Estudos Bíblicos

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Missões

Durante sua primeira viagem missionária, naquela sinagoga em Antioquia da Pisídia, Paulo falou ousadamente aos judeus locais, que tomados de inveja pelas multidões que eram atraídas pela Palavra de Deus que ele proclamava, blasfemando contradiziam ao apóstolo.

E ele então citou Isaias 49.6, dizendo-lhes o que Lucas registrou em Atos 13.47:”…Eu te constituí para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até aos confins da terra.” Este maravilhoso aceno que o apóstolo fez para os descrentes gálatas, é o mesmo que nós devemos fazer para todos os incrédulos da terra nos dias de hoje.

Mais tarde, na sua carta aos gálatas, já então constituídos como igreja de Cristo, o apóstolo volta a valer-se das promessas de Deus, desta vez a Abraão, citando sua chamada em Gênesis 12.1-3: “Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção: abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.”

Este “deixa tua terra” foi mais tarde explicitado pelo Evangelho com o fundamental Ide de Cristo. Abraão não conhecia a meta nem as etapas que devia percorrer para alcançá-la. Mas, confiando no Senhor, foi.

Nos dias de hoje, quando um missionário deixa a própria pátria, seu objetivo é fazer com que Jesus Cristo seja conhecido e amado, e que o maior número possível de incrédulos seja salvo. Sua pátria é Cristo, no qual acredita; seu anseio é evangelizar para que todos em Jesus tenham vida, e a tenham em abundância (João 10.10).

Quando Deus chama, é necessário partir. Quem segue a Cristo não perde nada, só pode ganhar muitas vezes mais e herdar a vida eterna (Mateus 19.27-29). O missionário não evangeliza em seu próprio nome e poder, mas é um enviado de Deus, e somente o Seu chamado justifica a vida missionária.

Depois de Pentecostes, quando muitos daqueles sobre os quais o Espírito Santo havia sido derramado voltaram para suas cidades de origem e organizaram igrejas locais, surgiu o primeiro modelo de evangelização praticado pela Igreja.

Um segundo modelo foi implantado através de viagens com o fim específico de anunciar o Evangelho, ação em que Paulo e Barnabé foram pioneiros.

Um terceiro modelo começou a ser praticado três séculos depois, quando o imperador romano Constantino – percebendo o crescente número de cristãos em seu império – com grande oportunismo aderiu ao cristianismo. Isso levou ao processo de oficialização da igreja cristã, e favoreceu a criação deste terceiro modelo, que tinha como base a guerra. Sob o pretexto de pregar o Evangelho ou cristianizar um povo, era promovida a guerra de conquista, e o rei derrotado era obrigado a tornar-se cristão. O passo seguinte era obrigar todos os seus súditos a batizar-se.

Chegando às Américas – ao mesmo tempo em que dizimava povos e levava enormes riquezas a seus países de origem – a conversão religiosa justificava saques, mortes e a escravidão. Padre Antonio Vieira, notável jesuíta, dizia ser preferível ao africano ser escravo no Brasil, onde podia conhecer o evangelho, do que ficar na África onde fatalmente morreria pagão.

No entanto, com a Reforma Protestante, voltou-se à prática de missionar com o único interesse de proclamar o Evangelho.

Missão, antes de ter uma conotação humana que pressupõe ser tarefa da igreja, antes de ser da igreja, é de Deus. Se a missão é de Deus, então é d’Ele que a igreja deve depender para a sua participação. Isto implica numa profunda atitude de humildade e de oração para a capacitação missionária, numa postura de dependência confiante em Deus.

E se a missão é de Deus, temos toda a segurança de que é Deus quem está no comando da expansão do Seu Reino, de acordo com os Seus planos, o que nos dá, desta forma, plena convicção de que Ele realizará Seus propósitos.

A existência da Bíblia é a primeira evidência de que Deus tem uma missão, um propósito salvífico para este mundo. E como a origem da missão está em Deus – “no princípio criou Deus…” (Gênesis 1.1) – o fim dela está submetido à Sua misericórdia e graça – “A graça do Senhor Jesus seja com todos” (Apocalipse 22.21), e este propósito restaurador da missão tem uma dimensão universal.

