Estudos Bíblicos

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Justiça e Paz

Thomas Andrews, construtor do Titanic, o maior navio de passageiros de sua época, no dia de lançá-lo ao mar respondeu de forma arrogante a uma repórter que o questionou quanto à segurança do navio: “Minha filha, nem Deus afunda este navio”.

O Titanic afundou em sua viagem inaugural, após bater num iceberg, matando mais de 1.500 pessoas, no maior naufrágio de um navio de passageiros em todos os tempos.

No Brasil, a classe política sempre revelou incontáveis candidatos a cargos eletivos que, na ânsia para angariar votos, nunca hesitaram em afirmar as mais deslavadas inverdades, a fazer as mais absurdas promessas e a proferir as mais arrogantes bravatas que ao longo dos mandatos jamais se cumprem. Como consequência inevitável, estupefatos, preocupados, consternados e enojados, hoje assistimos – graças ao desgoverno e à corrupção endêmica alojada em todos os níveis da política nacional por décadas a fio – o país mergulhado na pior crise da sua história. Sim, o Brasil-Titanic no qual estamos embarcados encontra-se seriamente danificado, arriscado de ir a pique, e a vida está repleta de exemplos de afirmações cheias de soberba, de heresias ególatras de pessoas que depois são desmentidas pelos acontecimentos subsequentes.

No entanto, o profeta Isaías no capítulo 32 de seu livro, versículos 1 a 8, traça um retrato do rei e do governo ideais, que no entanto só será plenamente concretizado quando o Messias vier novamente para estabelecer Seu justo governo sobre o planeta.

Vejam se não parece uma resposta maravilhosa, verdadeiramente de sonho, às nossas inquietações quanto ao presente político que vivemos. Diz ele, na versão da Bíblia de Estudo Nova Tradução na Linguagem de Hoje: “Virá o dia em que um rei reinará com justiça e as autoridades governarão com honestidade. Todas elas protegerão o povo como um abrigo protege contra a tempestade e o vento; elas serão como rios numa terra seca, como a sombra de uma grande rocha no deserto. Então todos poderão ver claramente de novo e de novo ouvirão tudo facilmente; serão ajuizados, entenderão as coisas e poderão falar com clareza e inteligência. Ninguém dirá que um sem-vergonha é uma pessoa de valor, nem que o malandro merece respeito. Pois o sem-vergonha diz mentiras e está sempre planejando fazer maldades. O que ele diz a respeito do Senhor é falso; ele faz estas coisas que Deus detesta: nega comida aos que têm fome e água aos que estão com sede. O malandro faz trapaças; inventa mentiras para prejudicar a causa dos pobres, mesmo quando eles têm razão. Mas quem é direito faz planos honestos e é correto em tudo o que faz.” Mais adiante no mesmo capítulo, nos versículos 17 a 19, Isaias profetiza: “O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça, repouso e segurança, para sempre. O meu povo habitará em moradas de paz, em moradas bem seguras e em lugares quietos e tranquilos, ainda que haja saraivada, caia o bosque e seja a cidade inteiramente abatida.”

Sem justiça não pode haver paz, e a promessa profética é a de que no reino Milenar o justo viverá em paz, a tal ponto que sua habitação não será atingida, mesmo que tudo à sua volta seja totalmente destruído. Mas é necessário que façamos a nossa parte, como filhos de Deus, como servos usados por Ele para a construção do Seu Reino. Partindo deste pressuposto básico, essencial, como deveria ser nossa atitude como cristãos, para que influenciemos o nosso entorno, onde quer que estejamos – bairro, cidade, nação – de forma positiva e transformadora?

