Consolação

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Consolação

O que é a vida? Com o que ela se parece? Talvez nem todos nós tenhamos opinião formada a respeito, mas algumas pessoas tiveram e têm. Um brincalhão diz: “a vida é rápida como um relâmpago: um dia estamos no pediatra e o seguinte já no geriatra”; outro pondera:“todo mundo é um cientista maluco e a vida é o laboratório. A gente está sempre experimentando, tentando achar um jeito de viver, de resolver os problemas, de se livrar da loucura, do caos”; afirma um sábio: “a vida é curta demais para que façamos tudo o que queremos, mas é longa o bastante para que façamos tudo o que Deus quer que façamos”; sustenta um filósofo: “a vida tem de ser vivida para frente, mas só pode ser entendida para trás”; já um cínico garante: “a vida é como uma laranja: precisamos a cada dia espremê-la para conseguir o máximo de suco possível”.

É um rol infindável de teorias, analogias e metáforas, às quais tomamos a liberdade de acrescentar mais uma, sem pretender no entanto que seja a melhor ou a definitiva: cremos que a vida se parece com uma viagem em um barco que vai atracando em diversos portos, com embarques e desembarques, passando por acidentes, períodos de mares tempestuosos, outros de calmaria, algumas surpresas agradáveis, outras nem tanto. Iniciamos a viagem nus, embarcamos chorando, então somos cuidados, acarinhados, alimentados e vestidos pelas primeiras pessoas que encontramos na viagem, que geralmente são os nossos pais. O tempo passa e outras pessoas embarcam, e muitas virão a ser especiais para nós. Algumas delas se interessam pelos outros, estão sempre prontas a ajudar, e ao desembarcar em determinados portos ao longo do percurso, deixarão saudades, embora outros subam a bordo e desçam sem que ninguém perceba. À medida que a viagem transcorre, vamos adquirindo conhecimentos e habilidades, descobrindo coisas que não suspeitávamos, aprendendo muitas verdades. E a mais importante de todas é que o barco é dirigido por ALGUÉM que cuida de nós, que se importa conosco, que nos ama, e que, não importam as dificuldades que encontremos no trajeto, estará sempre pronto a nos ajudar, amparar, consolar. Ele é quem nos ensina tudo o que precisaremos saber até chegarmos finalmente ao nosso destino, o maravilhoso porto seguro que nos aguarda iluminado, amável, glorioso, um lugar de perfeito descanso, de paz, de amor, de alegria, onde não haverá mais sofrimento, dores, lágrimas, doenças, morte.

Mas Ele jamais disse que nossa viagem seria tranquila, sem dificuldades, ao contrário, e em João 16.33 (ARA) nos compreende e encoraja: “… No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” Ao desembarcarmos na cidade cujo nome é Nova Jerusalém, onde viveremos para sempre com Ele em feliz comunhão, sequer recordaremos dos sofrimentos, das dores, das angústias da viagem! Até lá estaremos servindo ao nosso Senhor, Salvador, magnífico Condutor, falando dEle para as pessoas, conversando com Ele por meio da oração, obedecendo às Suas ordens benditas, fazendo em tudo e por tudo a Sua soberana vontade.

Assim, seja a nossa vida – a nossa viagem terreal – curta ou longa, sempre será um exercício por meio do qual formamos nosso caráter cristão, amadurecemos espiritualmente, nos preparamos para a verdadeira vida e adquirimos bagagem para auxiliar outras pessoas, por isso este verdadeiro “condicionamento espiritual” compõe-se de uma sucessão de imprevistos, desafios, lutas, vitórias e derrotas, bons e maus momentos, e até de encruzilhadas em que por vezes nos sentimos perdidos, indecisos, com medo de errar e não chegar aonde pretendíamos. No entanto, se cremos em Jesus, se confiamos nEle, se somos portanto Seus filhos e filhas, temos a garantia de que Ele estará sempre conosco quando vier a dor, a aflição, o tormento, provendo auxílio, encorajamento e direção segura, pois Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações”, como o salmista nos conforta no Salmo 46.1 (ARA).

