DISCÍPULOS DE TODAS AS NAÇÕES

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DISCÍPULOS DE TODAS AS NAÇÕES

Se no século 19, do alto de seu materialismo extremo, Karl Marx tornou famosa a citação “a religião é o ópio do povo”, nos dias de hoje, o ópio do povo é o indefectível e onipresente aparelho de TV em todas as casas, nos lugares públicos internos e externos, e até nos carros, constituindo-se em um meio de comunicação poderoso, uma das mais importantes fontes de informação, lazer e entretenimento para bilhões de pessoas em todo o mundo, influenciando-as sob os aspectos cultural, social e comportamental, exercendo ação psicológica sobre a formação das suas personalidades como instrumento de modificação da cultura e da conduta humana, criando hábitos e costumes, além de ser um poderoso e privilegiado meio informativo e de conhecimento.

 

A televisão em si mesma não é nem boa nem má, é neutra, ela apenas expressa o nível mental e espiritual do mundo em que vivemos, e as pessoas que a programam são as responsáveis pela deturpação de sua finalidade original que era a cultura, o entretenimento saudável e a utilidade pública. Como um dos maiores inventos de todos os tempos, foi originalmente idealizada com propósitos construtivos e úteis para a humanidade, porém o mal inerente ao ser humano, a ganância, o egoísmo e a corrupção assumiram o controle da produção televisiva, e o que se vê atualmente é um instrumento perigosamente condicionador de condutas deletérias, e suas vítimas preferenciais são as crianças e os adolescentes.

 

Com suas novelas amorais, infindáveis, reality-shows grotescos, permissivos, programas de variedades dominicais vazios, de conteúdo dúbio, fazem as pessoas encetarem viagens cotidianas para lugares que tornam suas vidas entorpecidas, anestesiadas, perigosamente fantasiosas, mantendo-as afastadas da realidade da existência, que deve ser centrada nos valores de Deus. Pejada, permeada de um consumismo exacerbado, este ópio contemporâneo induz as criaturas de Deus a seguirem vida afora totalmente divorciadas dEle.

 

Vivemos em uma era de constante mudança e transformação. E os inimigos da nossa alma – o mundo, a carne e o diabo – vêm mudando a estratégia por meio da qual agem. Por isso é preciso discernirmos as épocas, entendermos as eras e estarmos atentos para a forma como o mal está se manifestando, a fim de não sermos apanhados de surpresa.

 

Em nosso tempo também predomina a cultura dos Shopping Centers. E se eles são os novos templos desta religião do consumo, a mídia, sobretudo a televisão, mas também o smartphone, são seus profetas. Toda vez que ligamos a televisão ou o celular nós estamos sendo sutilmente ensinados a viver como adeptos dessa filosofia, que é a cultura do consumo. Comprar e consumir deixou de ser uma ação para atender a uma necessidade, passando a ser um dos passatempos prediletos das pessoas, aquilo que muitas pessoas preferencialmente fazem em seu tempo livre.

 

Em muitos lares, inclusive cristãos, vemos entronizado em lugar de honra no espaço principal da casa, que é a sala de estar e refeições, o enorme aparelho de Smart TV Ultra HD 4K Neo QLED, dominando todo o ambiente, com cada um portando seu smartphone onde quer que vá. É em torno destes ícones da modernidade que a família se reúne, cada um imerso em seus próprios pensamentos e interesses, conjuntamente isolados uns dos outros, vivendo uma permanente “solidão familiar”, prestando culto a janelas do mundo que invadem nosso lar sem pedir licença.

 

E o aparelho de TV, geralmente acoplado a um aparador onde a dona da casa costuma caprichosamente dispor alguns objetos de estimação – fotos familiares, lembranças de viagens, biscuits, às vezes até como enfeite uma Bíblia aberta– lembra a conformação de um altar pagão, onde os fervorosos e dedicados fiéis depositam suas oferendas mais caras – flores, incensos e até alimentos, em algumas seitas.

 

Uma pesquisa feita anos atrás pelo Instituto de Pesquisas Ipsos mostrou que quase 70% das pessoas assistiam à TV e usavam o celular ao mesmo tempo, enquanto mais de 30 milhões consumiam mídia simultaneamente em três telas: TV, computador e smartphone! Isto representava quase o dobro com relação a usuários da França e Reino Unido.

 

E é nisto que perigosamente estamos nos transformando: em adoradores do nada, do vazio, de ídolos de barro que, passo a passo – como, aliás, aconteceu várias vezes na história do povo de Israel, o povo de Deus – vão conduzindo à desgraça da degradação moral, da miséria espiritual e física, do distanciamento de Deus e da escravidão à matéria.

