstolo registrou em 1 Pedro 2.9: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;”

Um grande obstáculo para que nossa luz brilhe reside na nossa atitude de falta de humildade, que se manifesta na maledicência e nos conflitos nos quais eventualmente podemos nos envolver, e que são frontalmente contrários à vontade do Senhor, tal como em Filipenses 2.14 Paulo admoesta: “Fazei tudo sem murmurações nem contendas”. Murmuração revela falta de concordância com os fatos que são controlados por Deus. A saúde de qualquer organização – família, escola, empresa, igreja – padece quando há murmuração entre seus membros. Mas Paulo ensina que é preciso evitar outro hábito deletério – sufocador da luz que vem de Deus – que geralmente está associado à murmuração: a contenda. Enquanto o Corpo de Cristo deve lutar pela unidade, pela paz e pelo amor entre irmãos, a contenda desune, separa, divide. E em Filipenses 2.15 o apóstolo aponta razão decisiva para evitarmos murmurações e contendas: “para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo“.

Senhor Deus e Pai, queremos ser luzeiros no mundo – refletindo a Tua luz, brilhando ao exibir virtudes cristãs que nos façam úteis cooperadores Teus – para assim trazermos o maior número possível de perdidos para a Tua glória. Oramos agradecidos no nome santo de Jesus. Amém.