ENFRENTANDO AS PROVAÇÕES

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ENFRENTANDO AS PROVAÇÕES

Muitas vezes passamos por uma penosa circunstância na vida e nos perguntamos: por que isto está acontecendo comigo? Dias intermináveis de sofrimento e dor nos acometem sem que saibamos a razão e o que ainda teremos pela frente, mas Jesus nos conforta assegurando em João 16.33: “… No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”.

 

Então buscamos socorro na Palavra de Deus e descobrimos que as aflições, ou provações, fazem parte da vida, e o Senhor as permite por motivos extremamente relevantes, que possuem repercussões eternas. Uma provação é um desafio que o Senhor nos propõe para provar a nossa fé, para nos fortalecer o espírito e possibilitar que nos santifiquemos, como Tiago 1.2-3,12 (ARA) ensina: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. (…) Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.”

 

Portanto, Tiago nos faz compreender que na vida terreal somos constantemente provados para conseguirmos ser aprovados por Deus. E mesmo que as adversidades nos assolem com violência, diante delas devemos nos manter fiéis à vontade dEle, com a certeza de que Jesus intercede por nós e está conosco. Por isso devemos manter nosso olhar fixo nEle, entregando-Lhe o leme do barco de nossa vida, confiantes e certos da afirmativa do apóstolo em 1 Pedro 1.7 (NTLH): “Essas provações são para mostrar que a fé que vocês têm é verdadeira. Pois até o ouro, que pode ser destruído, é provado pelo fogo. Da mesma maneira, a fé que vocês têm, que vale muito mais do que o ouro, precisa ser provada para que continue firme. E assim vocês receberão aprovação, glória e honra, no dia em que Jesus Cristo for revelado”.

 

É fácil seguir a Cristo quando estamos navegando por mares tranquilos, voando em um céu de brigadeiro, mas, e quando somos atingidos por tempestades inesperadas e implacáveis? Será que nosso amor pelo Senhor permanece inalterável e nossa fé conserva-se constante porque confiamos em Suas promessas, ou sucumbimos ao desespero e à dúvida e somente enxergamos até onde nossos olhos carnais permitem?

 

Um dos maravilhosos paradoxos da vida cristã é a alegria que persiste mesmo em meio à tristeza, se estamos firmados em Cristo: por um lado exultamos com as promessas de Deus, que jamais falham, de recebermos as recompensas celestiais que Ele tem preparadas para nós na vida por vir, a gloriosa herança que nos espera e nos permite experimentar grande júbilo, mesmo quando acometidos por situações aflitivas.

 

A comprovação de que nossa luz está brilhando nas trevas do mundo se dá justamente quando somos acometidos por duras provações, como parte do processo de refinamento que nos limpa das impurezas do pecado e nos prepara para a nossa união eterna com Cristo. As aflições também têm o importante papel de nos ensinar a sermos mais pacientes e de testar o valor e a autenticidade de nossa fé, auxiliando-nos a crescer “Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo”, como Paulo nos incentiva em Efésios 4.13 (ARA).

 

Esta passagem revela o segredo da força e da resiliência que devemos ter quando a vida se apresenta penosa e a nossa fé é pequena, capacitando-nos assim a resistir firmemente contra o desânimo ao acenar-nos com a sublime grandeza daquilo que esperamos. Porque toda provação é oportunidade para pôr à prova, fortalecer e purificar a nossa fé, que no final, – se nos mantivermos fiéis e confiantes, – nos colocará perante Jesus Cristo para sermos acolhidos em Seus braços para ouvirmos as doces palavras que pronunciou em Mateus 25.21: “… Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor”.

 

Uma incalculável quantidade de pessoas pelo mundo vive em permanente conflito com Deus, mas Paulo ensina que todas as Suas antigas promessas estão se tornando realidade, e que no centro delas está a instituição de uma amorosa relação pessoal entre nós e o nosso Criador. E é nesta passagem de lirismo ímpar em Romanos 5.1-5 (ARA) que ele manifesta a profunda alegria que nos deve invadir por termos sido declarados justos pelo Pai: “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado”.

 

Totalmente entregues a Deus seremos então envolvidos pela profunda e inexcedível paz que não é um mero sentimento de calma e tranquilidade, mas sim a manifesta certeza de que agora estamos com o Pai reconciliados. Por isso não há mais hostilidade entre nós e assim nenhum pecado por nós cometido obstrui nossa relação com Ele, só tornada possível porque Jesus pagou na cruz o preço pelos nossos pecados.

 

Muitos tipos de circunstâncias podem representar uma provação ao fazer pressão sobre os cristãos, como a privação, a carência, a crueldade das circunstâncias, a perseguição, a impopularidade e a solidão. Mas toda esta tensão, diz Paulo, produz a paciência que, se for utilizada para enfrentar a aflição, contribui para que nos tornemos mais fortes, mais puros, melhores cristãos e estejamos, assim, mais próximos de Deus.

