,
INSONDÁVEIS CAMINHOS
O filme Enquanto Estivermos Juntos (I Still Believe) conta a história real de Jeremy Camp, famoso cantor cristão, mostrando como a fé em Deus foi essencial para o artista superar a terrível tragédia de perder sua jovem e amada esposa Melissa para o câncer em fevereiro de 2001, pouco depois do casamento de ambos que havia acontecido em outubro do ano anterior.
Jeremy havia descoberto sua paixão pela música cristã quando começou a compor acompanhamentos para seu pai que era pastor, e por algum tempo até pensou em seguir o ministério eclesiástico, mas após a morte da esposa ficou desarvorado, confuso, sem compreender porque Deus havia permitido aquele infortúnio em sua vida, encontrando, no entanto, forças e coragem para seguir em frente na frase que a esposa lhe havia dito, já muito debilitada, em sua cama de hospital: “Se uma vida for mudada por aquilo que eu estou passando agora, tudo vale a pena.”
Durante os meses que Jeremy passou com Melissa no quarto do hospital, cantava muito para ela, crescendo musical e espiritualmente, ao mesmo tempo que reafirmava e fortalecia a sua fé. Quando voltou a viajar, em suas turnês como um dos cantores gospel mais conhecidos internacionalmente, sempre compartilhava sua história com outras pessoas que passavam por problemas semelhantes aos que ele havia passado, buscando confortá-las, contando como Deus havia permanecido com ele em todos os momentos de dor, dando-lhe forças.
O título original do filme, I Still Believe (Eu Ainda Acredito), é também o nome da primeira música que o cantor compôs após a trágica morte da esposa, e nela ele fala sobre a esperança em meio à dor, expressando de forma abundante e efusiva o estado de alma que vivia, porém sempre louvando ao Senhor com profunda fé, apesar do atroz sofrimento: “Palavras dispersas e pensamentos vazios / Parecem verter do meu coração / Eu nunca me senti tão devastado assim / Parece que eu não sei por onde começar; Mas é agora que eu sinto / A Tua graça cair como a chuva / De cada ponta dos dedos / Lavando toda a minha dor; Ainda que as perguntas confundam a minha mente / Pelas Tuas promessas eu consigo suportar / Mesmo quando as respostas me veem lentamente, sei que / É o meu coração que Te vejo preparar; E o único lugar onde posso ir é para Teus braços / Onde lanço a Ti as minhas orações debilitadas / E na tristeza eu posso ver que esta era a Tua vontade para mim / Para me mostrar que Tu estás perto; Eu ainda acredito na Sua fidelidade / Eu ainda acredito na Tua verdade / Eu ainda acredito na Tua Santa Palavra / Mesmo quando nada consiga ver, eu ainda acredito”.
São palavras corajosas e encorajadoras de alguém que, apesar de toda a dor que o acomete, ainda acredita que Deus tem um propósito em tudo o que faz e permite, procura aprender com a mágoa que inunda o coração e usa o dom que Ele lhe concedeu para ajudar o próximo, levando a cada um a mitigação da dor por meio da música e de versos abençoadores.
Em uma entrevista da à revista People, Jeremy afirmou certa vez com sabedoria: “Há esperança no fim das dificuldades. Em vez de virar as costas e ser uma pessoa raivosa e amargurada com Deus, isso me tornou mais forte”. Em outra ocasião confessou: “Música não é a minha vida, Cristo é a minha vida… A única coisa que realmente importa é o que fazemos para Cristo enquanto estamos aqui na terra”, e essa é a perspectiva iluminada de toda canção que ele escreve.
Ninguém sabe por que Deus permite que determinadas coisas que nos parecem injustas, cruéis e sem sentido, aconteçam. Mas então nos vem à mente o que o profeta de Deus nos ensina em Isaías 55.8-9: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos”.
