Estudos Bíblicos

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Mordomia dos Talentos e Dons, do Tempo e das Oportunidades

Nas duas semanas anteriores pudemos aquilatar exemplos da grandeza do amor de Deus para conosco, apesar da nossa total falta de merecimento. Convenhamos: o crente é o único entre os homens que tem alguém a quem agradecer no universo. O ímpio pode até agradecer a Deus, mas não como quem agradece a um Pai que pela Sua graça abençoa Seus filhos para que possam glorificá-Lo com suas vidas.

Se formos avaliar cuidadosamente tudo o que Ele graciosamente nos concede, constataremos o quanto somos abençoados material e espiritualmente, e a muita alegria e gratidão que deveríamos sempre ter em nossos corações por tudo o que Ele fez, faz e ainda fará em nossas vidas.

O professor e escritor cristão Ian Howard Marshall afirma: “Se nossa experiência cristã não nos leva à alegria, faremos bem em perguntar se é genuína… A alegria cristã é a atitude natural do crente”. Indiscutivelmente a marca de um cidadão do Reino é a alegria! Somos do Senhor, e Deus nos proveu de um maravilhoso “lar” – a Sua criação – onde temos tudo o que precisamos para viver materialmente; deu-nos também um corpo para O servirmos, para usufruirmos e interagirmos com o que Ele criou; e dotou-nos da capacidade de utilizar os dons e talentos que são dádivas Suas, para a Sua honra e glória.

Portanto, não há alternativa: precisamos ser administradores corretos, bons mordomos, daquilo que na verdade é propriedade Sua. Apreciemos agora algumas outras mordomias que é função nossa exercer com responsabilidade e alegria:

Mordomia dos Talentos e Dons

Todos podem e devem ser úteis na obra de Deus, pois Ele conferiu talentos e dons a todas as suas criaturas. Os talentos representam habilidades naturais ou espirituais, tempo, recursos e oportunidades que cada pessoa recebe de Deus para utilizar em Seu serviço. Os talentos não são para serem escondidos, mas sim administrados, e este é o sentido real da mordomia cristã. Quem tem talentos e não os usa, logo estará sem nenhum: Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado”, alertou Jesus em Mateus 25.29.

Dom é presente, é dádiva de Deus a seus filhos, a quem muito ama. Assim como os talentos, o dom, ainda que seja único, é algo muito precioso, e não pode ser desperdiçado. Paulo em Efésios 4.8 disse sobre Jesus: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e concedeu dons aos homens .” Dons espirituais e sua mordomia são manifestações do Espírito Santo na vida do cristão. Lembremos que os dons espirituais, não são de propriedade humana, pois somos apenas mordomos na casa de Deus. Jesus, o nosso Senhor, requer de nós fidelidade no uso dos talentos e dons, e para isto precisamos dedicar coração, alma e mente à Obra daquele que espera que sejamos bons mordomos dos talentos e dos dons que nos confiou.

Mordomia do Tempo

Em Efésios 5.15,16, Paulo admoesta: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus.” Precisamos lembrar que nossa vida na terra é passageira, efêmera, e que se não focarmos a Vida Eterna como meta, estaremos provocando o maior desperdício de nossas curtas existências. Mas como remir o tempo, aproveitando-o ao máximo? A palavra de Deus tem recomendações a respeito: considerar que há um tempo determinado para cada coisa (Eclesiastes 3.1-11); usar sabiamente o tempo de que dispomos (Salmo 90.12); não procurar acumular tesouros na terra, mas sim no céu (Mateus 6.19-21); lembrar sempre de Deus (Eclesiastes 12.1); fazer o bem (Gálatas 6.10); não procrastinar (Isaias 55.6); planejar e estabelecer prioridades (2 Reis 19.25); ser pontual (Esdras 6.8) e não desperdiçar o tempo com coisas fúteis, desnecessárias e inúteis (1 Pedro 4.2). O dito popular diz que tempo é dinheiro, mas na verdade ele é mais precioso do que dinheiro, por isso devemos ser bons mordomos do tempo, aproveitando bem tudo o que Deus, pela sua graça, nos oferece.

Mordomia das Oportunidades

Em Colossenses 4.5, o apóstolo Paulo nos adverte: “…aproveitai as oportunidades”. Ao longo de nossa existência surgem várias oportunidades que vêm e que passam; algumas poucas se repetem, mas a maioria é única. Deus nos oferece a todo o momento oportunidades de: ser salvo (Isaias 45.22), ter vida útil (Salmo 90.12), servir (Gálatas 6.7-10), evangelizar (Ezequiel  3.18,19), desenvolver e utilizar dons e talentos (Mateus 25.14-30) e  usar a profissão para servir a Deus (Efésios 6.4-9).