Deus tem como alvo de Seu agir tanto o céu como a terra. Isso está expresso nos ensinamentos dados por Jesus em Mateus 6.10, quando nos ensinou a Oração do Senhor: “…venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”. Davi, no salmo 24.1 e Paulo, em 1 Coríntios 10.26, disseram a mesma coisa:do Senhor é a terra. É sobre a terra que Deus imprime Seu amor, Sua justiça e Sua retidão, em cada nação. Jesus ensinou que a única maneira de se entrar no Reino dos Céus era por intermédio d’Ele, mas sempre colocou a salvação dentro do contexto da mensagem completa do Reino dos Céus. Ele nunca se referiu ao evangelho da salvação; Jesus ensinou o evangelho do Reino, contemplando não só a salvação como também as verdades sobre cada aspecto da nossa vida.

O teólogo e pastor luterano Dietrich Bonhoeffer, certa vez afirmou: “Salvação sem discipulado é ‘graça barata’.” A experiente líder cristã e missionária Landa Cope em seu livro “Modelo Social do Antigo Testamento – Redescobrindo Princípios de Deus para Discipular as Nações” defende a tese de que as áreas da vida devem ser usadas estrategicamente para discipular as nações: o Governo, a Família, as Artes, a Educação, a Ciência, a Comunicação e a Economia, mas entende que também é necessário redefinir o papel da Igreja neste contexto.

Ela pede que oremos para que haja uma revolução global na Política e na Justiça Social, uma “explosão” de integralidade nos indivíduos e nas famílias; pede que oremos para que a glória de Deus seja revelada, e para que todos os cristãos do mundo sigam o que Francisco de Assis ensinou: é preciso dar testemunho de Deus todos os dias e, quando necessário, usar palavras.

Irmãos, na verdade Deus nunca muda; nós, o Seu povo, no entanto, necessitamos mudar, e muito.

Pai, cremos na Tua palavra e acreditamos em Ti quando dizes que queres abençoar todas as pessoas e usar a Igreja de Cristo para isso. Senhor, nos dias de hoje não estamos tendo o tipo de influência cristã que deveríamos ter, por isso ajuda-nos a enxergar o caminho que Tu desejas que trilhemos. Em nome de Cristo Jesus oramos agradecidos. Amém.

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Nossa Única Esperança

Quando Jesus iniciou seu ministério na terra, muitos eram os que tinham uma perspectiva política da promessa messiânica, nutrindo grande ambição de liberdade e independência do conquistador romano.

Jesus mais tarde – quando ressurreto e pouco antes de ser elevado às alturas – foi questionado pelos discípulos tal como está registrado em Atos 1.6: “Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?”

Ao que – em Atos 1.7,8 – Jesus retorquiu: “Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.”.

É claro, assim, que o projeto de Jesus para os Seus discípulos não é político; longe de se vincular às coisas da matéria, está permeado de um caráter essencialmente espiritual.

Isto não significa, no entanto, que Seus seguidores não devam exercer seus deveres de cidadãos, e não possam atender a responsabilidades de cidadania política, quando a tanto forem solicitados ou as oportunidades e a vocação surgirem. Mas não podemos esquecer o que Jesus disse em João 18.36: “O meu reino não é deste mundo.”

Como cristãos, não podemos deixar de reafirmar a centralidade da pessoa e da obra de Jesus Cristo como Senhor e Salvador, a autoridade das Sagradas Escrituras, a busca da santidade e a ênfase na missão integral da Igreja. E não podemos esquecer que a missão prioritária dos cristãos e da Igreja é divulgar, proclamar, anunciar, compartilhar as Boas Novas da Salvação e da reconciliação com Deus, tendo como foco uma nova realidade global que ansiosamente esperamos, num futuro determinado pelo Senhor.

A história tem demonstrado repetidamente ao longo dos tempos, que a aliança e a conivência entre o espiritual e o secular inevitavelmente leva a descaminhos deletérios. Na qualidade de cristãos não podemos excluir a fé e o espiritual – no que representa relacionamento e intimidade com Deus – de qualquer área da nossa vida. A dimensão espiritual deve permear toda a nossa existência e estar presente em toda e qualquer área em que atuemos, contrariando a tese que alguns equivocadamente defendem de que a nossa vida é feita de dimensões separadas, a espiritual, a profissional, a familiar e a política, entre outras.