Salvação e restauração permeiam a Bíblia, que descreve a missão de Deus começando com a criação dos céus e da terra, e termina com a restauração em novo céu e nova terra.

Mas o Senhor só virá novamente quando todos os povos, línguas, tribos e nações tiverem recebido o Evangelho do Reino (Mateus 24.14), para o louvor do Cordeiro de Deus (Apocalipse 5.9-14; 7.9-12). Entretanto o alcance da missão não se completa com toda a raça humana; também implica em que a igreja assuma a tarefa de mordomo sobre toda a criação. O alvo e o fim último da missão é a glória de Deus, não a atividade missionária em si, pois o desafio missionário existe e persiste porque o culto pleno a Deus ainda não é dado.

Estender a salvação para as nações é a suprema razão da obra missionária, e está firmemente fundada na iniciativa e na misericórdia de Deus, isto é, na sua soberania. Portanto, é por Sua iniciativa e obra que nós – os embaixadores de Deus – temos a responsabilidade e a motivação para anunciar tão Grande Nova.

A obra missionária começa e termina com o culto prestado à glória de Deus: começa, porque somente o culto genuíno e profundo pode motivar adequadamente a igreja a assumir sua vocação missionária; e termina, porque o alvo último e o fim principal de toda humanidade é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.

Senhor Deus, capacita-nos para a Tua obra missionária, para que possamos levar às nações o Evangelho da Salvação com a mesma alegria e exaltação que caracteriza o nosso culto a Ti. Em nome de Jesus é que oramos agradecidos. Amém.

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TV

Algumas manchetes pinçadas aqui e ali recentemente, chamam a atenção para a televisão, este eletrodoméstico que tem se tornado quase objeto de culto nos dias de hoje: “Políticos envolvidos em escândalos voltam ao horário gratuito da televisão”; “Televisão demais faz mal à saúde e pode viciar”; “Televisão – o mal de quem não quer pensar”; “Vigoroso alerta contra os males da tv”; “Televisão: o verdadeiro mal do século”.

Dias atrás o Pastor Juarez Marcondes, em um de seus sempre brilhantes sermões, mostrou que – se no século 19, do alto de seu materialismo extremo, Karl Marx pôde tornar famosa a citação “a religião é o ópio do povo” – nos dias de hoje, o ópio do povo, na verdade, é a indefectível, onipresente “telinha”, televisão ou tv, para os íntimos. Com suas novelas amorais, infindáveis, reality-shows grotescos, permissivos, programas de variedades dominicais vazios, de conteúdo dúbio, fazem “o povo” encetar viagens cotidianas para lugares que tornam suas vidas entorpecidas, anestesiadas, perigosamente fantasiosas, mantendo-as afastadas da realidade da existência, que deveria estar centrada nos valores de Deus.

Em muitos lares – inclusive cristãos – vemos entronizado em lugar de honra no espaço principal da casa – que é a sala de estar e refeições – o enorme aparelho de tv de LCD, plasma ou LED, dominando todo o ambiente. É em torno deste ícone da modernidade que a família se reúne, cada um imerso em seus próprios pensamentos, conjuntamente isolados uns dos outros, vivendo uma permanente “solidão familiar”, prestando culto a uma janela do mundo que invade nossa privacidade sem pedir licença.

Há até famílias que – exagero dos exageros – não se limitam a instalar aparelhos de tv apenas na sala de estar, mas o fazem em todos os cômodos da casa, até nos banheiros!

Aquele aparelho, comumente acoplado a um aparador onde a dona da casa costuma caprichosamente dispor alguns objetos de estimação – fotos familiares, lembranças de viagens, biscuits, às vezes até uma Bíblia aberta como enfeite – curiosamente lembra a conformação de um altar pagão, sobre o qual fervorosos e dedicados fiéis depositam suas oferendas mais caras – flores, incensos e até alimentos, no caso de algumas seitas.

