Conforto
Vivemos em uma era em que a busca pelo conforto material tornou-se para muitos uma espécie de obsessão irrefreável que muda atitudes, e que associada ao consumismo tem produzido uma série interminável de equipamentos, gadgets, acessórios e artefatos os mais variados que vão de encontro a esta necessidade tão “moderna” de tudo controlar com o simples apertar de um botão. Parece que seu real sonho de consumo é não precisar mais se mexer. Provavelmente sonham com o dia em que poderão mover qualquer coisa com a força de seu próprio pensamento, sem precisar acionar um músculo sequer, estirados em seu superconfortável sofá retrátil e reclinável, naturalmente regulável por controle remoto. Enquanto este dia não chega, não abdicam dos controles remotos, dos smartphones, dos iPods, dos iPads, dos tablets, e por aí vai… Quem sabe, adicionalmente também tenha a seu lado um moderno projetor de oceano ou de estrelas, na cozinha uma torneira onde a água muda de cor de acordo com a temperatura, um relógio por controle de voz que alterna cores, nos pneus do carro lâmpadas led super brilhantes na cor azul…
Não é à toa que um antropólogo da Universidade de Edimburgo, estudioso do comportamento humano, concluiu que uma nova espécie de homem está emergindo no ocidente: sedentário, come demais, geralmente os alimentos errados e em quantidade muito maior do que o necessário para o seu consumo energético. Resultado? Doença. Essa nova espécie está sendo chamada de homo sedentarius, que vive assim: levanta de manhã e senta para o desjejum, senta no carro para ir trabalhar, senta quando chega no escritório, sai do escritório e senta novamente no carro para ir para casa, chega em casa e senta em frente da TV… e acaba um dia morrendo por excesso de conforto!
A ânsia por conforto material já afeta atualmente até as questões de ordem espiritual. Alguém disse que “hoje em dia tudo se faz pelo prazer sem esforço, pela conquista sem luta e pelo conforto sem dinheiro”. A conceituada revista norte-americana Christianity Today trouxe recentemente uma notícia que bem exemplifica esta tese. O periódico cita uma igreja multinacional brasileira instalada em Houston, Texas, que descobriu uma maneira de atrair as pessoas que dizem não ter tempo para frequentar os cultos. A novidade é o Prayer Drive-Thru (oração dentro do carro), sistema pelo qual qualquer um pode receber orações no conforto do seu automóvel. Basta entrar com o carro no estacionamento do templo e aguardar a vez numa fila. Tudo é muito rápido, exatamente como nas lanchonetes de fast-food: na primeira parada, os ocupantes do automóvel recebem um formulário, onde descrevem os problemas e os motivos de oração; na parada seguinte, em frente à igreja, o pastor faz as orações e presta um aconselhamento rápido. Isto faz lembrar aquela história do viajante que julgava-se arrogantemente autossuficiente e que não tinha necessidade de buscar orientação e ajuda de terceiros. Certo dia precisando viajar, entrou em um vagão de passageiros e confortavelmente acomodou-se em um assento. Mergulhado na leitura de seu jornal, viu aproximar-se um funcionário da Estação Ferroviária que lhe disse: “Por favor, dirija-se a outro vagão”. Contrariado, levantou os olhos da leitura: “Qual o problema com esse vagão?”, perguntou. “Nenhum,” respondeu o homem. “Só que este vagão não está conectado a nenhum outro e, sentado aqui, o senhor não irá a lugar algum!”. Esse é o grande problema com alguns credos, filosofias e igrejas, muito bonitos e confortáveis, mas que não nos levam a lugar algum. Por isso, se nesta jornada da vida pretendemos chegar ao céu, precisamos ter a certeza de que embarcamos no veículo certo.