É preciso lembrar que no mundo vivemos em batalha espiritual permanente, e que por isso há um alto preço a pagar por procurarmos que a cidade dos homens reflita a cidade de Deus e não a cidade do diabo.

Calvino aprovava o engajamento político – não necessariamente partidário, mas cidadão – dos cristãos dizendo: “…não se deve pôr em dúvida que o poder civil é uma vocação, não somente santa e legítima diante de Deus, mas também mui sacrossanta e honrosa entre todas as vocações.”

Sabemos que o mundo nunca será perfeito antes do advento da Nova Jerusalém, mas é certo que poderá estar muito pior em razão da nossa omissão ou do nosso apoio aos egoístas de plantão que visam exclusivamente seus próprios interesses.  Ao contrário, devemos ter uma postura ativa atuando no ensino e esclarecimento e por meio de orações, intercedendo tanto em conjunto – na igreja, em grupo e em família – quanto individualmente como cidadãos, mas também por meio de movimentos e instituições cristãs, conscientizando, exortando e preparando para o exercício da política.

A ação política cidadã não deve se limitar ao partidário nem, muito menos, ao eleitoral, mas a uma atitude de responsabilidade, sensibilidade, disponibilidade e intervenção no cotidiano, traduzida em obediência à Palavra e testemunho de Cristo.
Nem direita ou esquerda totalitárias, nem direita ou esquerda autoritárias, nem sociedades altamente estratificadas dos poucos com muito e dos muitos com pouco, nem os modos de produção que concentram propriedade, renda, poder e saber, são congruentes com os valores do Reino de Deus, em que nós cristãos cremos, professamos, defendemos e promovemos.

Por isso é inimaginável, inaceitável, que sejamos coniventes com políticas e políticos que estejam a serviço exclusivo dos reinos da terra e de seus mesquinhos e egoístas interesses pessoais e de grupos.

Pai de misericórdia, ante um cenário político tão preocupante como o atual em nosso país, clamamos pelo Teu agir para que a iniqüidade e as forças do mal que o governam, sejam detidas em seus propósitos diabólicos, enquanto esperamos pela volta de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, nossa única, eterna e real esperança. Oramos suplicantes no Nome Santo que está acima de todo o nome. Amém.

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Prosperidade e Decadência

Quando o profeta Oséias iniciou seu ministério, durante o reinado de Jeroboão II (782-753 a.C.), Israel vivia uma época de prosperidade material, contrastando com grande decadência espiritual, assim como ocorre nos dias de hoje em boa parte do mundo.

E Deus – para ilustrar vividamente a infidelidade do povo de Israel – ordenou ao profeta, como ele mesmo registra em Oséias 1.2 (Bíblia NTLH): “Quando o Senhor Deus falou pela primeira vez por meio de Oséias ao povo de Israel, ele disse a Oséias: — Vá e case com uma prostituta de um templo pagão; os filhos que nascerem serão filhos de uma prostituta. Pois o povo de Israel agiu como uma prostituta: eles foram infiéis e me abandonaram.”

O tema do livro de Oséias é o leal amor de Deus por Israel, malgrado a contínua infidelidade do povo, que é configurada pela experiência conjugal do profeta que, após casar-se com Gômer, descobriu que ela lhe era infiel. Embora ocorresse a separação, o amor de Oséias – assim como o amor de Deus por Seu povo – manteve-se, e por fim ocorreu a reconciliação.

