Ensino e Aprendizagem Eternos
Desde o Jardim do Éden, Deus tem se empenhado em nos ensinar, persistentemente, a cada instante e circunstância de nossa vida, como Pai zeloso, verdadeiro e amoroso que é, porque deseja o melhor para os Seus filhos. Porém, em contrapartida, nós geralmente somos lentos, algumas vezes relapsos, outras tantas oportunidades descuidados no aprender. Mas Ele persiste incansavelmente no Seu propósito porque nos ama e quer o nosso bem, porque quer nos poupar de sofrimentos desnecessários e de desperdício do curto e precioso tempo de que dispomos em nossa jornada.
Nosso Deus de infinitos amor, misericórdia e bondade nos criou não para padecermos vítimas de dores e sofrimentos, mas sim para que durante a nossa existência no planeta vivamos em um elevado e permanente processo de ensino-aprendizagem por Ele conduzido: através de vários meios nos instrui sobre o que deseja que conheçamos sobre Ele e aprendamos a aplicar estes conhecimentos, para os ensinarmos a outros atuando como Seus instrumentos de amor e graça, para cooperarmos na Sua obra, para tornar-nos mais sábios, mais preparados para enfrentar as agruras da vida terreal, para fazermos o bem e para amadurecermos como cristãos, nos santificando em preparação para a vida eterna ao Seu lado.
O processo ideado pelo Senhor é extremamente simples: de um lado Ele, o Deus-Amor, o Todo-Poderoso, o Criador de tudo o que existe, nos instrui através de Sua Palavra, de pessoas que coloca em nosso caminho e das provações e situações a que somos submetidos; de outro, nós, que nada somos, nada sabemos, apenas fomos imerecidamente chamados por Ele, devemos corresponder ao divino agir com a única atitude aceitável e sine qua non que nos cabe: a submissão completa, que infelizmente nos tem faltado desde sempre.
Uma síntese do método perfeito que Deus usa pode ser captada ao unirmos duas passagens, uma no Antigo e outra no Novo Testamento: “Eu sou o SENHOR, o teu Deus, que te ensina o que é útil e te guia pelo caminho em que deves andar”, Ele proclama em Isaías 48.17, enquanto Paulo em Filipenses 4.9 exorta ao aprendizado e à prática do conhecimento adquirido: “O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco.”
O Senhor nos propicia continuada oportunidade de aprendizagem, mas é nas crises da vida que podemos usufruir de forma mais acentuada e intensiva de ocasiões propícias para a nossa maturação cristã, e isto depende da nossa atitude ao enfrentá-las. Embora provoquem um nível de sofrimento que muitas vezes pode ser difícil de suportar, a certeza de que Deus nos ama é a garantia de que nas provações – que nos acometem na proporção exata para nos fazer crescer – Ele tem sempre um propósito abençoador, regenerador, que atua como uma espécie de medicamento para curar-nos e aperfeiçoar-nos em todas as dimensões do espírito, ao mesmo tempo em que somos ensinados sobre as virtudes que deseja ver existentes ou ampliadas em nós. Meditemos brevemente sobre algumas delas:
O AMOR
“… porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?” (Hebreus 12.6-7).
As aflições, embora possam vir como manifestação do desagrado de Deus, mesmo assim são provas do infinito e profundo amor paternal que tem por nós. Todos erramos e carecemos de instrução, disciplina e correção de nossas condutas para sermos moldados à Sua imagem. Deus nos ama como somos, mas nos ama tanto que não deseja que continuemos como estamos!
A DEPENDÊNCIA
“Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra” (Salmos 121.1-2)
Devemos depender dos homens, dos poderes da terra e dos meios humanos, por maiores que sejam, quando as tempestades da vida nos assolam? Davi, em sua vida atribulada por perigos inúmeros e de várias ordens, é um exemplo extraordinário de homem pecador como nós, que entretanto aprendeu a viver em harmonia, humildade e integridade completa com Deus. Através do exemplo de enfrentamento das crises que Davi nos dá, somos ensinados a ser completamente dependentes de Deus!
A HUMILDADE
“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mateus 5.3)
Benditos e felizes somos quando temos consciência de nossa total e absoluta carência espiritual e colocamos toda a nossa confiança em Deus esvaziando-nos de nós mesmos para sermos plenificados por Jesus Cristo, a única forma de sermos cidadãos do Reino dos céus. Nas crises Deus nos oferece precioso ensejo para nos conscientizarmos de nossa absoluta impotência, pequenez e orfandade longe Ele!
A FÉ
“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hebreus 11.1)
Mergulhados em intensa crise, como se estivéssemos no interior de profundo e escuro poço, só nos resta olhar para o alto, de onde procede a única luz salvadora. É somente do céu que pode nos vir a ajuda de que tanto carecemos, proveniente das mãos dAquele que verdadeiramente é quem diz ser e que fará o que promete. Aumentar a nossa fé é outra lição que o Senhor nos proporciona nas crises!
A FORÇA
“… tudo posso naquele que me fortalece.” (Filipenses 4.13)
Quando somos cristãos autênticos, colocando Deus acima de tudo, obedecendo-Lhe irrestritamente, servindo-O obedientemente, tudo fazendo para a Sua glória eterna, Ele provê tudo o que necessitamos, nos guarda do mal e nos guia nos Seus caminhos. Não importa a dimensão da crise que enfrentamos, o poder que nos dá a união com Cristo é mais que suficiente para superarmos todo e qualquer desafio!