Em Romanos 11.33-36, Paulo escreveu uma esplêndida doxologia, um louvor apaixonado a Deus por causa de Sua sabedoria maravilhosa que faz com que Seus métodos e propósitos situem-se muito além da nossa parca compreensão, e assim governe o universo, o mundo e nossas vidas com perfeitos amor, justiça e graça: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!”
Em todo o seu ministério, Paulo jamais compôs uma passagem mais sublime que esta, onde sua teologia transforma-se em poesia, e onde qualquer busca intelectual torna-se adoração da alma e onde, por fim, constatamos que só nEle subsiste toda a verdadeira riqueza da Sua misericórdia, graça, fidelidade, poder e bondade; toda a sabedoria infinita, incomparável e insuperável; toda a onisciência, pois só Ele conhece todos os acontecimentos do passado, do presente e do futuro; enfim, tudo para nós, seres tão finitos, ocorre misteriosamente, incompreensivelmente, porém há uma certeza inarredável: Seu amor sempre permeia tudo!
Uma das questões centrais da nossa relação com Deus é que nenhum de nós pode compreender por completo a Sua mente, e a ninguém Ele precisa recorrer para ser guiado ou aconselhado, como Isaías 40.13 pergunta: “Quem guiou o Espírito do SENHOR? Ou, como seu conselheiro, o ensinou?” A resposta óbvia é: ninguém! Ele não deve nada a nenhum de nós, pois só Ele detém todo o poder e sabedoria como Supremo Criador de tudo o que existe.
Se cremos no que a Palavra afirma em 2 Coríntios 5.18 que “… tudo provém de Deus…”, em Isaías 44.24 que “Assim diz o Senhor, que te redime, o mesmo que te formou desde o ventre materno: Eu sou o Senhor, que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus e sozinho espraiei a terra…”, e naquilo que Davi proclama em 1 Crônicas 29.16 (NTLH): ” Ó SENHOR, nosso Deus, (…) tudo isso veio de ti, e tudo é teu”, é forçoso reconhecer que nosso Deus Todo-Poderoso é absolutamente autossuficiente, é a fonte de todo o bem, o fundamento ativo sustentador e controlador de todo o universo, o propósito final para o qual tudo foi criado.
Neste sentido o cântico das criaturas vivas de Apocalipse 4.11 é um magnífico ato de louvor e adoração que mostra que toda a criação depende unicamente de Deus, ao proclamar que “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas”. Ele já nos deu tudo, nada é nosso, nós mesmos somos feitura Sua e não há nada que possa alterar o fato de que a nossa vida está inteiramente nas Suas mãos. Que bênção maravilhosa pertencermos ao nosso Deus que é amor! Louvado sejas, Pai!
E é com este propósito que Davi louvou a Deus, dizendo em 1 Crônicas 29.11-14 (NVI): “Teus, ó Senhor, são a grandeza, o poder, a glória, a majestade e o esplendor, pois tudo o que há nos céus e na terra é teu. Teu, ó Senhor, é o reino; tu estás acima de tudo. A riqueza e a honra vêm de ti; tu dominas sobre todas as coisas. Nas tuas mãos estão a força e o poder para exaltar e dar força a todos. Agora, nosso Deus, damos-te graças, e louvamos o teu glorioso nome. (…) Tudo vem de ti, e nós apenas te demos o que vem das tuas mãos”.
Sim, Senhor Bendito, tudo criaste para a Tua glória para os séculos dos séculos, e só em Ti podemos encontrar força, segurança e consolo para os nossos dias de agruras aqui na terra. Por isso sabemos que somente entregando tudo em Tuas mãos paternas de amor sem limites, poderemos encontrar a Tua paz que excede todo entendimento, e então, como Davi no Salmo 56.4, proclamar, mesmo passando por grandes tribulações: “Em Deus, cuja palavra eu exalto, neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei”. Em nome de Jesus, agradecidos e contritos, oramos. Amém.
27 de março de 2021
In
Textos Mensagens
Nenhum comentário