CORPO E ESPÍRITO (3)

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CORPO E ESPÍRITO (3)

No Salmo 33.20 o autor anônimo entoa um hino de louvor a Deus porque aqueles que O têm como o seu Deus, nEle sempre encontrarão abrigo e socorro, e assim proclamou confiante: “Nossa alma espera no Senhor, nosso auxilio e escudo”. Lembremos que essencialmente somos um espírito (alma) e temos um corpo, e o corpo é a casa onde mora o espírito. A propósito desta dicotomia, quando o escritor Oliver Wendell Holmes estava com 80 anos, um amigo o cumprimentou e perguntou: “Como vai?” “Estou bem”, respondeu Holmes. “A casa onde moro está balançando e ruindo, mas Oliver Wendell Holmes vai bem, obrigado.”

 

Talvez nossa habitação provisória não esteja nas condições físicas, no estado geral que deveria e poderia estar, e sintamos que nosso espírito igualmente precisa ser aprimorado. Como poderemos alcançar a condição ideal de termos corpo e espírito fortes e saudáveis? Existem cinco pré-condições essenciais que mantêm entre si fortes analogia e relação, e que precisam ser atendidas:

 

A primeira é a ingestão de comida material saudável, do contrário – e as comprovações médicas são abundantes e irretorquíveis – a saúde física ficará comprometida. Muitas pessoas, levianamente, transformaram seus aparelhos digestivos em verdadeiras latas de lixo e como avestruzes humanas comem qualquer coisa que lhes apareça pela frente, com o agravante de que muitas vezes mastigam mal ou até mesmo engolem sem mastigar.
Isto é fatal para a saúde física, e nós somos responsáveis por bem cuidar da maravilha que é o corpo que Deus nos concedeu, como em 1 Coríntios 6.13 o apóstolo Paulo admoesta: “Os alimentos são para o estômago, e o estômago, para os alimentos; mas Deus destruirá tanto estes como aquele. Porém o corpo não é para a impureza, mas, para o Senhor, e o Senhor, para o corpo.” E o apóstolo em Efésios 5.29 complementa, exortando-nos a amar nossos corpos, “Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida…”.

 

A segunda, de maneira análoga, nos mostra que sem o necessário alimento imaterial saudável para a alma – compreendendo tudo o que se vê, ouve e sente – a saúde espiritual perecerá. Atualmente, no mundo que vivemos, a qualidade dos alimentos – tanto os materiais quanto os imateriais – é extremamente baixa: por exemplo, a assim denominada “música” que está na moda, é na verdade ruído da pior espécie, associado a letras de extremo mau gosto, maliciosas, chulas e muitas vezes incitadoras da violência; o que a imprensa veicula, via de regra tem conteúdo nauseabundo, destrutivo e maléfico; a literatura – salvo poucos exemplos – procura a ênfase no excêntrico, no violento, no lascivo, no mágico, que são os assuntos que hoje em dia vendem; a TV e a internet, por sua vez, espelham-se em temáticas semelhantes, igualmente visando aumentar a comercialização de seus produtos; as artes plásticas em geral não fogem à regra, uma vez que seus objetivos e público são os mesmos; a propaganda, motor do comércio, como não poderia deixar de ser, navega nos mesmos mares de fatuidade, sandice, futilidade, frivolidade e alienação.
Sitiados por todo esse assim chamado “lixo cultural”, como cristãos precisamos evitar envolvimento com tais tipos de expressões visuais e auditivas e, ao contrário, devemos selecionar um menu que inclua bons livros, música de qualidade, bons espetáculos teatrais, concertos de alto nível e filmes de teor elevado, museus e galerias de arte, bons hobbies, atividades de cunho social e ambiental e assemelhados, sempre atentos para nos dedicarmos somente àquilo que o Senhor aprovaria.
Paulo, na carta aos Gálatas 5.19-21, resume de forma magistral tudo o que conspira não só contra o corpo, mas que afeta também de forma deletéria o espírito, e que ele chama de “concupiscência da carne”, ou seja, os desejos da natureza humana: “Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.”
Soterrado por tanta imundícia, o verdadeiro cristão deve escolher para si cuidadosamente tudo o que permite entrar em seu corpo e em seu espírito, tendo sempre em mente que a Bíblia é a nossa única regra de fé e prática, associada à literatura cristã de qualidade, produzida por autores cristãos confiáveis, que têm na Palavra de Deus a base, a referência e o sustentáculo de seus escritos.

