Florence Nightingale
Florence Nightingale nasceu em Florença em 12 de maio de 1820. Seu pai era filho de um bem-sucedido banqueiro, o que o fazia desfrutar sua boa fortuna sem ter de trabalhar. Ele gostava de ler e de viajar, e levou sua família aos mais elegantes lugares da Europa. Moravam em uma casa de campo imponente que tinha herdado, mas que seu pai achou muito pequena para acolher visitantes, pois havia somente 15 dormitórios. Por isso comprou outra mansão, onde passavam o verão. Seu futuro estava garantido. Tudo o que se esperava dela e de sua irmã era que se tornassem boas esposas e mães e que continuassem as boas tradições da família.
Florence acompanhava a mãe nas visitas aos aldeões doentes que serviam nas grandes propriedades da família. A penúria dos remédios, a falta de recursos para o tratamento e a impossibilidade de hospitais e meios de assistência aos pobres impressionava-a. Pensou que poderia se consagrar inteiramente à missão de formar enfermeiras competentes que assistissem aos doentes, não só fisicamente mas também moralmente.
Em 7 de fevereiro de 1837, Florence acreditou ter ouvido a voz de Deus conclamá-la a uma missão. Interessou-se então pela enfermagem, e após formar-se por uma instituição protestante de Kaiserweth, Alemanha, transferiu-se para Londres, onde passou a trabalhar como superintendente de um hospital de caridade.
Moça brilhante e impetuosa, rebelou-se contra o papel convencional para as mulheres de seu nível social, de quem se esperava tornar-se esposa submissa, e decidiu dedicar-se à caridade, encontrando seu caminho na enfermagem. Tradicionalmente o papel de enfermeira era exercido por mulheres ajudantes em hospitais ou acompanhando exércitos, e muitas cozinheiras e prostitutas acabavam tornando-se enfermeiras, sendo que estas últimas eram obrigadas a isso como castigo.
Florence Nightingale ficou particularmente preocupada com as condições de tratamento médico dos mais pobres e indigentes. Ela anunciou sua decisão para a família em 1845, com 25 anos, provocando raiva aos pais e rompendo principalmente com sua mãe. Em dezembro de 1846, em resposta à morte de um mendigo numa enfermaria em Londres, que acabou evoluindo para um escândalo público, ela se tornou a principal defensora de melhorias no tratamento médico. Imediatamente, ela obteve o apoio do presidente do Comitê de Lei para os Pobres. Isto a levou a ter papel ativo na reforma das Leis dos Pobres, estendendo o papel do Estado para muito além do fornecimento de tratamento médico.
Com 33 anos, tornou-se superintendente de um sanatório de caridade em Londres. Depois de um ano de trabalho o sanatório, em 1854 eclodiu a Guerra da Criméia entre a Turquia e a Rússia. Nightingale foi encarregada de cuidar de um grande hospital militar em Scútari, na Turquia otomana, para onde partem, em outubro de 1854, Florence e uma equipe de 38 enfermeiras voluntárias treinadas por ela, inclusive sua tia.
A situação precária em Scútari já era conhecida dos ingleses mas, vistas de perto, as condições eram bem piores. Ela descobriu que o hospital estava abarrotado de pacientes, que a ventilação era péssima e que faltava material hospitalar como macas, talas, ataduras e remédios. Mesmo naquele inferno, ela de maneira nenhuma perdeu a esperança. No início, pessoas invejosas antipatizaram com ela e faziam de tudo para atrapalhá-la. Mas Nightingale, com seu modo cortês e muita dedicação ao trabalho, logo se tornou indispensável ao hospital.
Dias depois de assumir o cargo de supervisora do Hospital, a sujeira e a confusão deram lugar à limpeza e à ordem. Ela e suas devotadas enfermeiras cuidaram dos soldados, arrumaram a cozinha e a lavanderia e, nos poucos momentos livres, escreveram cartas às famílias dos soldados.
Todas as noites, ela fazia a ronda, carregando uma pequena lamparina, parando para confortar ou cuidar dos pacientes insones. Os feridos até “beijavam” a sombra que se projetava quando ela passava pelos leitos, e ficou conhecida na história pelo apelido de “A dama com a Lamparina”, pelo fato de servir-se deste instrumento para auxiliar na iluminação ao atender os feridos durante a noite.
Após seis meses, ela foi para Sebastopol para ver como os doentes e feridos estavam sendo tratados. Mas, infelizmente, ela adoeceu e teve de permanecer num sanatório local. Florence recusou-se a ser dispensada e a voltar para casa. Regressou a Scútari e, mesmo depois de terminada a guerra – com a tomada de Sebastopol -, permaneceu no hospital até que o último ferido pudesse retornar ao lar. O povo pretendia realizar uma grande festa de boas-vindas para a nobre mulher, mas ela se recusou a aceitar os presentes e as honras que certamente lhe cabiam. Mas como sinal de agradecimento de toda a nação, foi inaugurado, em 1871, o Hospital St. Thomas, que tem como um dos setores mais importantes a Casa e Escola de Treinamento de Enfermeiras Nightingale.
Depois de contrair febre tifóide, ficou com sérias restrições físicas, o que a obrigou a retornar em 1856 da Criméia. Florence Nightingale voltou para a Inglaterra como heroína em agosto de 1857 e, de acordo com a BBC, era provavelmente a pessoa mais famosa da Era Vitoriana além da própria Rai nha Vitória.
Suas reformas reduziram a taxa de mortalidade em seu hospital de 42,7% para 2,2%; ela voltou famosa da guerra e logo passou a batalhar, com considerável sucesso, pela reforma do sistema militar de saúde.
Impossibilitada de fazer trabalhos físicos, dedicou-se à formação da escola de enfermagem em 1859 na Inglaterra, onde já era reconhecida no seu valor profissional e técnico, recebendo prêmio concedido pelo governo inglês. Fundou a Escola de Enfermagem do Hospital Saint Thomas, onde o curso de um ano era ministrado por médicos com aulas teóricas e práticas. Em 1883, a Rainha Vitória concedeu-lhe a Cruz Vermelha Real e em 1907 ela se tornou a primeira mulher a receber a Ordem do Mérito.
Florence Nightingale faleceu em 13 de agosto de 1910, aos 90 anos, deixando legado de persistência, capacidade, compaixão e dedicação ao próximo, estabelecendo as diretrizes e o caminho para a enfermagem moderna. Na cerimônia fúnebre, estavam presentes alguns dos velhos soldados que haviam sido tratados por ela na Criméia, e que se lembravam dela com amor e gratidão.
FRASES
A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, é preciso uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!
Escolhi os plantões, porque sei que o escuro da noite amedronta os enfermos.
Escolhi estar presente na dor porque já estive muito perto do sofrimento.
Escolhi servir ao próximo porque sei que todos nós um dia precisaremos de ajuda.
Escolhi o branco porque quero transmitir paz.
Escolhi ser enfermeira porque amo e respeito a vida!!!
Acho que os sentimentos se perdem nas palavras. Todos eles deveriam ser transformados em ações que tragam resultados.
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