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Ser Feliz – O Anseio por Justiça e Bondade

A tônica do comportamento humano nos dias de hoje é a busca desenfreada, a qualquer preço, pela felicidade, que, no entanto, acaba não sendo encontrada, pois sempre que é colocada como prioridade, acima da procura por justiça, o esforço é condenado ao fracasso mais retumbante. Esta é a mensagem que a Bíblia proclama: felizes são aqueles que, antes de mais nada, estão em busca da justiça, pois só então Deus lhes concede felicidade e bênçãos.

 

No Sermão do Monte, em Mateus 5.6, Jesus ensinou que “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos”, perante uma multidão faminta e sedenta, proclamando que felizes são justamente aqueles que têm fome e sede, provavelmente causando muita estupefação!

 

O autor de Hebreus 12.14 alerta, “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”, e esta exortação por santificação encerra o mesmo significado básico que experimentar fome e sede de justiça, tal como pronunciado por Jesus. No entanto é preciso observar a pré-condição essencial: só chegaremos a Deus por meio de um desejo ardente, apaixonado, de agir segundo o que Lhe agrada, seja em pensamentos, seja por palavras, seja em ação.

 

Justiça é graça do Pai recebida pela fé, portanto não é conquistada através de méritos ou esforços de qualquer tipo que eventualmente possamos empreender, embora seja indispensável que tenhamos anelo profundo por justiça para sermos saciados.

 

Portanto, podemos afirmar que ter fome e sede de justiça é o desejo de ser santo do homem justo, de viver no cotidiano as bem-aventuranças, sendo um exemplo da aplicação do fruto do Espírito em todo o seu viver como novo homem em Cristo, pois ele sabe que só será farto, completamente saciado, quando conhecer e vivenciar a transcendência da vida com Deus, em Cristo.

 

O anseio por justiça guarda assim o sentido da necessidade premente de receber a libertação do pecado em todas as suas formas, porque ele nos separa de Deus. E é esta separação a geratriz de todas as dificuldades, conflitos e males que assolam o mundo, impedindo o homem de entrar na posse de tudo o que Deus lhe deseja conceder. E então o justo aspira retornar ao antigo relacionamento com o Senhor, à justiça na Sua presença como era no início, quando Deus criou o homem e a mulher justos perante Ele, e ambos viviam e andavam na Sua companhia.

 

A bondade está comumente associada à justiça, e no Salmo 33.5 o salmista louva a Deus pela fidedignidade em todo o Seu agir e em todas as Suas palavras, pois tudo nEle se acha permanentemente permeado por justiça e bondade, então externa a verdade que “Ele ama a justiça e o direito; a terra está cheia da bondade do Senhor”. Davi, no Salmo 101, manifesta a intenção de viver uma vida baseada em elevados ideais de obediência e retidão, e no verso 1 inicia com esta promessa a Deus: “Cantarei a bondade e a justiça; a ti, SENHOR, cantarei”. Também Salomão, em Provérbios 21.21, afirma que “O que segue a justiça e a bondade achará a vida, a justiça e a honra.”

 

Não resta dúvida, portanto, que Deus preza em alto grau o binômio justiça + bondade, a ponto de criar o homem com esta semente plantada no âmago do seu ser, para que anele profundamente por elas, mesmo enquanto momentaneamente não as pratica. Mas a justiça e a bondade que a alma do homem justo busca, depende de um relacionamento direto com Deus, através do perdão e da justificação de que Paulo fala em Romanos 5.1-2, e da justiça verdadeira proveniente de uma vida transformada, como o apóstolo ensina em 8.30, o que faz dele um ser “faminto espiritualmente” por Deus. Então ele passa a desejar um relacionamento com o Pai que é mais que um mero interesse vital, torna-se a paixão dominante de sua existência, o alimento fundamental que o faz bem-aventurado. É esta fome e sede de Deus que Davi, quando no deserto de Judá, fugindo de Saul, expressou através do Salmo 63.1: “Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água”.