 

Em terceiro lugar, é preciso considerar que o exercício físico adequado e constante é indispensável a boa saúde orgânica. Os exercícios mais importantes são os aeróbicos – principalmente natação, ciclismo, caminhada e corrida – que produzem aumento da capacidade cardiorrespiratória, gerando melhor qualidade e expectativa de vida, complementados por exercícios que desenvolvam a estrutura muscular, que por sua vez dão sustentação à estrutura óssea do corpo.
Lembremo-nos também de que é muito produtivo para o nosso ser integral realizar nossos exercícios físicos junto à natureza, integrados à criação de Deus, respirando o oxigênio mais puro e usufruindo visual e auditivamente as maravilhas que Ele criou para nosso viver pleno.
É nesta condição abençoada que podemos então orar ao Pai, agradecendo, louvando, bendizendo e adorando-O no magnífico santuário da Sua Criação! Manter nossos corpos saudáveis significa sermos bons mordomos deste instrumento que Deus confiou aos nossos cuidados, para que assim fazendo possamos continuar servindo-O por mais tempo e com mais eficiência do que faríamos, caso fôssemos colhidos por doenças evitáveis, incapacidade e morte prematura.

 

Em quarto lugar, é preciso considerar que o exercício espiritual para a saúde da alma é ainda mais importante que o exercício físico para a saúde do corpo, e a forma correta de se exercitar neste campo é colocando em prática o nosso manual infalível, completo e inerrante: a Bíblia, cujo maravilhoso e perfeito autor é o próprio Deus.
Afinal, fomos criados pelo Pai para o propósito que Paulo nos mostra em Efésios 2.10 (NTLH): “Pois foi Deus quem nos fez o que somos agora; em nossa união com Cristo Jesus, ele nos criou para que fizéssemos as boas obras que ele já havia preparado para nós.“ Porque nosso tempo de vida na terra é exíguo, então urge obedecer, testemunhando de Cristo aos perdidos, “… remindo o tempo, porque os dias são maus”, como Paulo em Efésios 5.16 alerta, e em 2 Timóteo 4.2 exorta: “prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina.” Mas é necessário também visitar os enfermos, auxiliar aos que são carentes material e espiritualmente, confortar os aflitos, erguendo-nos a nós próprios e muitas vezes superando a depressão ao levantar a outros.

 

Em quinto e último lugar, é essencial que não nos associemos – sob que título for – com os ímpios, para não nos contaminarmos com eles, como Paulo nos ensina em Efésios 5.11, “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as”, e em 1 Coríntios 15.33, “Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes”. Também o Salmo 1.1 (NTLH) é conclusivo ao nos advertir que “Felizes são aqueles que não se deixam levar pelos conselhos dos maus, que não seguem o exemplo dos que não querem saber de Deus e que não se juntam com os que zombam de tudo o que é sagrado!”.
Os cristãos estão no mundo, mas não são do mundo, como Jesus disse em João 17.16, “Eles não são do mundo, como também eu não sou”, mas têm a garantia da proteção de Deus no verso 15: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal”, por isso não devemos evitar o contato físico com o mundo, porém jamais devemos ter comunhão com ele, praticando as obras que Deus condena.

 

Em 2 Coríntios 4.7, Paulo escreve de forma sábia e bela que “Temos, porém, este tesouro (o Evangelho de Cristo) em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.” Vasos de barro são frágeis, quebradiços, como é o nosso corpo físico, e não temos o direito de descurar dos cuidados necessários para que ele seja um verdadeiro “vaso de bênçãos”, e assim orar cantando o conhecido hino: “Faze-me vaso de Bênção, Senhor / Vaso que leve a mensagem de amor! / Eis-me submisso, e ao teu serviço / Eu me consagro, bendito Senhor!”

 

Senhor nosso Deus, ajuda-nos a ser os vasos de bênçãos que Tu planejaste quando fomos por Ti criados. Queremos nos consagrar a Ti, ó Pai, e sabemos que só poderemos fazê-lo da maneira que desejas se estivermos saudáveis de corpo e espírito, santificados e suficientemente amadurecidos para o serviço do Reino. Buscamos esta condição, Senhor, por isso rogamos que auxilie-nos nesta empreitada, que é exclusivamente para a Tua honra e a Tua glória. Assim oramos contritos em nome e por amor de Jesus. Amém.

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