E é nisto que perigosamente estamos nos transformando: em adoradores do nada, do vazio, do ídolo de barro que, passo a passo – como aliás aconteceu várias vezes na história do povo de Israel, o povo de Deus – vai conduzindo à desgraça da degradação moral, da miséria espiritual e física, do distanciamento de Deus e da escravidão à matéria.

Não somos absolutamente contra o uso da tv de forma sadia; o que não podemos concordar é com a verdadeira escravização de algumas pessoas a ela. A tv, que deveria ser prioritariamente instrumento de informação, de lazer sadio, de cultura e de educação – embora atualmente isto aconteça em proporção ínfima – na realidade é na maior parte do tempo poderoso canal (sem trocadilho) que só faz despejar em nossos lares tudo o que de pior o mundo de satanás tem, produz e cultua, como se fora imenso duto de lixo, 24 horas por dia inundando nossos lares com toda a sorte de malignidade, de desvios, de idolatria e de falsos valores com os quais não podemos ser coniventes, se somos realmente filhos de Deus.

Vamos nos analisar sincera e honestamente: será que gastamos tanto tempo orando, estudando a Palavra de Deus, evangelizando, quanto despendemos defronte à tv?  Se somos cristãos – mas agimos como se não fôssemos – que capacidade teremos para atender ao IDE de Cristo? Se não vivemos a Palavra de Deus, como poderemos proclamá-la com convicção evangelizadora?

Jesus Cristo em Mateus 12.34 repreende: “Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração.” Será que se o coração – o íntimo do nosso ser – está cheio de mundanismo, o supremo bem, que é o Evangelho, a Palavra de Deus, poderá fluir de nossa boca como rios de água viva, e assim alcançar pessoas a quem devemos ministrá-la?

Jesus enviou os seus embaixadores, e já tinha dito que o evangelho seria pregado ao mundo inteiro naquela geração (Mateus 24.14-34). Mais ou menos 30 anos depois, o apóstolo Paulo disse que esta missão fora cumprida, quando falou “…do evangelho que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu…” (Colossenses 1.23).

As palavras de Jesus em Mateus 28.18-20 foram dirigidas aos apóstolos, e não diretamente a nós. Mas o mesmo fato que exigia ação deles, determina a mesma de nós; da mesma maneira que Cristo comissionou a Paulo (Colossenses 1.24-29), a nós cabe um papel essencial na evangelização de almas carentes da nossa geração, a responsabilidade de – como cristãos hodiernos – sermos a Jerusalém de onde a Palavra precisa sair, como aconteceu no primeiro século, novamente e como sempre, pela mão do nosso Deus.

Deus Todo-Poderoso, enche-nos com Teu Santo Espírito para que sejamos instrumentos eficientes de comunicação das Boas Novas ao mundo. Não permita que nos conformemos em sermos meramente comunicados das coisas terrenas pelos meios de comunicação humanos. Agradecidos oramos no nome de Jesus. Amém.

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Mordomia das Palavras, dos Relacionamentos, da Influência, do Conhecimento e Inteligência e do Pensamento

Deixando de lado a questão das mordomias do mundo, distorções néscias, inconseqüentes e pecaminosas de algo divino, cujo exercício é de nossa exclusiva responsabilidade – coisa, aliás, que o mundo faz questão de ignorar – encerrando este ciclo de estudos, vamos nos ater à questão da verdadeira mordomia, abordando sucintamente as mordomias das palavras, dos relacionamentos, da influência, do conhecimento e da inteligência, e do pensamento, começando com a:

Mordomia das Palavras

Jesus, ao censurar severamente os fariseus em Mateus 12.36-37, disse: Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado.” Assim, devemos nos concentrar e limitar-nos a pronunciar palavras que agradem a Deus (Salmo 19.14); palavras construtivas e edificantes (Efésios 4.29); palavras temperadas com sal (Colossenses 4.6); palavras oportunas (Provérbios 25.11); palavras espirituais (Colossenses 3.16,17). Desta forma estaremos sendo bons mordomos das palavras.

