Missio Dei
Albert era um soldado que acabara de dar baixa do exército americano – a Segunda Guerra Mundial havia finalmente acabado – e caminhava pelo acostamento da estrada tentando conseguir uma carona para voltar para casa quando, em resposta a seus sinais, um vistoso Cadillac branco, novo em folha parou logo adiante. “Vai para Nova Iorque?”, perguntou o motorista. “Sim” – respondeu o soldado, enquanto entrava no carro. “O senhor mora em Nova Iorque?”, indagou. “Sim, meu nome é Stevens e sou construtor”. Durante a viagem, a conversa era banal como costuma acontecer nestas circunstâncias, mas Albert, que era cristão, quando fazia-se uma pausa no diálogo, sentiu várias vezes o impulso de falar ao comerciante sobre Jesus. Mas logo Stevens dizia alguma coisa, a conversa recomeçava, até que faltando alguns quilômetros para chegarem a Nova Iorque, Albert não pode mais resistir ao impulso íntimo que fazia seu coração bater mais forte, e respirando fundo disse: “Sr. Stevens, gostaria de lhe falar sobre algo muito importante”. E nos minutos seguintes falou-lhe de Jesus, da necessidade de crer nEle e de entregar sua vida a Ele, aceitando-o como seu único e suficiente Senhor e Salvador. Stevens, que se mantivera calado enquanto Albert falava, vagarosamente manobrou o carro até o acostamento, e ali mesmo entregou sua vida a Cristo. “Esta é a coisa mais maravilhosa que já me aconteceu”, disse com voz embargada e lágrimas nos olhos. Voltaram à rodovia, e pouco mais adiante Stevens deixava o soldado à porta de sua casa. Os anos se passaram, e um dia Albert lembrou-se de Stevens e decidiu procurá-lo. Foi até a empresa de Stevens e pediu para falar com ele, mas quem veio atendê-lo era uma senhora que apresentou-se como esposa do construtor. Ao lhe pedir notícias do esposo, viu seu semblante se entristecer e de sua boca um pouco contraída brotarem palavras que o chocaram: Stevens havia falecido em um acidente automobilístico a pouca distância de casa, no mesmo dia e num horário pouco mais tarde do que aquele em que tinha deixado Albert à porta de sua própria casa. Com lágrimas a escorrer-lhe das faces, a senhora confidencia a Albert que durante muitos anos orara pela conversão do marido, e agora sentia-se confortada pelo relato de que havia aceito a Cristo antes de morrer! Paulo em 2 Timóteo 4.2 exorta: “prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina”, e foi o que Albert fez naquele dia há tantos anos.
Onde quer que estejamos aí estará o campo missionário à nossa disposição, e quando Deus nos oferece a oportunidade, precisamos estar prontos para testemunhar dEle, pois pode ser a última chance de evangelizar que tenhamos. E lembremo-nos de que Cristo só poderá salvar o mundo se estiver vivendo no coração das pessoas do mundo.
Missio Dei significa que a missão é obra de Deus. Ele é o senhor, o criador, o executante, o sujeito ativo da tarefa, e ela deve estar sob o Seu arbítrio e não sob o nosso. Missão e igreja são obras do próprio Deus – ambas se originaram da Sua vontade amorosa – mas são grandezas autônomas, instrumentos Seus para Ele dar-se a revelar aos perdidos, aos carentes de corpo e de espírito, aos que não conhecem a verdade.
Se Jesus andava no meio das multidões e não tinha qualquer receio de estar em contato com elas, com seus melhores e piores elementos – fossem eles sãos ou doentes, grandes ou pequenos, figuras proeminentes ou anônimos – porque nós por vezes nos sentimos tão desconfortáveis junto aos mais desassistidos, aos sujos, aos enfermos e aos maltrapilhos? Se como cristãos desejamos levar bênçãos às vidas dos outros, precisamos sentar onde elas se sentam, aqui ou a milhares de quilômetros de onde estamos. Madre Teresa de Calcutá, nascida na Albânia, foi viver na Índia, no meio dos miseráveis de Calcutá, tendo Deus como único protetor e guia; Albert Schweitzer formou-se em teologia e filosofia e tornou-se também não só um dos melhores intérpretes de Bach, como grande autoridade na construção de órgãos. Aos trinta anos tinha galgado uma posição invejável: lecionava numa das mais notáveis universidades européias, tinha uma grande reputação como músico e prestígio como pastor de sua igreja. Mas não estava satisfeito com a vida que levava, porque sabia que milhares de seres humanos na África morriam de fome e doenças. Então em 1905 iniciou seu curso de medicina, e seis anos mais tarde, já formado, casou-se e decidiu partir para Lambaréné, no Gabão. Lá chegando, ao deparar-se com a total falta de recursos, improvisou um consultório num antigo galinheiro e atendeu seus pacientes enfrentando obstáculos como o clima hostil, a falta de higiene, o idioma que não entendia, a carência de remédios e o instrumental insuficiente. Atendia mais de 40 doentes por dia e paralelamente ao serviço médico ensinava o Evangelho, empregando exemplos tirados da natureza sobre a necessidade de agir em beneficio do próximo.