 

Como cristãos, precisamos ter consciência plena daquilo que estamos construindo para nós, para nossos filhos e que tipo de exemplo damos para o mundo, do qual pretensamente queremos ser instrumentos de transformação nas mãos do Senhor.

 

Não se trata de ser contra o uso da TV de forma sadia; o que não podemos admitir como cristãos é a verdadeira escravização de algumas pessoas a ela, numa espécie de idolatria dos tempos modernos. Algumas, especialmente as solitárias, chegam em casa e a primeira coisa que fazem é ligá-la, mesmo que não seja para assistir a um programa. Dizem: “é para ouvir alguém falando”. Há inclusive mães que postam seus pequenos defronte à TV por horas a fio, todos os dias, para que eles se distraiam enquanto fazem suas tarefas domésticas. E aquilo que deveria ser prioritariamente um instrumento de informação, de lazer sadio, de cultura e de educação – embora atualmente isto aconteça em proporção ínfima – na realidade é na maior parte do tempo um poderoso canal que despeja em nossos lares tudo o que de pior o mundo de satanás tem, produz e cultua, como se fora imenso duto de lixo, 24 horas por dia inundando nossos lares com toda a sorte de malignidade, de desvios, de idolatria e de falsos valores com os quais não podemos ser coniventes – se somos realmente filhos de Deus.

 

E o inimigo de nossas almas sabe o poder de influência que tem a mídia televisiva sobre as pessoas, aliás, ele mesmo tem trabalhado muito para que seja assim. Parece que tudo o que a TV mostra é o mais importante, e assim ela acabou virando o espelho da sociedade, exemplo a ser seguido, mas não pelos servos de Jesus.

 

Décadas atrás nem todos tinham televisores, depois praticamente todas as famílias passaram a possuir um, e colocaram aparelhos nas vitrines das lojas, depois começaram a espalhá-los no metrô, nos ônibus, nos aviões, nas salas de espera, fizeram TVs portáteis, TVs para instalar no carro, colocaram TV no celular, no computador, cercaram-nos destas telas que pregam para nós o tempo todo, promovendo um bombardeio de informações de cunho muitas vezes satânico.

 

A TV se dedica a ensinar a comer, beber, vestir, dormir, se relacionar, falar, pensar, crer, querer! Mas nós que somos de Cristo, somente podemos andar como Ele nos orienta, fortalece e guia, sempre fundados na Palavra Eterna e Inerrante! Então é oportuno que nos analisemos sincera e honestamente: será que dedicamos tanto tempo orando, estudando a Palavra de Deus, evangelizando, quanto despendemos defronte à TV?

 

Caso a resposta seja não, qual a razão de Jesus nos merecer menos tempo e energia do que a TV? Afinal, podemos argumentar, também precisamos nos divertir, espairecer, ter o nosso lazer televisivo, saber das últimas notícias. Certo. Porém precisamos ter claro em nossa mente e em nosso coração qual é a vida que priorizamos: a terrena ou a do céu? A efêmera ou a eterna? Ou não sabemos que esta passagem no planeta terra não é mais que um curto tempo de exercício preparatório para a verdadeira vida?

 

Se dissermos a alguém que não vemos ou assistimos muito pouco à TV, seremos vistos como extra-terrestres, como se disséssemos que vivemos sem beber água ou sem respirar, pois parece haver uma crença disseminada e implícita de que sem TV não é possível viver…  É incrível, mas as pessoas assistem 3 horas de TV por dia e acham normal, porém taxam de fanático alguém que ore 3 horas por dia! Que mundo é esse em que, por passar uma madrugada de joelhos orando alguém é maluco, mas se passar o domingo à tarde toda na frente da TV é normal?

 

Paulo, em 2 Corintios 4.4, refere-se exatamente àqueles que, já naquela época, julgavam-se “normais”. Na Bíblia NTLH, o texto declara: “Eles não podem crer, pois o deus deste mundo conservou a mente deles na escuridão. Ele não os deixa ver a luz que brilha sobre eles, a luz que vem da boa notícia a respeito da glória de Cristo, o qual nos mostra como Deus realmente é.” 

 

O termo “discípulo” aparece centenas de vezes no Novo Testamento, onde é usado para descrever os seguidores de Jesus com muito mais frequência do que “cristão” ou “crente”. Um discípulo é uma “pessoa que segue os ensinamentos de um mestre”, segundo o Dicionário da Bíblia Almeida. Visto que o mestre dos cristãos é o próprio Jesus, o verdadeiro discípulo aprende e segue a vontade do Filho de Deus. Mas, será que todos que se dizem cristãos são verdadeiros discípulos do Senhor?