A vida é a mais preciosa das oportunidades que Deus deu ao homem, pois é ao longo da existência que Ele nos oferece todas as demais. Vamos pedir a Deus sabedoria e visão para enxergar e aproveitar as oportunidades que Ele nos concede, e como bons mordomos das oportunidades, agradeçamos a Ele e O louvemos por aquelas bem aproveitadas.

Nosso Deus, Pai e Senhor, dá-nos a capacidade de bem empregar os talentos, os dons, o tempo e as oportunidades que Tu graciosamente nos concede. No nome de Jesus Te pedimos e agradecemos. Amém.

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Mordomia da Criação e do Corpo

No dias de hoje, como nos de Ló, os homens comem, bebem, compram, vendem, plantam e edificam, dia após dia crendo que a vida se resume a estas coisas.

Neste contexto, não é de estranhar que nos deparemos com notícias como esta: Cachorros de Paris Hilton vivem na maior mordomia:  seus 13 cachorros vivem da mesma forma que a dona. Eles moram em uma réplica da mansão da patricinha com decoração canina e luxos como brinquedos que imitam sacolas de grifes como Dior, Prada e Louis Vuitton. Paris também lançou uma linha de roupinhas fashion para cães e aproveitou o twitter para divulgar as peças, com fotos de seus “filhos” vestidos.”

Enquanto isso, o Conciso Dicionário de Teologia Cristã define mordomia cristã como “o manejo responsável dos recursos do reino de Deus que foram confiados a uma pessoa ou a um grupo.”

Uma abissal diferença de foco e de valores, não, irmãos? A constatação óbvia é a de que muitas pessoas ainda não sabem que tudo o que somos e o que temos pertence a Deus. Mas nós que sabemos, devemos viver como bons mordomos, administrando bem aquilo que é do Senhor. Jesus, em Lucas 12.42-44,  proferiu a conhecida parábola para nos alertar: Disse o Senhor: Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor confiará os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Verdadeiramente, vos digo que lhe confiará todos os seus bens. Nossa vida, família, casa e bens são do Senhor e devemos administrar tudo isto vivendo intensamente para Deus com tudo o que Ele nos confiou.
Paulo diz que os crentes são “despenseiros dos mistérios de Deus” (1 Coríntios 4.1,2). Portanto, a mordomia cristã inclui tempo, talentos, posses e até a própria pessoa (Lucas 12.42). Somos bons mordomos quando damos tudo o que temos e o que somos a Deus.

Vamos agora pensar um pouco sobre como devemos exercer mordomia sobre a Sua criação e sobre nosso corpo:

Mordomia da Criação

Deus criou o mundo e viu que tudo era tudo muito bom: fez a terra verde e fértil, os pássaros voando no céu e os peixes nadando nas águas; fez os animais povoarem a terra, as estações se alternarem, o sol brilhar e aquecer a terra; fez a lua se mover no firmamento, a chuva regar o solo, as plantações crescerem, as plantas florescerem e darem frutos e sementes. Toda a criação funciona como um todo harmônico e o planeta contém tudo aquilo de que precisamos. Deus criou os seres humanos e os instruiu a cuidar da terra e de todos os seres vivos. Somos responsáveis diante de Deus pela administração do nosso planeta, cuidando dele para que as pessoas possam viver com qualidade. Toda a vez que usamos os recursos naturais, temos a responsabilidade de manter o equilíbrio que Deus criou nos ecossistemas da terra. Precisamos ter consciência de que somos responsáveis pelo modo como vivemos, pois Ele espera que sejamos bons mordomos da Sua criação.

Mordomia do Corpo

O apóstolo Paulo em Romanos 12.1 escreveu: Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Deus nos fez jóias de Sua criação, e por isso nosso corpo é precioso, e cuidar dele é um dever, pois é com ele que servimos fisicamente ao Senhor em nossos ministérios. Precisamos, portanto, tratá-lo com os cuidados necessários para que se mantenha saudável e forte, por meio de alimentação equilibrada,  higiene adequada, limpeza da casa e das roupas, visitas periódicas ao médico em caráter preventivo, vacinações, exames de rotina, tempo suficiente de sono, lazer, exercícios físicos permanentes, mas devemos também usar trajes decentes, fugir da prostituição (1 Coríntios 6.15-18), manter conversas sadias (Efésios 5.1-7) e não nos envolvermos com fumo, bebida e drogas, assim sendo bons mordomos do nosso corpo.

Amados, na próxima semana continuaremos a nos debruçar sobre este assunto essencial para nós cristãos.

Senhor, que o homem se conscientize de que malbaratar, destruir, perverter, usar mal as Tuas dádivas, é um terrível pecado e um equívoco fatal. Ó Deus, ensina-nos a ser bons mordomos de tudo o que nos confiaste. Em nome de Jesus. Amém.