 

Quem escutou pela primeira vez a promessa feita pelo Mestre de que todos os que têm fome e sede de justiça seriam fartos, por certo teve uma impressão bem diferente daquela que temos hoje, vivendo em um país ocidental que, embora apresentando bolsões de carência alimentar e de abastecimento de água em determinadas regiões, não pode ser comparado com a Palestina da época de Jesus. Naquele tempo, o salário de um trabalhador, pelos padrões atuais, era muito baixo, de tal forma que a maioria da população mais simples vivia à beira da inanição e, pela inexistência de água corrente em suas casas, frequentemente padecia também com a sede.

 

Mas a fome e a sede de justiça que Jesus ensina é diferente, porque Ele implicitamente nos questiona qual é a verdadeira dimensão dessa necessidade que afirmamos sentir. Muitos têm consciência de um desejo instintivo por justiça, como algo que é correto sentir, uma coisa pelo que “pessoas de bem” devem propugnar, porém cujo esforço necessário para buscá-la com a máxima intensidade possível não estão dispostos ou preparados para empreender.

 

Desta maneira, aquele que se mostra apto a receber a justiça e a bondade que Jesus promete – e que as almeja para o mundo – é o que as deseja do fundo do coração, apaixonadamente, vinculando-as à própria sobrevivência futura do espírito. É o cristão que, apesar de seus fracassos, limitações e imperfeições, continua à procura da santidade, do aperfeiçoamento e da maturidade espirituais, além da plenitude moral, ou seja, empenha-se consistentemente em alcançar a justiça plena, completa, absoluta, que é a resposta de Deus ao vazio inato que existe no coração humano.

 

Todos somos pecadores obstinados, mas ao mesmo tempo, todos desejamos justiça e bondade, e mesmo que estejamos com os pés atolados na lama, não deixamos de visar a transcendente abóbada celeste estrelada que nos recobre.

 

Assim sendo, feliz, bem-aventurado, ditoso, é o homem que possui uma fome e uma sede inesgotáveis por uma justiça cabal, soberana e incondicional que existe muito além dos limites de uma conduta moral perfeita – porém destituída de compaixão – ou de uma solidariedade humana inexcedível – no entanto privada de integridade moral.

 

Mas é preciso ter em mente que só em Cristo e com Cristo, após ser justificado por meio dEle,  o homem pode almejar a justiça e a bondade que procedem de Deus, e então ganhar o direito de adentrar ao Reino dos Céus.

 

Continua a seguir, com o próximo artigo: Ser Feliz – A Misericórdia

 

 

 

 

 

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DEFESAS

“… temos buscado ao SENHOR, nosso Deus; temo-lo buscado, e ele nos deu repouso de todos os lados”. 2 Crônicas 14.7 (ARA)

 

 

 

 

Asa, rei de Judá reinou de 911-870 a.C., fez o que era bom e reto aos olhos de Deus, que então concedeu-lhe a paz com os vizinhos, tornando-se um exemplo de quão felizes e guardados do mal são os que agem segundo a Sua vontade. Porém os períodos de paz não são apenas para repouso: têm também a função de preparar-nos para os momentos de aflição, por isso Asa usou esse tempo para aparelhar suas defesas contra os inevitáveis ataques futuros. Na batalha espiritual que travamos a cada dia, as investidas espirituais do inimigo tornam-se muito mais difíceis de suportar se não estivermos prontos a resistir a elas!

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FAROL

“… Não temas, crê somente. Marcos 5.36 (ARA)

 

 

 

 

 

 

Que extraordinários alento e esperança essas doces palavras de Jesus hoje nos trazem! Ele nos assegura que nada temos a temer porque Sua presença junto a nós é a garantia, a única, completa e perfeita certeza de que, com Ele a nos proteger, guiar e prover, os nossos medos se vão, a insegurança é dissipada em nossos corações como a névoa da manhã sob o calor do sol, e um novo tempo de paz é inaugurado em nossas vidas! Que a promessa contida nestas quatro singelas palavras pronunciadas pelo Salvador cale fundo em nossas almas eternamente, como farol a nos conduzir nas noites tormentosas da vida!

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