“Deus tinha um único Filho e fez dele um missionário”, disse David Livingstone o grande missionário e explorador da África. O coração de Deus é um coração missionário, Jesus fez de seus discípulos, missionários, e em 1 Pedro 2.9 o apóstolo diz que fomos eleitos para “proclamar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Isto nos dá a medida da responsabilidade e do compromisso que devemos ter com a obra do Senhor. Existem missões porque Deus ama as pessoas, e assim temos que gostar do que Deus gosta e amar o que Deus ama. Missões não é dom, é responsabilidade em amor que todos precisamos assumir como cristãos.
Billy Graham em seu livro “Mundo em Chamas” escreveu: “A transformação dos homens constitui-se na missão principal da igreja, e o único modo de consegui-lo é fazer com que se convertam a Jesus Cristo. Depois disso é que eles terão a capacidade de corresponder à ordem cristã de amar o próximo.” Neste livro o grande evangelista afirma que o mundo está sendo consumido pelos incêndios de erros, de incompreensões, de pecados nascidos do alheamento de Deus do homem moderno e da sua rebeldia contra o Criador. Porém, segundo ele, há ainda esperança de que os cristãos “saiam da apatia e caiam na realidade do nosso estado desesperado, individual e socialmente.”
A Palavra de Deus diz em 2 Crônicas 36.15-17: “O Senhor, Deus de seus pais, começando de madrugada, falou-lhes por intermédio dos seus mensageiros, porque se compadecera do seu povo e da sua própria morada. Eles, porém, zombavam dos mensageiros, desprezavam as palavras de Deus e mofavam dos seus profetas, até que subiu a ira do Senhor contra o seu povo, e não houve remédio algum. Por isso, o Senhor fez subir contra ele o rei dos caldeus…”, e Graham afirma: “Nos dias de hoje vemos situação semelhante no mundo. A América e a Europa Ocidental vivem sob o impulso de ganhar dinheiro e desfrutar loucamente os prazeres, sem paralelo na história mundial. Em geral, Deus é ignorado ou ridicularizado. Em muitos casos, os membros da igreja são apenas cristãos desanimados.”
Os dias que vivemos são marcados por ansiosa insegurança coletiva, por mudanças radicais dos paradigmas sociais e por profundo egocentrismo, e por isso o corpo de Cristo enfrenta grandes desafios. Precisamos confiar que nosso soberano Deus está no controle de tudo, embora por vezes pareça que o mundo está absolutamente sem rumo. Mas é então que precisamos orar, agir e acreditar nas promessas de salvação proclamadas pelo profeta em Isaias 52.10: “O Senhor desnudou o seu santo braço à vista de todas as nações; e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.”
Senhor Deus, não nos deixes esquecer que devemos ser sal e luz na terra, portanto, que nossas atitudes e ações reflitam nosso papel de luzeiros; não nos deixes desanimar, apesar dos ataques do inimigo, portanto, que nossa força seja a Tua; não nos deixes continuar a Te servir que não seja na plenitude de nossas capacidades, portanto, que Tu nos capacites a cada dia. Tudo Te pedimos no nome de Teu filho amado, Jesus. Amém.
Seozy
24 de outubro de 2011 at 15:53Não devemos perder a oportunidade de falar de Jesus, podemos ser a última pessoa a fazer isto para alguém!
Nanny & Winston
24 de outubro de 2011 at 16:22É verdade, cara Seozy. Precisamos ter ousadia para evangelizar!
Claudimar
24 de janeiro de 2013 at 20:12Hoje estava em uma pesquisa sobre a banalização do evangelho. Em minha busca pela expressão Missio Dei que encontrei em outro site cheguei até aqui.
Comecei a ler fui envolvido pela história. Como é importânte nos conscientizarmos de nosso papel. Infelizmente o evangelho tem sido banalizado e o que verdadeiramente tem importância tem sido deixado de lado.
Parabens pela publicação!!! Deus abençoe a vocês e tantos quantos lerem. Que mais publicações como esta sejam publicadas e todos sejamos despetados para nosso verdadeiro papel.
Nanny & Winston
24 de janeiro de 2013 at 20:44Prezado irmão Claudimar,
Agradecemos duplamente: por sua cara participação e pelas palavras de estímulo.
Desejamos muito sucesso em sua pesquisa, e oramos rogando que Deus o abençoe e ilumine todos os seus caminhos.
Em Cristo.