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SEMPRE CONOSCO

“Embora o Senhor vos dê pão de angústia e água de aflição, contudo, não se esconderão mais os teus mestres; os teus olhos verão os teus mestres. Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele”. Isaías 30.20-21 (ARA)

 

 

 

 

 

 

Um fato incontestável da vida é que aprendemos mais com as dificuldades do que com as bênçãos. Se nesse dia estivermos passando por provações, rendamos graças a Deus por elas, “Porque o Senhor repreende a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer bem” (Provérbios 3.12). É em meio às aflições que Ele caminha amorosamente ao nosso lado e corrige nossas atitudes, pensamentos, hábitos e relacionamentos que fazem com que não dependamos só dEle; só ao nos entregarmos totalmente nos braços dAquele que nos ama incondicionalmente perceberemos que, não importam as circunstâncias, Ele estará sempre conosco para proteger, orientar e prover!

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NEM FRIO NEM QUENTE (2)

No primeiro século da era cristã existiam três cidades principais no Vale do Rio Lico, na Ásia Menor: Colossos, dotada de fontes de água fria, Hierápolis, conhecida por suas fontes de águas termais, e Laodiceia, situada na Turquia moderna perto da cidade de Denizli. Localizada 60 km a leste de Éfeso, 10 km a sudeste de Filadélfia, o local encontra-se atualmente deserto, e é chamado pelos turcos de Eski-hissar (castelo velho).

 

Em Apocalipse, a mensagem a Laodiceia é emblemática: nela Jesus não apontou nenhuma doutrina incorreta, nenhum pecado devido à imoralidade, nenhuma prática idólatra. Mas a igreja em Laodiceia foi duramente criticada por seu orgulho e autossuficiência, por sua exaltação, ao invés da submissão que deveria demonstrar, prostrada humildemente aos pés do Senhor dos Senhores. Por isso Jesus Cristo ordenou ao apóstolo João no livro de Apocalipse 3.14-22, que registrasse dura carta dirigida à igreja, estruturada em três partes essenciais: na primeira, do verso 14 ao 17, o Senhor faz um diagnóstico preciso da condição espiritual da igreja, apontando sua presunção e arrogância que conduziram a um desinteresse por Ele; a segunda, composta pelos versos 18 e 19, oferece aconselhamento para que a igreja se reconciliasse com a verdade; e a terceira, de 20 a 22, é um convite amoroso, humilde, contendo maravilhosa promessa a se cumprir, caso a igreja decidisse vencer seu materialismo, autossuficiência e desprezo por Cristo. Observemos agora em detalhe a carta a Laodiceia:

 

O Diagnóstico

 

V. 14: “Ao anjo da igreja em Laodiceia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus”.

 

Amém  é palavra de origem hebraica que colocada no começo de uma afirmação, significa certamente ou verdadeiramente, e escrita no final pode ser entendida como assim seja. Jesus afirma que Ele é a palavra final, e sua autoridade é absoluta. Jesus reitera Apocalipse 1.5, quando João referiu-se a Ele como “a fiel testemunha” que traz o verdadeiro testemunho sobre o Pai e manifesta a vontade dEle para os homens. Jesus é “Deus conosco” (Mateus 1.23), é a origem da criação (João 1.1-3), é Deus que “se fez carne” (João 1.14), é o “eu sou” (João 8.24, 58), é “o primeiro e o último” (Apocalipse 1.17), é eterno (Apocalipse 1.18), é o soberano “Senhor dos senhores e o Rei dos reis” (Apocalipse 17.14), Ele não foi criado, Ele não veio a existir, Ele é Deus, e quem não crer nisto “morrerá nos seus pecados” (João 8.24).

 

V. 15: “Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!”.

 

Jesus conhecia intimamente as sete igrejas (1.20) e suas obras, entre elas Laodiceia. Aqui Ele faz uma analogia entre o que acontecia material e espiritualmente com a cidade, pois Colossos enviava água fria e Hierápolis água quente, mas ambas as águas chegavam mornas a Laodiceia, servindo apenas como vomitório.

 

V. 16: “Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca”. 

 

O orgulho, a presunção, o desinteresse e a indiferença complacente da igreja local eram piores que a hostilidade franca contra o Evangelho, por isso provocavam repulsa em Jesus, que ameaçou expulsá-la da Sua presença!

 

V. 17: “pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.”

 

A própria igreja não conseguia perceber o quanto era carente de Deus, pois fixava-se apenas no que era material. O orgulho cegava os crentes, que se achavam fortes, abastados e independentes. No entanto Jesus, que sonda e conhece os corações e a vida espiritual de pessoas e de igrejas, conhecia a miserabilidade em que viviam interiormente, embora na aparência fossem muito prósperos e bem sucedidos.

