MENSAGEIROS REAIS
“Sou forasteiro aqui, em terra estranha estou, / Celeste Pátria, sim, é para onde vou. / Embaixador, por Deus, do Reino lá dos Céus. / Venho em serviço do meu Rei!
É a mensagem que me deu, / Provinda lá dos altos céus; / Que vos reconcilieis com o Senhor, / Rei meu! Reconciliai-vos já com Deus!
Por Deus mandado está, que o homem pecador, / Arrependido já, se chegue ao Salvador! / Pois quem o receber no Reino vai viver. / Venho em serviço do meu Rei!
Mais belo que um rosal, o lar celeste tem / A bênção imortal, o gozo eterno, além. / No céu tem galardão quem frui a redenção. / Venho em serviço do meu Rei!”
Este conhecido hino, cujo nome é A Mensagem Real, foi composto por Elijah Taylor Cassell (1849-1930), e traduzido para o português por Eliza Rivers Smart, estabelece de forma cabal a questão de nossa nacionalidade. Porque não somos cidadãos permanentes deste mundo, como Jesus afirma em João 15.19 dizendo que “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia”, e reafirma no mesmo Evangelho de João, no capítulo 17, verso 16, ao interceder ao Pai por Seus discípulos: “Eles não são do mundo, como também eu não sou”, fazendo, porém, mais adiante, no verso 18, uma ressalva essencial assim orando: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.”
Isto nos dá a clara certeza de que nós, os filhos de Deus, os convertidos, não temos aqui a nossa verdadeira pátria – que é na realidade a celestial – mas que aqui estamos como embaixadores, como enviados de Deus para a Ele servirmos como cooperadores da Sua obra redentora, como o autor de Hebreus 11.12-16 discorre sobre Abraão e sua descendência, da qual fazemos parte: “Por isso, também de um, aliás já amortecido, saiu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como a areia que está na praia do mar. Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Porque os que falam desse modo manifestam estar procurando uma pátria. E, se, na verdade, se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar. Mas, agora, aspiram a uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma cidade.”
Aqui no mundo, nossa pátria é o Brasil, país cheio de paradoxos e contradições, proclamado por alguns setores religiosos e da midia como a nação mais cristã da terra. Como poderia ser cristão um país onde prolifera o turismo sexual que explora crianças de 11 anos de idade, e onde a desigualdade e a exclusão sociais crescem em conluio com a violência urbana incontrolável, produzindo não só internamente mas também por todo o mundo sórdidas manchetes diárias? Como pode ser chamado de cristão um país onde a urbanização descontrolada tem gerado tantos estereótipos negativos reconhecidos internacionalmente, como a patifaria, a malandragem, as facções criminosas, as milícias, o tão conhecido e reprovável “jeitinho brasileiro”, a indolência, tendo se transformado em paraíso de refúgio para criminosos internacionais? Como pode ser denominado cristão um país que vive atolado na corrupção produzida – paradoxalmente – por políticos eleitos pelo povo para trabalhar em seu favor? Como considerar cristão um país onde o tráfico de drogas – aliado à própria polícia que deveria coibí-lo – representa um poder paralelo ao Estado? E somando-se a tudo isto, tendo como um dos seus símbolos maiores o carnaval, a festa mais pagã do planeta, permeada do começo ao fim por permissividade e promiscuidade sexual, bebidas alcoólicas, drogas, violência e morte física e espiritual, esta última inquestionavelmente a pior. Como pode se auto-denominar cristão um povo em cujo território a idolatria grassa como peste perniciosa, e onde Jesus é – quando muito – apenas mais uma imagem de escultura em meio a tantas outras? E de que forma a superstição, que de tão impregnada na vida das pessoas, já faz parte dos usos e costumes nacionais, contribui para que o país seja cristão?
Até o futebol, a paixão nacional, caiu também nas mãos dos corruptos, dos criminosos de colarinho branco – dirigentes do esporte de todos os níveis, comandados por sua entidade máxima – que compõem uma rede eficiente e diversificada de gatunagem, e que atinge o ápice com o advento de uma Copa do Mundo, como a que aconteceu em 2014. E tudo se fez com a complacência dos próprios governos federal e estaduais que montaram gigantesca estrutura de corrupção que tem como meta as muitas obras que custaram bilhões de dólares aos cofres públicos, e que serão pagos pelo assim chamado contribuinte brasileiro, isto é, nós.
Paulo, em 2 Timóteo 3.1-5, já alertava há 2.000 anos atrás, pintando um retrato preciso e de cores vívidas dos dias que ora vivemos: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes.” Repete-se com o Brasil a mesma condição de degeneração espiritual e moral que motivou Deus em Ezequiel 7.23, face à iniquidade que grassava em Israel, a ordenar pela boca do profeta: “Faze cadeia, porque a terra está cheia de crimes de sangue, e a cidade, cheia de violência.”
Mas se esta não é a nossa pátria, aquela com a qual sonha todo o filho de Deus, devemos estar conscientes de que Ele nos enviou para que fôssemos aos perdidos, aos desviados, aos degradados, àqueles que, sem a salvação que só Cristo dá, sem a regeneração que só o Senhor pode efetuar, estarão completamente entregues às mãos do maligno, e assim seu destino final é inevitável: a morte eterna.
Que possamos ser fiéis mensageiros reais de Cristo a esta nação tão carente da verdade que dEle emana, dedicados portadores das Boas Novas de amor, paz, fraternidade, responsabilidade social, humildade e retidão, em meio à alegria verdadeira e permanente que provém da certeza da vida eterna; que este berço esplêndido de beleza natural indizível que Tu criaste, ó Senhor – mercê da Tua vontade – possa um dia vir a ser lugar de guarida a um povo de incomum formosura espiritual, para a Tua glória eterna!
Senhor, Tu nos ordenaste que fôssemos o sal da terra, que brilhássemos como luzeiros neste mundo em trevas, que exalássemos o bom perfume de Cristo. Capacita-nos, pois, a colaborar conTigo para cooperarmos na construção de um país verdadeiramente cristão. Usa-nos como Teus servos, ó Pai, em Teus propósitos de transformação e de salvação de tantos compatriotas que – para nossa tristeza – têm suas vidas celeremente dirigidas pelo inimigo em direção ao abismo, e não sabem. Em nome de Cristo Jesus assim Te rogamos. Amém.
8 de junho de 2024
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