Mordomia dos Relacionamentos

O apóstolo Paulo em 1 Coríntios 16:10-24 faz um retrato vívido e completo do que deve ser a mordomia dos relacionamentos. Em primeiro lugar Paulo valoriza as pessoas, pois ele não era apenas um ganhador de almas, mas também um fazedor de amigos, um líder que tinha a capacidade de mobilizar pessoas para se envolverem na obra de Deus. Dinheiro e oportunidades não têm nenhum valor sem as pessoas. O maior patrimônio da igreja não é a sua parte imobiliária, mas as pessoas. Jesus investiu todo o seu ministério em pessoas e se elas estiverem preparadas, Deus irá suprir ambos: dinheiro e oportunidades, e Sua obra será realizada. Paulo valoriza, elogia e destaca o trabalho das pessoas. Será que nós temos o hábito de valorizar adequadamente o trabalho das pessoas? De elogiar as pessoas? De encorajar as pessoas? De edificar as pessoas? Precisamos ser bons mordomos dos relacionamentos que o Senhor nos proporciona.

Mordomia da Influência

Em Mateus 5.14a,16, Jesus, num trecho do maravilhoso Sermão do Monte, diz: “Vós sois a luz do mundo… Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” Como cristãos, temos o dever de produzir influência positiva nas pessoas, como a Bíblia nos ensina: somos a carta de recomendação de Cristo (2 Coríntios 3.1-6); somos o bom perfume de Cristo (2 Coríntios 2.14-17); somos evangelistas (Atos 20.22-24); nossa influência pode perdurar depois de nossa morte (Mateus 26.13). Devemos exercer no nosso lar, em nosso trabalho, em nossa igreja e na sociedade uma influência cristã sadia. Não há como ficar neutro: ou influenciamos positivamente ou negativamente as pessoas. Cuidemos, pois, como influenciamos os outros. Sejamos bons mordomos do poder de influir.

Mordomia do Conhecimento e Inteligência

A Palavra de Deus nos diz em Provérbios 20.15: “Há ouro e abundância de pérolas, mas os lábios instruídos são jóia preciosa.” E em 1 Coríntios 1.5 lembra aos cristãos: porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento;” Se eventualmente um dia estivermos a ponto de nos exaltar por conta de nossa erudição ou capacidade de executar algo, lembremos que todo o nosso conhecimento e inteligência provêm de Deus, que assim nos dotou exclusivamente para a Sua honra e a Sua glória, e não para que nos vangloriássemos deles. Seja na igreja, no lar, no trabalho, onde quer que estejamos, vamos sempre dar graças a Ele por nos ter capacitado para que O sirvamos de todo o nosso coração, de todo o nosso entendimento e no limite de nossas capacidades, como bons mordomos do conhecimento e inteligência com que nos presenteou.

Mordomia do Pensamento

Paulo em Filipenses 4.8 ensina:Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” E em 1 Coríntios 2.16, afirma: “…Nós, porém, temos a mente de Cristo”. Ter a mente de Cristo é pensar como Ele e ter o nosso pensamento dominado por Ele. O só saber que Deus conhece os nossos pensamentos, já deveria ser suficiente para zelarmos por eles, filtrando-os cuidadosamente. Temos deveres para com nosso pensamento: ocupá-lo com coisas elevadas e construtivas (Filipenses 4.8), fartá-lo da Palavra de Deus (Salmo 119.11), recordar as bênçãos recebidas de Deus (Efésios 1.3), ser dominado pelo amor (Romanos 5.5), ser permeados pela fé (Hebreus 11.6) e estar em constante renovação da mente (Romanos 12.1,2). Devemos dar graças a Deus pela capacidade que ele nos deu de pensar, refletir, imaginar, raciocinar e usar esta aptidão para a glória de Deus. E que sejamos bons mordomos do nosso pensamento, reconhecendo o senhorio divino sobre ele.

Dá-nos, ó Pai, a consciência permanente de que tudo provém de Ti. Assim, que nossas palavras sejam usadas para glorificar-Te; que nossos relacionamentos sirvam para edificar nossos irmãos; que nossa influência seja positiva sobre nosso próximo; que  o conhecimento e a inteligência com que nos aquinhoasTe estejam a Teu serviço; e que nossos pensamentos, noite e dia, sejam aqueles que Tu desejas que tenhamos. Em nome de Jesus. Amém.

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