E no capítulo segundo, versos 12 a 23 (Bíblia NTLH), o profeta usa de analogias com o amor conjugal para transmitir ao povo de Israel o Seu amor por ele e comunicar mensagem de amor, renovação, esperança e restauração: “— Vou seduzir a minha amada e levá-la de novo para o deserto, onde lhe falarei do meu amor. Ali, eu devolverei a ela as suas plantações de uvas e transformarei o vale da Desgraça em uma porta de esperança. Então ela falará comigo como fazia no tempo em que era moça, quando saiu do Egito. Mais uma vez ela me chamará de ‘Meu marido’ em vez de me chamar de ‘Meu Baal‘. Nunca mais deixarei que ela diga o nome Baal; nunca mais se falará desse deus. Sou eu, o Senhor, quem está falando. — Naquele dia, farei um acordo com os animais selvagens, com as aves e com as cobras, para que não ataquem a minha amada. Quebrarei as armas de guerra, os arcos e as espadas; não haverá mais guerra, e o meu povo viverá em paz e segurança. — Israel, eu casarei com você, e para sempre você será minha legítima esposa. Eu a tratarei com amor e carinho e serei um marido fiel. Então você se dedicará a mim, o Senhor. Naquele tempo, serei o Deus que atende: atenderei o pedido dos céus; os céus atenderão o pedido da terra, dando-lhe chuvas; e a terra responderá produzindo trigo, uvas e azeitonas. Assim eu atenderei as orações do meu povo de Israel . Plantarei o meu povo na Terra Prometida para que eles sejam a minha própria plantação. E eu amarei aquela que se chama Não-Amada; para aquele que se chama Não-Meu-Povo eu direi: ‘Você é o meu povo’, e ele responderá: ’Tu és o meu Deus’.”

A profecia de Oséias foi a última tentativa de Deus para levar Israel a arrepender-se de sua idolatria e iniqüidade persistentes, antes que Ele entregasse a nação ao seu pleno juízo. O livro foi escrito com o objetivo de revelar que Deus conserva Seu amor ao Seu povo apesar de sua infidelidade, e que deseja intensamente redimi-lo de sua iniqüidade. O Senhor também acena com as conseqüências trágicas que se seguem quando há persistência no desobedecer-Lhe, e em rejeitar o Seu amor redentor.
A infidelidade da esposa de Oséias é uma ilustração da infidelidade de Israel. Gômer vai atrás de outros homens, ao passo que Israel corre atrás de outros deuses. Gômer comete prostituição física; Israel pratica prostituição espiritual.

Apoiado em textos dos profetas Oséias e Isaías, Paulo em Romanos 9.25-29  mostra que qualquer um, judeu ou não, que exercer fé em Cristo, sai da condição de rebelde para integrar o povo de Deus.

O Velho Testamento deixa claro que a chamada dos gentios (não judeus) estava prevista séculos antes do nascimento de Jesus. Mas o ponto de partida para um oferecimento mais abrangente da salvação, foi a recusa dos judeus em reconhecê-lO como o Messias.

Deus não se esquece de uma só promessa que faz e quer que os salvos em Cristo sejam o sal da terra, fator essencial de conservação deste mundo. Deus é zeloso por seu povo, e se entristece quando substituímos nossa adoração a Ele por atrativos mundanos – fama, conhecimento intelectual, dinheiro, posses, poder, cargos, profissão, para citar apenas alguns. É como se uma esposa ou um marido traíssem seu cônjuge adulterando com outrem, daí a prostituição e o adultério serem tão condenados na Bíblia.

Hoje em dia há uma proliferação enorme de ídolos, como o culto à beleza, ao corpo, ao trabalho, aos amigos, ao prazer em suas diversas formas – tudo bem justificado e considerado natural pelo mundo. Examinemo-nos: estamos priorizando qualquer coisa em detrimento de nossa adoração a Deus? O alerta ao Israel do passado cabe hoje a nações outrora cristãs e que se acham desviadas, imersas em total mundanismo, seguindo muitos outros deuses.

Esse alerta é também para nós agora, em nosso país, em nossa cidade, em nossa casa.

Senhor, que reconheçamos que Tu estás sempre pronto a nos resgatar e ter-nos de novo em Teus braços, mesmo que tenhamos nos “prostituído” servindo a outros deuses modernos. Que nunca nos esqueçamos de que Tu estás sempre ao alcance da nossa oração, perdoando-nos e oferecendo reconciliação conTigo. Em nome de Jesus. Amém.

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