Alegria e Tristeza 1
Interessante como Deus fez a vida alternando momentos de alegria e de tristeza, não é?
Ainda há poucos dias as pessoas comemoravam as festividades de final de ano, e já agora no começo de janeiro, somos todos contristados pelas tragédias que se abateram principalmente sobre a região serrana do Rio de Janeiro, mas também por outros estados do sudeste do país, com centenas de mortos, desabrigados e muito prejuízo material. Muitos de nós talvez já tenham se perguntado como seria este mundo sem tristezas, só com alegrias, como por certo veremos na vida eterna com Cristo.
Na fábula infantil O Decreto da Alegria, o escritor, educador e teólogo Rubem Alves conta a história de um rei de bom coração mas de cabeça muito tola, que decide governar por decreto, determinando a extinção da tristeza e a exclusiva existência da alegria em todo o território do seu reino, com a aplicação da pena de cócegas e piadas aos infratores. Os ministros do rei, por ordem sua, fazem então uma listagem de todas as coisas que causam tristeza – e que por isso deveriam ser proibidas – como certas músicas, poesias, quadros e fotografias, passando por pores-de-sol, sabiás (!) e velórios. Na sequência, passam a relacionar aquelas coisas que induzem à alegria, como festas, bebidas, churrascos, trios elétricos, danças rápidas, piadas ao invés de conversas sérias, filmes cômicos e presentes, que passariam a ser então obrigatórias.
E assim o decreto foi publicado e regulamentado. Quando as tristezas ficaram sabendo do decreto do rei, ficaram mais tristes do que já eram. E sentindo que não eram amadas naquele país, trataram de se mudar para outros, onde as pessoas eram amigas das tristezas.
Morava naquele reino uma menininha que tinha algumas tristezas que lhe eram muito caras, mas agora elas estavam proibidas, e então era obrigada a ficar alegre mesmo quando não queria. Um dia pensou que as tardes no reino deveriam estar tristes, porque até o pôr-do-sol tinha sido proibido. Sem a tranquilidade do poente, as pessoas não se restaurariam da agitação do dia. E concluiu sabiamente que o rei estava enganado, ao achar que a tristeza não podia ser bela, que não trazia felicidade, beleza, ternura e sensibilidade. Resolveu então procurar suas tristezas, que haviam partido. Certa noite, enquanto seus pais dormiam, encheu uma mochila com roupa e comida e saiu de casa, à procura das tristezas… para poder ficar alegre de novo!
Olhando por outro ângulo, o da vida como um processo de aprendizado, caberia uma pergunta: será que aprendemos, amadurecemos, crescemos mais com a alegria ou com a tristeza? Certamente a tristeza nos proporciona mais conhecimento e maturidade. Como proporcionou a Moisés, nos 40 anos que passou no deserto de Midiã, após ter deixado a corte egípcia com todo o seu fausto, riqueza e ciência, para ir humildemente pastorear as ovelhas de seu sogro Jetro. Em meio à desolação e tristeza daquele deserto, o Príncipe do Egito estava sendo preparado por Deus para assumir a liderança do povo hebreu no Êxodo.
No entanto, apesar das razões ponderáveis para a existência da tristeza em nossas vidas, é preciso que saibamos privilegiar a alegria. Enquanto a tristeza via de regra nos alcança independentemente de nossa vontade, a alegria verdadeira – e não a falsa, produzida por meios artificiais – é conquistável pelo nosso domínio próprio e predomina sobre a tristeza, desde que Cristo seja o alvo de nossa vida. “No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”, ensinou Ele em João 16.33.
Na Bíblia, o termo alegria e seus derivados, aparece 408 vezes. Se somarmos à alegria os substantivos contentamento, júbilo e exultação, são 502 as citações que encontramos. Enquanto isto, tristeza é registrada apenas em 44 oportunidades, o que confere às Escrituras Sagradas uma conotação eminentemente alegre e positiva. Só no Livro de Salmos a alegria é registrada 66 vezes, o que mostra que nosso Deus claramente valoriza muito mais a alegria do que a tristeza.
Infelizmente porém, o homem, a quem Deus concebeu na perfeição e felicidade do Éden, passada a fase da infância, perde a espontaneidade da alegria associada à inocência que tão bem caracteriza a criança, e ao atingir a adolescência, normalmente torna-se crítico, reativo com relação aos adultos, achando que a alegria dos adultos é “careta”, só admitindo manifestações de alegria quando está entre seus “iguais”, isto é, os amigos da mesma faixa etária.
Daí para a frente, à medida que os anos vão passando e as experiências se sucedendo, estas características tendem a se cristalizar, transferindo-se aos descendentes. Cristaliza-se então uma cultura que se transmite de geração a geração, de família a família, de vizinho a vizinho, de bairro a bairro, até contaminar toda a comunidade.
Coisas, pessoas, circunstâncias, podem ou não gerar momentos de alegria ou tristeza; depende de nós. Se alguém que amamos fica doente ou morre, ficamos tristes. Mas não precisamos permanecer indefinidamente privados da alegria, quando sabemos que Deus está no controle de tudo. Devemos aprender com as experiências passageiras, mas é fundamental vivermos no cultivo daquelas que são eternas, como amar, perdoar, tolerar, compreender, consolar. Estar feliz e contente, tal como amar, é uma decisão que podemos tomar, mesmo que nos falte dinheiro, conforto, saúde ou o amor de alguém, se estivermos firmes no Senhor. Isto justifica a ênfase com que o apóstolo Paulo declara em Filipenses 4.4: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos.”
No próximo De Coração a Coração vamos ver um pouco mais como a Bíblia trata do assunto alegria e tristeza. Até lá!
Senhor Deus e Pai, que nosso aprendizado na vida inclua fortemente, e em todos os momentos, a consciência de que – por tudo o que Tu criaste, por tudo o que Tu fizeste e continuas a fazer, por sermos Teus filhos amados – só temos razões para nos alegrar em Cristo. E que as passageiras tristezas que nos acometem, sejam magníficas oportunidades de aprendizado e de crescimento espiritual. É no nome santo de nosso Senhor e Salvador que, agradecidos, oramos. Amém.
Jandaia Baptista e Luiz Carlos Franco
25 de janeiro de 2011 at 18:51Nanny e Winston
Que Deus continue a ministrar os seus corações e a fortalecer esse novo ministério.
Que essas palavras alcancem sempre um coração sedento e fértil para honra e glória do nosso Deus.
Que Ele os abençoe.
Jandaia e Carlinhos.
Nanny & Winston
26 de janeiro de 2011 at 19:04Queridos Jandaia e Carlinhos,
Agradecemos de coração por sua oração tão inspirada.
Agradecemos a Deus por nossa expectativa comum de que a Palavra de Deus alcance a mais e mais pessoas para o Reino.
Agradecemos ao Senhor por nos colocar juntos na Sua obra, e por nos amparar, inspirar, proteger, fortalecer e guiar nos Seus caminhos.