 

Quando temos a convicção de que a provação que enfrentamos irá produzir perseverança, e que esta, por sua vez nos acrescentará a experiência que, então, nos dará a verdadeira esperança posta em Deus, podemos ter a certeza de que não seremos frustrados, que ela não é ilusória, porque Ele nos ama com um amor eterno que está apoiado em um poder eterno. Por este motivo Paulo, em Romanos 12.12 (NVI), exorta aos cristãos que “Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração”, porque, se descuidamos da oração, nos vemos esvaziados da força que Deus nos concede para enfrentar os desafios da existência e os ataques do inimigo.

 

A Bíblia é o nosso manual de fé e prática perfeito, completo, inerrante, permanentemente à nossa disposição para nos auxiliar em todas as circunstâncias da vida, mostrar o caminho a seguir, apontar nossas falhas, nos fortalecer e dar sabedoria no enfrentamento das provações. Eis alguns exemplos:

 

As provações são inevitáveis pelo seu papel pedagógico e nos acompanharão por toda a nossa vida na terra, preparando-nos para a eternidade, como exortavam Paulo e Silas a seus discípulos em Atos 14.22 (NVI): “É necessário que passemos por muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus”.

 

Deus também permite que passemos por provações e desafios para que nos aproximemos mais dEle para nos salvar, como o salmista louva no Salmo 107.13 (NVI): “Na sua aflição, clamaram ao Senhor, e eles os salvou da tribulação em que se encontravam”.

 

Ele muitas vezes, no intento de perscrutar nossos corações, de verificar se permanecemos fiéis a Ele e obedientes à Sua Palavra, nos faz percorrer um deserto, como fez com o povo de Israel. Naquela circunstância, Moisés, como Seu porta-voz, fez um alerta em Deuteronômio 8.2 (NVI) que pode, não raro, se aplicar a nós: “Lembre-se de como o Senhor, o seu Deus, os conduziu por todo o caminho no deserto, durante estes quarenta anos, para humilhá-los e pô-los à prova, a fim de conhecer suas intenções, se iriam obedecer aos seus mandamentos ou não”.

 

Por outro lado, ocasionalmente, para nos aproximar mais da Sua Palavra, devemos fazer eco ao salmista, que no Salmo 119.71 (NVI) admite com humildade: “Foi bom para mim ter sido castigado, para que aprendesse os teus decretos”.

 

Jesus, na passagem de João 15.1-2 (NVI), trata da limpeza a que podemos ser submetidos pela Palavra de Deus que purifica a nossa vida, ali estabelecendo uma diferença entre dois tipos de poda, o corte radical dos ramos infrutíferos e o desbaste fecundo dos ramos frutíferos, dizendo: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda”. Assim sendo, se somos ramos produtivos para o Reino, devemos nos alegrar e dar graças quando Deus executa em nós a provação da poda para que sejamos mais frutíferos ainda.

 

Para nos ensinar a obediência em meio à provação, Jesus mais uma vez é nosso modelo, pois optou por sujeitar-Se, fazendo Sua a vontade do Pai, apesar do alto custo da atitude de perfeito amor que O conduziu à cruel morte na cruz, como o autor de Hebreus 5.8 (NVI) pondera: “Embora sendo Filho, ele aprendeu a obedecer por meio daquilo que sofreu…”.

 

O Senhor deseja que sejamos o tipo de pessoa que Cristo possa usar para os Seus mais nobres propósitos, e para isto somos incentivados, como Paulo fez a seu amado discípulo em 2 Timóteo 2.20-21 (NVI), advertindo-o de que “Numa grande casa há vasos não apenas de ouro e prata, mas também de madeira e barro; alguns para fins honrosos, outros para fins desonrosos. Se alguém se purificar dessas coisas, será vaso para honra, santificado, útil para o Senhor e preparado para toda boa obra”.

 

Deus igualmente nos põe à prova por meio das aflições para que saibamos do que somos capazes frente aos desafios da vida e para que cresçamos na fé, tornando-nos mais puros e mais assemelhados a Cristo. Por isso devemos, em lugar de queixas quando enfrentamos árduas provações, manifestar coragem e regozijo, e é por meio do profeta Isaías 48.10 (NVI), que o Senhor mostra o Seu agir: “Veja, eu refinei você, embora não como prata; eu o provei na fornalha da aflição”.

 

A virtude da paciência é outra qualidade fundamental que Deus deseja que incorporemos ao nosso agir cristão, por isso Paulo, Romanos 5.3 (NTLH), ensina: “E também nos alegramos nos sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência…”.

 

A sabedoria é outra propriedade inestimável do verdadeiro cristão que, entretanto, sem arrostar duras batalhas não conseguirá alcançá-la, por isso o sábio rei Salomão em Eclesiastes 7.3-4 (NVI) medita: “A tristeza é melhor do que o riso, porque o rosto triste melhora o coração. O coração do sábio está na casa onde há luto, mas o dos tolos, na casa da alegria”.

 

Amado Pai, tomamos a liberdade de fazer nossas, a título de oração, as inspiradas, doces e sábias palavras de Teu filho Paulo na segunda epístola que escreveu aos coríntios, nas passagens 1.3-5 e 4.16-18, juntas em um mesmo todo, assim expressando o que nos vai no coração: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus. Porque, assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo. Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas”. Assim oramos com profunda gratidão no nome de Jesus. Amém.

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