 

O Conselho

 

V. 18: “Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.”

 

Apesar de toda a sua altivez e presunção da igreja, Jesus se condói dela e aconselha que em primeiro lugar busque o ouro refinado da verdadeira riqueza, que é a espiritual. As vestiduras brancas são sinal da pureza que Ele espera dos Seus. E só Jesus é o colírio que pode curar a cegueira espiritual dos altivos e presunçosos.

 

V. 19: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.”

 

Em Hebreus 12.5-11 o autor da carta deixa claro que é por causa de Seu amor que Deus nos corrige, pois Sua disciplina é aplicada para que possamos estar em condição de participar da Sua santidade. Por isso Jesus exorta os crentes de Laodiceia para que tenham zelo pela Sua Palavra e arrependam-se de suas más obras.

 

O Convite

 

V. 20: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.”

 

Jesus bate à porta de nosso coração, mas não força ninguém a abrir; oferece salvação a todos, mas a decisão de aceitá-la é pessoal e intransferível; a porta não tem maçaneta do lado de fora, portanto somente pode ser aberta pela pessoa que está em sua casa. Entrar e cear significam a comunhão plena com Cristo: em João 14.23 Ele afirma que juntamente com o Pai, ambos farão morada no verdadeiro crente, e cear reporta-se à Ceia do Senhor como ato que representa a comunhão mais íntima dEle com Seus discípulos.

 

V. 21-22: “Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”

 

O vencedor, isto é, o verdadeiro crente, humilde e obediente, aquele que for realmente assemelhado a Cristo, alcançará a prerrogativa de reinar com Ele pelos séculos dos séculos, ao contrário dos orgulhosos, presunçosos, arrogantes e autossuficientes. Todas as advertências, conselhos e promessas feitas a todas as igrejas nas sete cartas do Apocalipse também se aplicam às igrejas locais e aos crentes de qualquer época, que devem abrir seus ouvidos para ouvir e obedecer à voz de Cristo.

 

O teólogo e erudito irlandês Adam Clarke escreveu em seu livro A última Igreja do Apocalipse – A Repreensão de Jesus Cristo à Mornidão de Laodiceia“Essa é a pior das sete igrejas; no entanto, as mais notáveis promessas são feitas a ela, mostrando que os piores podem arrepender-se e, finalmente, podem tornar-se vitoriosos, atingindo aos mais elevados estados da glória”.

 

A mensagem a Laodiceia teve o poder de transformar a igreja que, arrependida, tornou-se uma das mais influentes da antiguidade, como comprova o exemplo de Sagaris, bispo de Laodiceia, que cerca de um século após esta carta foi martirizado por causa de sua fé em Cristo.

 

O escritor cristão inglês Herbert Farmer, em seu livro A Cruz que Cura (The Healing Cross), procura mostrar a maneira maravilhosa como Deus trata os homens, quando eles se aproximam de Cristo: “O contraste entre a severa reprimenda e a mão estendida e amorosa da amizade, é realmente impressionante. E chega como um clímax no quadro do Senhor de tudo, de pé do lado de fora da vida humana, solicitando admissão. O pecador orgulhoso e teimoso continua podendo ser hospedeiro de Deus. Aquele que é o próprio Juiz aguarda, como um humilde suplicante, do lado de fora da porta humana. Essa combinação de severidade e ternura é uma das características centrais do evangelho. Nenhuma das duas atitudes é completa sem a outra; ambas precisam ser vistas conjuntamente.”

 

Soberano e clemente Senhor Todo-Poderoso, ajuda-nos para que sejamos obedientes, humildes, zelosos, despojados, ponderados e dependentes de Ti a todo o tempo, em qualquer lugar e não importa enfrentando qual circunstância. Fala, Pai, aos nossos ouvidos quando estivermos nos desviando do caminho, e repreende-nos para que voltemos ao Teu redil, porque nosso anelo ardente é reinar conTigo na Vida Eterna. Em nome de Jesus é que assim oramos. Amém.

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DIZER E FAZER

“… tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?”  Romanos 2.21 (ARA)

 

 

 

 

 

 

Paulo, dirigindo-se aos judeus, faz aqui uma reprimenda mordaz à sua hipocrisia, demonstrada pela atitude de, ao invés de autojulgar-se, julgar os outros, como se eles próprios, como conhecedores e defensores da lei, não devessem ser os primeiros a cumpri-la. É uma advertência a nós também: se conhecemos a Palavra, como ousaremos desobedecê-la e, além disso, criticar a outrem por ignorá-la? Conhecer a verdade de Deus significa, antes de mais nada, ter a vida pautada por ela, por isso hoje examinemo-nos com cuidado, verificando se o que conhecemos e dizemos está espelhado naquilo que fazemos!

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