Nunca duvidemos, por piores que sejam as provações, que nossa consolação e amparo nesta viagem cheia de obstáculos que estamos realizando, está nas fontes divinas de todo o auxílio:

Em primeiro lugar nosso conforto vem de Deus Pai, que nunca se esquece de nós, sobretudo nos momentos difíceis, como o salmista afirma no Salmo 10.17 (NVI): “Tu, Senhor, ouves a súplica dos necessitados; tu os reanimas e atendes ao seu clamor.” O próprio Senhor anima aqueles que confiam nEle, que se arrependem e são submissos a Ele,  em Isaias 57.18 (NVI), dizendo: “… Habito num lugar alto e santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde (…) Eu vi os seus caminhos, mas vou curá-lo; eu o guiarei e tornarei a dar-lhe consolo…”

Em segundo lugar, nossa consolação procede do Deus Filho, o Senhor Jesus que, por ter experimentado em Sua missão terrena tanto sofrimento, afrontas e rejeição, bem compreende as fraquezas da condição humana, como o autor de Hebreus 4.15 (NVI) pondera: “… pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado.” E é por isso também que Paulo em 2 Coríntios 1.5 (NVI) nos traz alento: “Pois assim como os sofrimentos de Cristo transbordam sobre nós, também por meio de Cristo transborda a nossa consolação.”

Em terceiro lugar, temos o Espírito Santo de Deus. A promessa de Jesus – pouco antes de Sua crucificação – de enviar o Consolador, se cumpriu no dia de Pentecostes, e agora Ele habita em nós, dá-nos ousadia para testemunhar o Evangelho, e também nos conforta, como João 14.16-17 (ARA) registra: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós.” E o apóstolo Paulo em Romanos 8.26-27, na versão da Bíblia Viva, esclarece: “E desse mesmo modo – pela nossa fé – o Espírito Santo nos ajuda em nossos problemas diários e em nossas orações. Nem mesmo sabemos por quais devemos orar, nem orar como devemos; o Espírito Santo, porém, ora por nós com tal sentimento que não pode ser expresso em palavras. E o Pai, que conhece todo os corações, evidentemente sabe o que o Espírito está dizendo enquanto Ele intercede por nós em harmonia com a própria vontade divina.”

Em quarto lugar, o Senhor nos dá a Sua consolação através da Sua Palavra eterna contida na Bíblia. O Livro dos Livros, permeado pelo Seu amor por nós, está sempre a nosso dispor, em todos os momentos e circunstâncias, de tal forma que basta nos propormos a consultá-lo para recebermos em nossos corações os influxos da verdade imutável de Deus, da Sua consolação misericordiosa, do Seu socorro indispensável, em especial nos Salmos (NTLH), como o 94.19:“Quando estou aflito e preocupado, tu me consolas e me alegras”; ou o 119.50:“No sofrimento, eu fui consolado porque a tua promessa me deu vida”; ou ainda o 119.52: “Eu lembro dos teus julgamentos do passado, e eles me confortam, ó SENHOR”; e também no 119.76: “Peço que o teu amor me console, como prometeste a mim, este teu servo!”.

Em quinto e último lugar, encontramos nosso conforto no Corpo de Cristo, a Sua Igreja, que é a nossa família no espírito, onde em comunhão com os irmãos somos consolados e também consolamos. Cada membro do Corpo é instrumento de Deus para ser usado para um propósito especial do Criador, empregando um dom que Ele outorgou, e sempre tendo como objetivos a glória de Deus e o melhor para Seus filhos e filhas.

O apóstolo Paulo expressou com magnífica inspiração em 2 Coríntios 1.3-5, na versão Bíblia Viva, este sublime louvor de consolação e encorajamento:Que Deus maravilhoso nós temos: Ele é o Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, a fonte de toda a misericórdia, e aquele que tão maravilhosamente nos conforta e fortalece nas dificuldades e provações! E por que Ele faz isso? Para que, quando os outros estiverem aflitos, necessitados da nossa compaixão e do nosso estímulo, possamos transmitir-lhes essa mesma ajuda. Podem estar seguros de que, quanto mais suportarmos sofrimento por causa de Cristo, mais Ele derramará sobre nós o seu consolo e o seu incentivo.”

Grandioso Deus, somos totalmente dependentes de Ti, e Te agradecemos porque sabemos que se por nós mesmos nada conseguimos, podemos confiar em Tuas promessas, descansar e esperar pelo Teu agir perfeito quando nos sobrevêm as aflições próprias desta vida terrena. Então clamamos por Ti pelo alívio do nosso sofrimento, ó Pai Amado, mas queremos também – guiados e inspirados pelo Teu Santo Espírito – consolar aqueles que colocares em nosso caminho. Por isso, Senhor unge nossos lábios, toca os nossos corações para que estejamos sempre de prontidão para sermos usados por Ti. No nome santo de Jesus oramos agradecidos. Amém.

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