Construindo e Edificando
Ninguém constrói obra de porte, significativa, marcante, de qualidade, sozinho. Para a execução, por exemplo, de uma obra de construção civil, de uma edificação, mesmo que de pequeno porte, é necessário o concurso de um arquiteto, responsável pelo projeto arquitetônico e coordenador de todos os projetos, dos demais responsáveis pelos projetos ditos complementares – no mínimo o estrutural, o elétrico e o hidráulico. Em alguns casos, especialmente quando as obras são de maior vulto, a equipe precisa ser ampliada, aderindo a ela projetistas de climatização, de paisagismo, de pavimentação, de elevadores, de impermeabilização, de comunicação visual, etc.
E estamos falando apenas da fase de projetos. A etapa de execução da obra, por sua vez envolve outros profissionais: o construtor e os encarregados de executar cada uma das partes da obra de acordo com cada projeto. Não é possível se obter um resultado otimizado, com um “faz-tudo” à frente de empreendimento deste tipo, mesmo sendo profissional diplomado na área da construção civil.
E isto vale – nas devidas proporção e forma – para tudo o que se construa, de um eletrodoméstico a uma grande barragem, passando por um avião, por uma cadeira, por uma prótese ortopédica ou por um ministério da igreja.
Desta forma, quando o caso é de construção, vale o velho adágio: “uma andorinha só não faz verão”. Por isso é essencial construirmos juntos, em equipe, cada um contribuindo com sua parcela de esforço e conhecimento para que o resultado final seja o melhor possível.
Seja com relação a um casamento, a uma empresa, a um ministério da igreja ou à própria igreja, precisamos compreender – acima de qualquer dúvida – que só é possível empreender uma obra bem sucedida juntos, em equipe, em comunhão uns com os outros, todos envolvidos no mesmo propósito, em Cristo.
Acerca disto, em Romanos 12.4-5, a Palavra de Deus nos ensina: “Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função, assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada”.
E o verbo edificar – normalmente utilizado como sinônimo de construir – ao assumir o sentido de induzir ao bem com bons exemplos, torna-se componente indispensável da construção exitosa, como Paulo, em 1 Tessalonicenses 5.11 exorta: “…edificai-vos reciprocamente…”, e também ensina em 1 Corintios 10.23: “Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam.”
A edificação precisa estar presente em toda e qualquer obra realizada para Deus. Edificar um irmão não significa valer-se de elogios falsos e mentirosos, de mera bajulação, mas sim sempre ressaltar suas qualidades, seus dons, que colaboram para obra do Reino, que é o objetivo comum.
Em Efésios 4.29-30 o apóstolo tece esta admoestação lapidar: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem. E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.“
Para construir juntos é também indispensável haver comunhão, que inicia-se quando há respeito, amor, dedicação, confiança, proteção e carinho de uns para com os outros.
No período da igreja primitiva os irmãos perseveravam nesta comunhão, havia o desejo de estarem juntos, de elevarem gratidão e louvores a Deus. Não havia intrigas e nem preferências. Cada um procurava, acima de tudo, o interesse de Deus para o próximo. Perseveravam juntos nas lutas e nas dificuldades, e buscavam nas adversidades expectativas de vitórias. A Bíblia diz em 1 Corintios 6.7: “O só existir entre vós demandas já é completa derrota para vós outros…”.
A comunhão produz o amor Ágape, aquele que não possui interesse próprio, não depende do que a pessoa é ou faz (Filipenses 2.1-4). Quando amamos desejamos estar juntos, em comunhão no amor, esquecendo-nos do que ficou para trás e caminhando irmanados, abraçados, rumo ao propósito de Deus.
Na Carta aos Colossenses, Paulo mostra que Cristo é o Centro dos relacionamentos cristãos, e que Sua obra por nós é a única possibilidade de vivermos relacionamentos para a Sua glória, como ele registra no capítulo 3, verso 3: “porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.”
É contristador observar que muitos crentes não emprestam aos relacionamentos cristãos o devido valor, mas Paulo não só salienta a sua importância, como descreve o padrão de Deus para eles. Ter comunhão é muito mais que estar juntos; só conseguimos ter comunhão verdadeira quando:
1. Deixamos de lado atitudes que prejudicam os relacionamentos (Colossenses 3.1-9)
“Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.” (v. 1).
2. Consideramos a todos de forma igualitária
“no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos.” (v.11)
3. Colocamos em prática o exemplo de Jesus
“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.” (v. 12-14)
4. Desfrutamos dos benefícios
“Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual, também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.” (v. 15)
5. Edificamos os outros
“Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.”
6. Oramos juntos
“Perseverai na oração, vigiando com ações de graças.“ (Colossenses 4.2)
Irmãos, é preciso sempre nos recordarmos do significado cósmico de Cristo como Senhor da Criação e Cabeça da Igreja, e que qualquer prática que diminua a singularidade e a centralidade de Cristo, é frontalmente contrária à fé e à santificação de que tanto necessitamos.
“E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” (Colossenses 3.17)
Pai nosso que estais nos céus, santificados sejam Teus filhos que estão empenhados em ser instrumentos da Tua obra de redenção da humanidade caída, por meio da proclamação da Tua palavra, como servos Teus construindo juntos segundo a Tua vontade, os Teus planos e os Teus propósitos. No nome santo de Teu Filho Jesus. Amém.