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FÉ CRISTÃ
O grande Charles H. Spurgeon, conhecido como “O Príncipe dos Pregadores”, certa vez escreveu um texto primoroso sobre a fé, com o título “Pela Fé e não pelos Sentimentos”, em que afirma convicto: “Eu não morrerei. Eu posso crer, e realmente creio, no Senhor, meu Deus; e esta fé me preservará vivo. Serei contado entre aqueles que, em suas vidas, são justos. Mas, ainda que eu fosse perfeito, eu não procuraria viver por minha justiça; apegar-me-ia à obra do Senhor Jesus e ainda viveria somente pela fé nEle e por nada mais. Se eu fosse capaz de oferecer meu corpo para ser queimado, por causa de meu Senhor, não confiaria em minha coragem e firmeza; continuaria a viver pela fé. Se eu fosse um mártir na estaca, invocaria o nome de meu Senhor. Suplicaria perdão por amor ao seu nome e não pronunciaria qualquer outro clamor. Viver pela fé é uma atitude mais segura e mais feliz para realizarmos, do que viver pelos sentimentos ou pelas obras. O ramo, por estar vivendo na videira, desfruta de uma vida melhor do que se estivesse vivendo por si mesmo, se fosse possível para ele viver completamente separado do caule. Viver apegado a Jesus, extraindo dEle tudo que necessitamos, é uma realização sagrada e agradável. Se mesmo os mais justos têm de viver de conformidade com este padrão, quanto mais devo eu, um pobre pecador! Senhor, eu creio; tenho de crer em Ti completamente. O que mais eu posso fazer? Crer em Ti é a minha vida. Sinto que tem de ser assim. Por meio desta atitude, permanecerei em Ti até ao fim.”
Um dos fundamentos do cristianismo é a fé, tão bem conceituada em Hebreus 11.1: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem.” Desde o começo do mundo, a fé tem sido uma das marcas dos servos de Deus, e todo homem foi criado com a capacidade de crer nEle. Onde quer que a fé tenha sido plantada nos corações pelo Espírito Santo, a verdade da Palavra tem sido recebida, e a justificação tem sido concedida com base nos méritos e sofrimentos de Cristo. E tudo aquilo que é objeto de nossas esperanças, da mesma forma é objeto de nossa fé: a firme convicção e expectativa de que Deus irá cumprir em Cristo todas as promessas que temos na Sua Palavra.
A fé comprova na mente e no coração as coisas que nossos olhos humanos não podem ver, e é a prova de tudo o que Deus em revelado como bom, sagrado e justo. E são muitos os exemplos bíblicos de pessoas em tempos passados, que dão testemunho de que a fé em Deus foi o princípio diretor de sua obediência sagrada, de seus serviços admiráveis à causa do Pai, e de seus pacientes sofrimentos. Por isso é preciso que fixemos nossa atenção a alguns aspectos essenciais:
A fé cristã tem como referencial básico a Bíblia:
Cristo sempre se referiu a ela e atestava da sua autenticidade, como atestam várias passagens, como em Mateus: “Tendo Jesus chegado ao templo, estando já ensinando, acercaram-se dele os principais sacerdotes e os anciãos do povo, perguntando: Com que autoridade fazes estas coisas? E quem te deu essa autoridade? (…) Perguntou-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; isto procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos?” (21.23, 42), e “Tudo isto, porém, aconteceu para que se cumprissem as Escrituras…” (26.56);
em Marcos: “Respondeu-lhes Jesus: Não provém o vosso erro de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus?” (12.24), e “Todos os dias eu estava convosco no templo, ensinando, e não me prendestes; contudo, é para que se cumpram as Escrituras” (14.49);
em Lucas: “… Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele darás culto”. (…) “Então, passou Jesus a dizer-lhes: Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (4.8, 21);
em João: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (5.39), “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (7.38), “… a Escritura não pode falhar…” (10.35), “… eu conheço aqueles que escolhi; é, antes, para que se cumpra a Escritura…” (13.18), e “… para que se cumprisse a Escritura” (17.12).
A fé cristã é cristocêntrica:
Porque Cristo é “… o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hebreus 12.20);
Ele é eterno, pois “Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (João 1.2-3), “… nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste”. (Colossenses 1.16-17);
Ele foi anunciado pelas profecias: ”… E a quem foi revelado o braço do SENHOR? Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura (…); Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens (…); ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores (…); Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; (…) mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro…”. (Isaías 53.1-7);
Ele é o nosso Redentor: “Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus…”. (Romanos 3.21-24).
A fé cristã traz esperança:
A ressurreição de Cristo é o penhor da nossa ressurreição e a nossa certeza da vida eterna: ”Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus…”. (1 Coríntios 15.17-23).
A fé cristã promove unidade:
Todos os cristãos participam da graça da salvação unicamente através da fé: Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos (…). Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos (…) mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”. (Efésios 2.4-5,8-9); e a unidade do Corpo de Cristo é garantida pela fé, pois “… há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos. (Efésios 4.5-6).
A fé cristã tem poder para:
Gerar o senhorio absoluto de Cristo: “Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus”. (Romanos 14.11); “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”. (Filipenses 2.9-11);
Produzir arrependimento e conversão: “… O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”. (Marcos 1.15); “… Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo”. (Atos 2.38); “Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte”. (2 Coríntios 7.10); “Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento”. (2 Pedro 3.9).
Garantir a verdade da Palavra de Deus e do Seu amor: “Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre os mortos, lembraram-se os seus discípulos de que ele dissera isto; e creram na Escritura e na palavra de Jesus”. (João 2.22); “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”. (João 5.24); “Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço”. (João 15.9-10).
Gerar amor pelos perdidos: “Porque o Filho do Homem veio salvar o que estava perdido”. (Mateus 18.11); “… porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se”. (Lucas 15.24); “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus”. (1 Coríntios 1.18); “… prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina”. (2 Timóteo 4.2).
Conduzir à vida eterna por meio de Jesus: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus”. (João 3.16-18); “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”. (João 3.36); “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”. (João 5.24); “De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”. (João 6.40); “Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele para a vida eterna”. (1 Timóteo 1.16); “Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus”. (1 João 5.13).
Ao contrário do que o mundo pensa, a fé bíblica não abre mão da razão, pois ela está firmemente apoiada no caráter e nas promessas de um Deus infalível, fiel, coerente e íntegro, de quem herdamos nossa racionalidade. Nossa trajetória de vida neste planeta deve ser reflexiva, atenta, de olhos abertos para enxergar a vida, porém sem abrir mão da confiança irrestrita na soberania, na graça, na misericórdia e no amor de Deus!
Amado Deus, ajuda-nos na nossa falta de fé. Faz-nos dedicados servos Teus no conhecimento, aplicação e proclamação da Tua Palavra viva e eficaz, assim testemunhando da fé verdadeira em Ti, que o mundo não conhece, mas que nós sabemos que é mandamento Teu dar-lhe a conhecer. Capacita-nos, Senhor, a sermos servos bons e fiéis Teus, instrumentos poderosos do Teu amor, graça e misericórdia, levando luz a esse mundo que jaz nas trevas do mal. É no nome santo e precioso do Senhor Jesus, a luz que precisa urgentemente iluminar a todo homem, é que oramos e agradecemos. Amém.
1 de junho de 2024
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