 

Se somos cristãos, mas agimos como se não fôssemos, que capacidade teremos para atender ao ide de Cristo? Se não vivemos a Palavra de Deus, como poderemos proclamá-la com autêntica convicção evangelizadora? Se não amamos a Cristo, isto é, se não guardamos a Sua Palavra, como poderemos ser embaixadores Seus por todo o mundo?

 

O cristão médio de hoje em dia é resistente aos sacrifícios e à espera, e exigente quanto a seu bem-estar a curto prazo. Sua vida pede satisfações sem entregar nada importante em troca, e menos ainda se for antes de receber o que pediu. O altar não é lugar de morte, mas de recompensas. O cristão é vítima dos mesmos males que o não cristão, como a compra compulsiva e a desordem, traços de uma espécie de cultura em que o eu infantil é entronizado. Outras marcas da pós-modernidade são a escassez de compromisso pela transformação social e as sérias dificuldades dos adultos para assumir responsabilidades. O cristão pós-moderno cultua o pensamento mágico de que Deus deve fazer aquilo que ele mesmo é responsável por fazer, negando-se a tomar conta de sua própria vida.

 

Mas Jesus Cristo em Mateus 12.34 repreende: “Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração.” Será que podemos crer que se o coração – o íntimo do nosso ser – está cheio de mundanismo, o supremo bem, que é o Evangelho, a Palavra de Deus, poderá fluir de nossa boca como rios de água viva – tal como Jesus prometeu àqueles de nEle cressem – e assim estarmos aptos a ministrar a quem quer que seja? O crente que não expulsa o mundo do seu coração, passa a ser aprisionado por ele, e ao contrário, quando a Palavra de Deus nele habita, o mundo não entra em sua vida. Quando a Palavra de Deus habita abundantemente, e não apenas superficialmente, o mundo passa por ele mas não o penetra, pois não há espaço para o mundo num coração cheio da presença de Deus.

 

Quando aceitamos a Cristo, nossas vidas mudaram: ou o rejeitamos ou fomos impelidos a agir pelos Seus mandamentos. Em Mateus 28.19 Ele ordenou: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações”. Esta incumbência apostólica, cumprida por um punhado de homens convictos de que Jesus esteve com eles, mudou a história da terra quando Ele ordenou que a Sua mensagem fosse levada ao mundo inteiro, e deseja que a sua ordem seja plenamente obedecida.

 

Mas precisamos atentar para o fato de que a verdadeira ordem de Jesus em Sua Grande Comissão não é a de ir, mas sim a de fazer discípulos. O texto original em grego mostra que apenas a forma verbal fazei está no imperativo, indicando que a ordem principal do Senhor é fazer discípulos. O nosso famoso ide, está no gerúndio, indicando não o que fazer, mas como fazer para cumprir a ordem do Salvador. Desta forma, apontam os estudiosos que uma tradução mais correta seria: “Indo, portanto, fazei discípulos de todas as nações…”.

 

O Rei enviou seus embaixadores e já tinha dito que o evangelho seria pregado ao mundo inteiro naquela geração, como está em Mateus 24.14-34. Mais ou menos 30 anos depois, o apóstolo Paulo disse que esta missão fora cumprida, quando falou em Colossenses 1.23 “… do evangelho que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu…”.

 

“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”, são as palavras de Jesus em Mateus 28.18-20 dirigidas aos apóstolos, e não diretamente a nós. Mas o mesmo fato que exigia ação deles, determina a mesma ação de nós próprios. Em primeiro lugar, temos que nos tornar discípulos, voltando para Cristo, aceitando o Seu perdão e prometendo nossa plena obediência a Ele. Então, devemos comunicar as boas novas de Jesus aos outros. Nossa incumbência de evangelizar vem de passagens como 2 Timóteo 2.2, onde o evangelho é transmitido de uma geração para outra, e de Hebreus 5.12, onde o autor introduz um sentido de “dever” na vida de cada discípulo.

 

Da mesma forma como Cristo comissionou a Paulo na passagem que está em Colossenses 1.24-29, a nós também pertence um papel essencial na evangelização de almas carentes da nossa geração, a responsabilidade de – como cristãos hodiernos – sermos a Jerusalém de onde a Palavra precisa sair, como aconteceu no primeiro século, novamente e como sempre, pela mão do nosso Deus.

 

Amado Pai, graças te damos porque sabemos que nunca nos faltará o Teu amparo e direção para que possamos comunicar ao mundo as boas novas da salvação. Ajuda-nos a resistir às pressões do maligno e assim não nos conformarmos em sermos meramente comunicados das coisas do mundo pelos corrompidos meios de comunicação humanos. É no nome santo e precioso de Jesus que assim oramos com nossos corações plenos de gratidão. Amém.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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