A CONSCIENTIZAÇÃO
“Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra.” (Salmos 119.67)
Em certos momentos em que navegamos em paz, segurança e tranquilidade pelos mares da vida, é fácil desviarmo-nos para longe de Deus levados pelos ventos prazerosos do mundo. É então que pecamos pela desobediência, pelo orgulho, pela indulgência, pelo mundanismo, surdos às reprovações da Palavra. Por meio das crises Deus nos traz de volta a Ele, conscientizando-nos de que só por Seu amor e graça podemos ser salvos!
A MATURIDADE CRISTÃ
“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6)
A obra de Deus por nós começou quando Jesus foi sacrificado na cruz em nosso lugar, começou em nós quando entregamos nossa vida ao Salvador, continua ao longo de nossa vida fazendo com que nos assemelhemos mais a Ele e só terminará com a Sua volta. Glória a Deus que nos ama tanto e Se importa de tal forma conosco que coloca crises em nosso caminho para aprendermos a ser cristãos maduros!
A CONFIANÇA
“Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do Senhor, nosso Deus” (Salmos 20.7)
Muitos depositam toda a sua confiança nas posses materiais e no poder secular, crendo que assim estão a salvo das vicissitudes da vida. Mas o poderoso rei Davi sabia que o único, verdadeiro e invencível poder só é possível encontrar em Deus, o Todo-Poderoso que tudo criou e tudo mantém pela Sua graça. Este é mais um fundamental ensinamento que Deus deseja que absorvamos por meio das crises!
A SEMELHANÇA A CRISTO
“E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.” (2 Coríntios 3.18)
O segredo da santidade cristã está em olhar firmemente para Cristo nas Escrituras e O imitarmos, num processo transformador contínuo e crescente de conhecimento da glória de Deus por meio do agir do Espírito Santo. Que perspectiva magnífica é a de nos assemelharmos mais a Cristo, refletindo cada vez mais a Sua imagem e agindo como Ele agiria, sobretudo ao enfrentarmos as crises da vida terreal!
A ALEGRIA DA SALVAÇÃO
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável. Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito. Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com um espírito voluntário.” (Salmos 51.10-12)
Davi tinha consciência de que por causa de sua transgressão seu coração se tornara impuro, seu espírito estava penosamente abalado e temia também que Deus o expulsasse de Sua companhia. Rogava então que o Senhor fizesse voltar nele a alegria da salvação e o sustivesse em sua fraqueza. A alegria da salvação em Cristo Jesus é tão grande que, mesmo nas maiores crises, é maior que todo e qualquer mal!
A MISERICÓRDIA
“Sede misericordiosos, como também é misericordioso vosso Pai.” (Lucas 6.36)
Se tivermos misericórdia para com os outros estaremos praticando o amor verdadeiro, e isto não é um sentimento, mas uma decisão de satisfazer as necessidades do próximo, conduzindo à paz e a harmonia onde quer que estejamos, não importam as circunstâncias, o momento ou o lugar. Em meio às crises da existência terreal, sermos misericordiosos demonstra que somos verdadeiros cristãos!
O DISCERNIMENTO
“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12.2)
Toda a sabedoria e discernimento vêm de Deus, que utiliza também as crises para induzir-nos a meditar sobre os rumos e valores que praticamos em nossa vida ao retirar-nos da nossa zona de conforto e motivar-nos a reavaliar nossas condutas. O Senhor quer que saiamos de toda crise por que passarmos mais sábios, com mais discernimento espiritual e mais próximos dEle do que quando nela entramos!
A SOLIDARIEDADE
“Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo.” (Lucas 3.11)
Nas crises o Senhor nos concede inestimáveis circunstâncias para compartilharmos o que temos com aqueles que estão necessitados, não apenas de coisas materiais, mas principalmente da Sua Palavra. Ele nos convida a rever nossos conceitos e principalmente nossas práticas cotidianas, inserindo-as numa ação maior de solidariedade. Que o Senhor nos guie e mostre onde, como e quando repartir o que temos!
A ESPERANÇA
“… regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes…” (Romanos 12.12)
Mesmo atribulados temos razões consistentes para nos alegrar, pois nossa esperança maior reside na volta de Cristo. Por isso devemos ser pacientes nas crises, orando sem cessar em Seu nome para enchermos a vida de poder e o coração de paz. Quando tudo parece desabar à nossa volta e não enxergamos o fim da crise que nos envolve, lembremos que acima e além de tudo está o Senhor Todo-Poderoso!
Senhor bendito, Te agradecemos porque as crises, cada uma com suas características inerentes, apesar dos danos que provocam, das tristezas, dificuldades, incertezas e momentos maus, carregam em seu bojo um desígnio que redundará irreversivelmente no bem maior do qual Tu és a fonte. Pai amado, Te louvamos e agradecemos porque é maravilhoso saber que as virtudes que pela Tua graça alcançamos durante e pelas provações são eternas, e que um dia Tu nos “enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.” (Apocalipse 21.14)
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