BÊNÇÃOS ESPIRITUAIS

,

BÊNÇÃOS ESPIRITUAIS

Convidado a participar de uma reunião de oração na casa de um amigo, Artur, um dedicado cristão, assistiu perplexo um dos presentes orar pedindo um carro novo, e dizendo que precisaria dele até o final da semana… estabelecendo até o prazo para receber a bênção! Em seguida o dirigente da reunião deu um “testemunho” de que várias outros participantes do grupo já haviam obtido resposta a seus pedidos por carros novos, viagens, imóveis, quitação de dívidas, maridos e esposas, portanto que ele não se preocupasse que certamente seria atendido. Então esta pessoa virou-se para Artur e – revelando uma ponta de orgulho mal disfarçado – perguntou o que ele achava. Artur, que desde o início da reunião orava em silêncio, não pode se conter e respondeu que sentia-se inconformado com a superficialidade daquelas petições feitas em oração. Será que ninguém ali sabia que havia guerras, corrupção, fome, violência, pobreza, drogas, prostituição e muita miséria física e espiritual por todo o país e pelo mundo, enquanto tinham a coragem de orar pedindo por futilidades?

 

Mas antes que manifestemos nosso espanto e indignação com tais motivos de oração, vamos nos examinar: será que nós mesmos não temos concentrado nossa vida de oração em petições egoístas? Será que ansiamos pelas bênçãos de Deus com a ilusão de que uma vida cristã vitoriosa se resume apenas ao acúmulo de bens materiais, à obtenção de vantagens pessoais, de poder, fama e fortuna?

 

Será que Cristo padeceu na cruz apenas para nos garantir prosperidade material? Esquecemos que quando Jesus, perguntado  sobre qual é o grande mandamento na Lei de Deus, respondeu em Mateus 22.37 que o primeiro é “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento”, complementado pelo segundo no verso 39: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, estava nos alertando que só seríamos discípulos se entendêssemos que a vida não se resume em buscar os nossos próprios interesses? Por isso as bênçãos materiais devem ser consequência de uma vida colocada no altar do Senhor e não uma mera motivação para o crescimento espiritual, e assim nosso anseio por bênçãos deve ter exatamente o sentido contrário, como Jesus ensinou em Mateus 6.33: buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.”

 

Benção é graça de Deus, favor imerecido concedido por Ele àqueles que compõem a Sua família, e o meio-irmão de Jesus, em Tiago 1.17, discorrendo sobre o propósito de Deus para nós, diz que Ele é a origem de todas as bênçãos espirituais; Paulo em Efésios 1.3 ensina que o Senhor nos abençoou com toda sorte de bênçãos espirituais. Como filhos do Altíssimo, lembremos que sempre que a bênção recebida é transmitida a outrem, estamos sendo também abençoadores, que é uma ordenança divina.

 

Assim é que a Bíblia registra a bênção de Abraão em Gênesis 12.2; as bênçãos de Isaque em Gênesis 27.27-29; 39-40; a bênção de Jacó em Gênesis 49.1-27, e a bênção sacerdotal em Números 6.23-27. No período do Antigo Testamento, o conceito de benção estava relacionado basicamente com prosperidade, riqueza, felicidade, pessoal e familiar, segurança, proteção e vitória sobre os inimigos. Já na época do Novo Testamento, a concepção de bênção ampliou-se enormemente, passando a abranger todos os aspectos da vida – presentes e futuros – e referindo-se às promessas de Deus para Seus filhos e para a Sua Igreja.

 

O apóstolo Paulo em Efésios 1.16-21, orou para que recebêssemos bênçãos de sabedoria, conhecimento e iluminação para apreciar a grandeza das bênçãos espirituais concedidas por Deus, “… para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir, não só no presente século, mas também no vindouro”.

 

Que maravilhosa, deslumbrante, grandiosa revelação do magnífico plano de Deus para nós! Plano perfeito, eterno, prodigiosamente estruturado para a salvação do homem, onde Cristo é o cabeça, e a igreja é o corpo que tem a missão de proclamá-lo ao mundo. Mas o que temos feito com as bênçãos espirituais que graciosamente recebemos? Que uso temos dado, por exemplo, à bênção da reconciliação (2 Coríntios 5.18), que por meio de Cristo nos possibilitou ter a paz com o Pai? Temos anunciado esta mensagem da graça de Deus? Como temos agido com relação à bênção da herança (Efésios 1.11), pela qual fomos apontados como Seus herdeiros? Temos sido sucessores confiáveis e dignos de tal riqueza? E a bênção da eleição (Efésios 1.4), através da qual Ele nos escolheu – sem qualquer mérito nosso – para fazermos parte de Seu plano salvífico?  Temos feito valer este privilégio incomensurável? E quanto à bênção da predestinação (Efésios 1.5), oferecida a nós e a qualquer um que crer em Cristo? Estamos verdadeiramente sendo conformados à imagem de Seu filho (Romanos 8.29-30)? E a bênção da adoção, por meio da qual recebemos a Cristo em nossos corações e nos tornamos filhos de Deus (João 11.52)? Temos sido filhos de Deus irrepreensíveis, sinceros e inculpáveis (Filipenses 2.15)? E poderíamos seguir nos questionando com relação a tantas outras bênçãos: da aceitação (Romanos 8.17), como co-herdeiros com Cristo; da plenitude do Espírito Santo, por quem fomos selados como membros do Corpo de Cristo (Atos 1.8); dos dons espirituais, que nos instrumentam para servir no corpo de Cristo (1 Coríntios 12.4-11); da esperança da segunda vinda de Cristo (Romanos 8.18-25), promessa inefável que acalenta nossos dias aqui na terra.

 

No entanto, muito mais importante que as bênçãos de Deus, é o Deus das bênçãos, a quem devemos adorar em espírito e em verdade, hoje e para todo o sempre, como Jesus em João 4.23 ensina: “vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores”.

 

Deus Pai de todas as bênçãos, que a Tua luz ilumine nossas almas para que saibamos reconhecer os Teus sublimes propósitos em nossas vidas, e que Teu plano maravilhoso para nós se cumpra de acordo com a Tua soberana vontade, tendo-nos como Teus servos fiéis em nossa jornada terreal. Senhor, no nome santo e precioso de Jesus Te louvamos e proclamamos que somente a Ti sejam toda a honra, toda a glória e toda a exaltação para todo o sempre. Amém.

 

 

Share
Nenhum comentário

Publicar um comentário