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Mordomia dos Bens, dos Dízimos e das Ofertas

Hoje na internet nos deparamos com um anúncio bem mundano: Mordomia Real: a loja Harvey Nichols é um espetacular templo dedicado ao consumo e ao luxo. Há até pouco tempo, apenas os membros da família real britânica tinham a chance de marcar hora e entrar na loja enquanto as portas permanecem fechadas para o público em geral. Agora, os hóspedes do hotel Mandarin Oriental Hyde Park podem também usufruir dessa mordomia. Os grifos são nossos, e destacam duas palavras cujos significados têm sido muito deturpados nos últimos tempos. Templo (do latim templum, “local sagrado”) é uma estrutura arquitetônica dedicada ao serviço religioso. Mordomia, no jargão do mundo, é privilégio usufruído por uns poucos endinheirados e/ou poderosos e/ou “espertos”.

Está longe, no entanto, do real significado da mordomia cristã, da mesma forma como o verdadeiro sentido de templo está longe daquilo que apregoam os marqueteiros e consumistas de plantão.

A palavra mordomia vem do termo mordomo, que significa o maior da casa (major domus em latim), e é tão antigo quanto o costume de ter criados na casa; o mordomo ou despenseiro era alguém a quem o dono da casa confiava tudo o que possuía para ser por ele administrado. Nada era dele, porque tudo era do seu senhor, inclusive ele mesmo. O conceito bíblico de mordomia é, primeiramente, o reconhecimento da soberania de Deus, depois a aceitação do nosso cargo de depositários da vida e das possessões que Ele nos delegou, e por fim, a administração delas de acordo com a vontade expressa na Sua Palavra.

Deus nos dá a seguinte base bíblica para a questão: em primeiro lugar, Ele é dono de tudo e de todos. Do universo, como podemos constatar na Bíblia em Gênesis 1.1; Salmos 24.1; 50.10-12, mas também do homem, sobre quem Ele detém os direitos de criação, de preservação e de redenção. E como Pedro expressa em 1 Pedro 2.9, “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. O Senhor não precisa que Lhe façamos ofertas, porém, mercê de Sua infinita misericórdia, Ele permite e se agrada de que o homem exerça a mordomia cristã. Eis duas das maneiras:

Mordomia dos Bens

A Bíblia, em Provérbios 3.9, determina: “Honra ao Senhor com os teus bens e com as primícias de toda a tua renda;” Mas as pessoas, quando falam acerca dos seus bens materiais, quase sempre tratam deste assunto como algo secular, sem valor espiritual, embora as Escrituras digam que: Deus é o dono dos nossos bens (Salmo 24.1); nossa capacidade de adquirir bens vem de Deus (Deuteronômio 8.15-18); os bens tem duração limitada (Salmo 39.6). Contrariamente aos ditames do consumismo que se vê no mundo, devemos usar os bens materiais sempre quando: são para a glória de Deus (1 Coríntios 10.31); os valores espirituais tem a primazia (1 Reis 3.11-13); a ajuda ao próximo é prioritária (Mateus 25.31-40); cultivamos um estilo de vida simples (1  Timóteo 6.7-10). O teólogo Richard J. Foster certa vez sugeriu que deveríamos carimbar todos os nossos bens com o seguinte rótulo: “Dado por Deus, prioridade de Deus, para ser usado para os propósitos de Deus.” Por certo se nossos pertences tiverem tal etiqueta – embora de forma invisível aos olhos – estaremos sendo bons mordomos de nossos bens.

Mordomia do Dízimo e das Ofertas

Jesus, em Lucas 11.42 adverte: “Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças e desprezais a justiça e o amor de Deus; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas.” Devolver a Deus a décima parte do que se ganha é dizimar, uma atitude de entrega pessoal e gratidão. Mas não basta fazermos a entrega do dízimo, temos que entregar a nossa vida, o nosso coração no altar de Deus. A prática do dízimo é anterior à lei mosaica (Gênesis 14.18-20), mas foi posteriormente incorporada na lei (Levítico 27.30) e ensinada pelos profetas (Malaquias 3.8-12). Jesus falou do dever de dizimar (Mateus 23.23), e o autor de Hebreus em 7.1-10, refere-se a Melquisedeque, a quem Abraão deu o dízimo. E são duas as finalidades do dízimo: a manutenção da Igreja (Malaquias 3.10) e o sustento dos obreiros (2 Coríntios 9.10-14). Deus nos concede tudo o que temos, tudo o que auferimos, e o mínimo que podemos fazer em reconhecimento a toda a graça que recebemos do Senhor, é devolver parte do que Ele nos dá, como bons mordomos do dízimo e das ofertas.

Na próxima semana continuaremos a examinar outras formas de exercício da mordomia cristã.

Pai santo, que nós possamos ser sempre bons mordomos de tudo o que nos concedes em Tua infinita graça e misericórdia. É no nome de Jesus que pedimos e agradecemos. Amém.

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