Deus não age tendo o conforto material como premissa, meta, referência ou prioridade, e o profeta Neemias comprova isto com sua vida de dedicação incondicional a Ele. Deixando o falso conforto do palácio do rei Artaxerxes em Susã, para empenhar-se por doze anos na reconstrução da Jerusalém destruída, Neemias sabia que o Senhor opera de forma soberana, chamando pessoas para cooperar na consecução de Sua divina obra, frequentemente retirando-as de suas respectivas zonas de conforto para serem poderosamente usadas por Ele. Portanto, obedecer a Deus não é fácil, por vezes é desconfortável, mas é preciso, é imperioso para o verdadeiro cristão. Cristo nunca prometeu a Seus filhos que no mundo teriam uma vida de conforto, ao contrário, disse que teríamos aflições, que passaríamos por dores e sofrimentos, mas que tivéssemos bom ânimo, porque Ele já tinha vencido o mundo (João 16.33). Assim sabemos que sempre poderemos contar com o amparo do nosso Salvador, por pior que sejam as tribulações pelas quais passemos, e as palavras de exortação de Paulo em 2 Coríntios 4.17 – apesar das adversidades pelas quais passava – nos estimulam a focar na verdadeira vida por vir:“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação”.
É fora de questão que a experiência do conforto é agradável, embora não elimine a ocorrência de dificuldades, como antes de Sua partida para o Pai, Jesus assegurou em João 16.1-2 (NTLH): “E Jesus disse ainda: — ‘Eu digo isso para que vocês não abandonem a sua fé. Vocês serão expulsos das sinagogas, e chegará o tempo em que qualquer um que os matar pensará que está fazendo a vontade de Deus’”.
Deus deseja que Seus filhos tenham conforto e alegria neste mundo (João 14.27; 16.33; Romanos 14.17), por isso não poderíamos estar – como é óbvio – preconizando uma vida desconfortável, muito menos pregando qualquer espécie de autoflagelação, mas queremos apenas identificar o tipo de conforto que devemos buscar, de acordo com a Sua Palavra. Não devemos esperar o fim das dificuldades, mas sim ter a certeza de que o conforto verdadeiro vem do mover do Espírito Santo – que mitiga as aflições daqueles que entregam suas vidas a Cristo – como acontecia com a Igreja em Atos 9.31: “… edificando-se e caminhando no temor do Senhor, e, no conforto do Espírito Santo…”
Porém, se somos confortados, é porque Deus deseja que nós também sejamos confortadores de nossos irmãos, aprendendo dEle, o Grande Consolador, como ensina Paulo em 2 Coríntios 1.4: “É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus.”
Bendito Senhor Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, nós Te rogamos que nos guie pela linha estreita que separa o nosso desejo humano por conforto, do verdadeiro conforto que só pode vir de Ti, por meio de Teu Santo Espírito. Guarda-nos da sedução do mundo que, dominado por satanás, quer nos envolver em seus laços deletérios. Dá-nos sabedoria e discernimento para distinguirmos entre o que é da Tua soberana vontade e o que é da nossa, no nome de Cristo Jesus. Amém.
NOEMY
8 de novembro de 2012 at 23:22WINSTON É TUDO VERDADE O QUE VC EXPÕE AQUI. AS PESSOAS HOJE SÓ PENSAM EM GANHAR,GANHAR E GANHAR.CORREM ATRÁS DO QUE LEVA A PERDIÇÃO. É DIFICIL PARA ESSAS PESSOAS IREM A UM CULTO ADORAR A DEUS.
NÓS TEMOS QUE PENSAR NAQUILO QUE VAI NOS AJUDAR NA OUTRA VIDA QUE É ETERNA E ESTA É PASSAGEIRA E DAQUI NÃO SE LEVA NADA.ABS
Nanny & Winston
9 de novembro de 2012 at 6:35Querida amiga e irmã,
Obrigado por seu comentário. Precisamos estar cada vez mais assemelhados a Cristo para podermos viver os Seus valores eternos, e colocarmos em seus devidos lugares os valores terreais!
Nanny
9 de novembro de 2012 at 20:50Winston, meu amor!
Amei esta mensagem, iniciando com algumas historinhas lúdicas, mas terminando com
um assunto muito sério para meditarmos. Eu confesso que gosto de sentir conforto em
várias áreas da minha vida terrena, mas tenho certeza que o melhor está por vir, quando estivermos com Cristo na Nova Morada que Ele está preparando para nós.
Maranata!!!
Nanny
9 de novembro de 2012 at 20:53Complmentando o comentário anterior, achei linda a imagem do elefantinho…
Parabéns pela criatividade. Te amo!