Andando em Amor
Ernest Shackelton, famoso explorador britânico da Antártica, certa vez contou sobre um evento que o marcou profundamente, e que ocorreu em uma de suas viagens. Uma noite, ele e seus homens estavam amontoados numa cabana de emergência, totalmente cercados pela terrível nevasca que rugia lá fora. Já haviam sido distribuídas as últimas porções de alimento, e enquanto seus homens dormiam profundamente, Shackelton permanecia acordado, com os olhos semicerrados. De repente, percebeu um movimento sorrateiro de um deles na direção de outro, e viu que retirava um pacote de biscoitos da mochila do companheiro adormecido. Shackelton ficou chocado! Até aquele momento, ele teria confiado a própria vida àquele homem! Mas então notou que o homem abriu seu próprio pacote de biscoitos, tirou de lá sua última porção de alimento, colocou-o no pacote do outro e o repôs na mochila do companheiro. Ao narrar a história, Shackelton disse: “Não ouso pronunciar o nome daquele homem. Acho que seu gesto foi um segredo entre ele e Deus.” O amor verdadeiro é assim: não realiza boas obras para ser visto pelos homens, e Henry Drummond, o grande pregador inglês, disse de forma inspirada que “depois de ter andado pelo mundo inteiro fazendo suas belas obras, o amor se oculta até de si mesmo.”
O amor incondicional, desinteressado, é o tipo de amor que Deus preza, porque é o tipo de amor que Ele pratica. É o amor que provém do Pai para que nós o propaguemos a todo o mundo tão carente deste dom divino. Mas para isto é indispensável que – antes de mais nada – nós mesmos o conheçamos e pratiquemos, que é o que Paulo em Efésios 5.1-2 (ARA) nos exorta: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave.”
O cristão sabe que é Filho de Deus, e Paulo nesta carta exorta os efésios, procurando motivá-los a imitar Deus em Seu amor, algo que eles poderiam fazer, e que nós hoje também podemos, em meio a tantas coisas que Deus é e faz, mas que jamais conseguiremos imitar. A ordenança divina para nós é andar em amor, ou seja, viver em amor ao longo de toda a nossa existência, dia após dia, num permanente caminhar amorável em direção ao alvo que é Cristo.
No grego antigo utilizado por Paulo na redação desta carta, existem três tipos de amor: o primeiro é philos, o amor fraterno, um sentimento de apreciação por alguém, acompanhado do desejo de lhe fazer o bem, exemplificado por Jônatas e Davi em 1 Samuel 20.17 (NTLH), “Novamente Jônatas fez um juramento de amizade a Davi, pois ele amava Davi como a si mesmo”.
O segundo é eros, o amor romântico, que diz respeito ao relacionamento conjugal, e é o amor que envolve atração sexual e sentimento de posse, como a Bíblia mostra em Cantares 8.6 (NTLH):“Grave o meu nome no seu coração e no anel que está no seu dedo. O amor é tão poderoso como a morte; e a paixão é tão forte como a sepultura. O amor e a paixão explodem em chamas e queimam como fogo furioso”.
O terceiro é ágape, o amor relacionado com o amor divino, incondicional, sacrificial, eterno, e é a este que o apóstolo se refere. Deus é amor, como 1 João 4.8 (ARA) pontua: “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor”. Seu amor é a base da Aliança, o fundamento da sua fidelidade, como Jeremias 31.3 (ARA) declara:“De longe se me deixou ver o Senhor, dizendo: Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.” Ele é a razão da eleição do seu povo, como lemos em Deuteronômio 7.7-8 (ARA): “Não vos teve o Senhor afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos, mas porque o Senhor vos amava e, para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o Senhor vos tirou com mão poderosa e vos resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito”.
A vinda de Cristo é a maior manifestação do amor de Deus, prova inconteste e cabal do Seu amor pela humanidade, como lemos em João 3.16 (ARA), um dos versículos mais conhecidos da Bíblia: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Nosso Deus é tão maravilhoso e misericordioso que faz com que o Seu Santo Espírito derrame do Seu amor no coração dos salvos, como revela Paulo em Romanos 5.5: “Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado”. O amor é a mais elevada qualidade cristã, como Jesus ensina em Mateus 22.37-39 (NTLH): “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente. Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: ‘Ame os outros como você ama a você mesmo’”. Em 1 Coríntios 13.13 (NTLH), Paulo diz que “Portanto, agora existem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. Porém a maior delas é o amor”, e esta qualidade deve nortear todas as relações da nossa vida com o próximo e com Deus. Porém, andar em amor exige plena consagração a Deus, como o evangelista ensina em João 14.15 (NTLH),“Se vocês me amam, obedeçam aos meus mandamentos”, e total confiança nEle, expressa em 1 João 4.17, “Assim o amor em nós é totalmente verdadeiro para que tenhamos coragem no Dia do Juízo, porque a nossa vida neste mundo é como a vida de Cristo”. O amor verdadeiro inclui também compaixão pelos nossos inimigos, magistral ensinamento de nosso Senhor em Mateus 5.44-45 (NTLH), “Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem filhos do Pai de vocês, que está no céu…”. E o alerta vem em 1 João 4.20 (NTLH): “Se alguém diz: ‘Eu amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é mentiroso. Pois ninguém pode amar a Deus, a quem não vê, se não amar o seu irmão, a quem vê.”
