TV
Algumas manchetes pinçadas aqui e ali recentemente, chamam a atenção para a televisão, este eletrodoméstico que tem se tornado quase objeto de culto nos dias de hoje: “Políticos envolvidos em escândalos voltam ao horário gratuito da televisão”; “Televisão demais faz mal à saúde e pode viciar”; “Televisão – o mal de quem não quer pensar”; “Vigoroso alerta contra os males da tv”; “Televisão: o verdadeiro mal do século”.
Dias atrás o Pastor Juarez Marcondes, em um de seus sempre brilhantes sermões, mostrou que – se no século 19, do alto de seu materialismo extremo, Karl Marx pôde tornar famosa a citação “a religião é o ópio do povo” – nos dias de hoje, o ópio do povo, na verdade, é a indefectível, onipresente “telinha”, televisão ou tv, para os íntimos. Com suas novelas amorais, infindáveis, reality-shows grotescos, permissivos, programas de variedades dominicais vazios, de conteúdo dúbio, fazem “o povo” encetar viagens cotidianas para lugares que tornam suas vidas entorpecidas, anestesiadas, perigosamente fantasiosas, mantendo-as afastadas da realidade da existência, que deveria estar centrada nos valores de Deus.
Em muitos lares – inclusive cristãos – vemos entronizado em lugar de honra no espaço principal da casa – que é a sala de estar e refeições – o enorme aparelho de tv de LCD, plasma ou LED, dominando todo o ambiente. É em torno deste ícone da modernidade que a família se reúne, cada um imerso em seus próprios pensamentos, conjuntamente isolados uns dos outros, vivendo uma permanente “solidão familiar”, prestando culto a uma janela do mundo que invade nossa privacidade sem pedir licença.
Há até famílias que – exagero dos exageros – não se limitam a instalar aparelhos de tv apenas na sala de estar, mas o fazem em todos os cômodos da casa, até nos banheiros!
Aquele aparelho, comumente acoplado a um aparador onde a dona da casa costuma caprichosamente dispor alguns objetos de estimação – fotos familiares, lembranças de viagens, biscuits, às vezes até uma Bíblia aberta como enfeite – curiosamente lembra a conformação de um altar pagão, sobre o qual fervorosos e dedicados fiéis depositam suas oferendas mais caras – flores, incensos e até alimentos, no caso de algumas seitas.
E é nisto que perigosamente estamos nos transformando: em adoradores do nada, do vazio, do ídolo de barro que, passo a passo – como aliás aconteceu várias vezes na história do povo de Israel, o povo de Deus – vai conduzindo à desgraça da degradação moral, da miséria espiritual e física, do distanciamento de Deus e da escravidão à matéria.
Não somos absolutamente contra o uso da tv de forma sadia; o que não podemos concordar é com a verdadeira escravização de algumas pessoas a ela. A tv, que deveria ser prioritariamente instrumento de informação, de lazer sadio, de cultura e de educação – embora atualmente isto aconteça em proporção ínfima – na realidade é na maior parte do tempo poderoso canal (sem trocadilho) que só faz despejar em nossos lares tudo o que de pior o mundo de satanás tem, produz e cultua, como se fora imenso duto de lixo, 24 horas por dia inundando nossos lares com toda a sorte de malignidade, de desvios, de idolatria e de falsos valores com os quais não podemos ser coniventes, se somos realmente filhos de Deus.
Vamos nos analisar sincera e honestamente: será que gastamos tanto tempo orando, estudando a Palavra de Deus, evangelizando, quanto despendemos defronte à tv? Se somos cristãos – mas agimos como se não fôssemos – que capacidade teremos para atender ao IDE de Cristo? Se não vivemos a Palavra de Deus, como poderemos proclamá-la com convicção evangelizadora?
Jesus Cristo em Mateus 12.34 repreende: “Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração.” Será que se o coração – o íntimo do nosso ser – está cheio de mundanismo, o supremo bem, que é o Evangelho, a Palavra de Deus, poderá fluir de nossa boca como rios de água viva, e assim alcançar pessoas a quem devemos ministrá-la?
Jesus enviou os seus embaixadores, e já tinha dito que o evangelho seria pregado ao mundo inteiro naquela geração (Mateus 24.14-34). Mais ou menos 30 anos depois, o apóstolo Paulo disse que esta missão fora cumprida, quando falou “…do evangelho que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu…” (Colossenses 1.23).
As palavras de Jesus em Mateus 28.18-20 foram dirigidas aos apóstolos, e não diretamente a nós. Mas o mesmo fato que exigia ação deles, determina a mesma de nós; da mesma maneira que Cristo comissionou a Paulo (Colossenses 1.24-29), a nós cabe um papel essencial na evangelização de almas carentes da nossa geração, a responsabilidade de – como cristãos hodiernos – sermos a Jerusalém de onde a Palavra precisa sair, como aconteceu no primeiro século, novamente e como sempre, pela mão do nosso Deus.
Deus Todo-Poderoso, enche-nos com Teu Santo Espírito para que sejamos instrumentos eficientes de comunicação das Boas Novas ao mundo. Não permita que nos conformemos em sermos meramente comunicados das coisas terrenas pelos meios de comunicação humanos. Agradecidos oramos no nome de Jesus. Amém.
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