A Bíblia é o maior livro sobre o amor jamais escrito em toda a história da humanidade: o amor permeia todo o seu maravilhoso conteúdo, e configura-se em um resumo precioso da Lei do Senhor. Este é o gênero de amor que precisamos viver, desenvolvendo e aplicando no nosso cotidiano, e embora na vida cristã os relacionamentos entre irmãos estejam sujeitos a desentendimentos, conflitos e disputas, se andarmos em amor, faremos predominar o perdão, o diálogo e a reconciliação. Deixarmos de fato Deus exercer o controle de nossa vida, é a única maneira de andarmos em amor, pois assim permitiremos que Ele comande todo o nosso ser, e aja com poder no nosso caminhar.
Assim como Cristo nos amou e nos ama, devemos amar e dar a vida por nosso irmão, amando-o voluntariamente: “não preciso fazer, mas farei”; substitutivamente: “coloco-me no lugar dele”; de forma pessoal: “quero que ele se sinta amado”; sacrificialmente: “vou amá-lo não importa o preço a pagar”, e permanentemente: “nada irá me fazer deixar de amá-lo”. É fácil? Muito pelo contrário, é difícil. Mas Deus nunca nos ordenou fazer nada que não pudéssemos alcançar, como em 1 João 5.3 o evangelista ensina:“Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos”, e complementa em 2 João 6:“E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este mandamento, como ouvistes desde o princípio, é que andeis nesse amor.” E o que é o verdadeiro amor, 1 João 3.16 (NTLH) nos mostra: “Sabemos o que é o amor por causa disto: Cristo deu a sua vida por nós. Por isso nós também devemos dar a nossa vida pelos nossos irmãos.”
Pai, Tu que és todo amor, capacita-nos a andar em amor todos os dias de nossa vida. Através de Tua Bendita Palavra, Tu tens nos ensinado, mas somos fracos, imperfeitos, limitados, carentes de graça, por isso clamamos a Ti para que nos habilite a Te imitar, mesmo sabendo que só poderemos fazê-lo de forma parcial, incompleta e tosca, apesar de nossa ânsia de sermos santos e irrepreensíveis perante Ti. Em nome de Jesus. Amém.
Vilceia Targine Pinto
4 de dezembro de 2012 at 19:26Oi, Nanny e Winston!
Agora posso acompanhar na leitura das mensagens!
Esse tema é muito lindo! Eu particularmente aprecio muito! Acho que o amor deve estar presente em toda e qualquer situação das nossas vidas.
Nanny & Winston
4 de dezembro de 2012 at 21:00Que bom, querida Vilcéia! Tê-la conosco é um privilégio e uma alegria. Que Deus continue a abençoá-la.
Luiz Filipe Jordão
5 de dezembro de 2012 at 9:53Amados Nanny e Winston, que alegria ter em vocês pessoas que não se envergonham do Evangelho do Senhor Jesus, que ” a tempo e fora de tempo”, utilizam deste meio de comunicação para anunciar que Cristo Vive e está de braços abertos para acolher os cansados e sobrecarregados.
Continuem assim, vosso galardão já está preparado.
Feliz Natal
Nanny & Winston
5 de dezembro de 2012 at 19:54Querido irmão e amigo Jordão,
Palavras tão amáveis de incentivo, em especial partindo do caríssimo amigo, nos tocaram profundamente. E asseguram-nos que servir a Cristo é um privilégio do qual não apenas compartilhamos – pela graça de Deus – mas que nos outorga a responsabilidade de buscarmos sempre ser mais e mais fiéis.
Que o Senhor continue a nos conceder a direção a seguir, a força necessária para ir em frente, a humildade para reconhecer nossa total dependência dEle, e a plena e permanente convicção de que tudo o que fazemos é exclusivamente para a Sua honra e glória.
Fernando
14 de dezembro de 2012 at 7:09Retribuindo a visita, e gostando muito do blog… Que o SENHOR continue os abençoando cada vez mais.
Nanny & Winston
15 de dezembro de 2012 at 15:56Prezado irmão Fernando,
Ficamos muito felizes com sua participação! Servirmos ao Senhor é um privilégio, você sabe, e quando encontramos no caminho irmãos dedicados ao mesmo propósito que nós, nosso coração se enche de alegria! Oxalá um dia possamos – se for da vontade de Deus – somar esforços visando a Sua glória!
Desejamos a você e à sua família um feliz Natal, e que Ele continue a derramar Suas bênçãos sobre vocês e sobre seus ministérios.