Música Que Faz Transcender – Parte 3
O escritor cristão Philip Yancey, em seu livro Open Windows, escreveu: “Não tenho notícias de reavivamentos de igrejas causados pela música clássica. Mas em mim, um cristão, o diligente cuidado investido pela maior mente musical na expressão de um acontecimento que dividiu a história ao meio, encontrou sua recompensa. Se a grande arte representa o “gotejar da graça”, capaz de despertar em nós uma sede pelo verdadeiro Objeto, sob o controle do mestre certo, esse gotejar pode transformar-se numa enxurrada da presença de Deus. SDG”. E em outro livro, Sinais da Graça, registrou com entusiasmo e admiração sobre Bach: “Ele compunha como se não um patrocinador abonado, mas o próprio Deus estivesse examinando todas as notas e frases…”.
Nenhum compositor de música exerceu, e continua a exercer, tanta influência sobre outros compositores eruditos quanto ele, e a lista inclui mestres que foram, por sua vez, notáveis criadores de música erudita e sacra que seguiam estéticas muito afastadas dos princípios barrocos, como Haydn, Mozart, Beethoven, Schumann, Mendelssohn, Brahms, Wagner, Liszt, Chopin, Mahler, Reger, Debussy, Saint-Saëns, Ravel, Fauré, Schoenberg, Hindemith, César Franck, Elgar, Britten, Walton, Copland, Respighi, Villa-Lobos e muitos outros. Considerado como um dos mais brilhantes luminares da música ocidental, e sua produção é uma das bases principais do repertório de concertos em todo o mundo, e para muitos críticos e estudiosos, é o maior compositor de todos os tempos.
Não é de espantar, portanto, que sua música tenha atravessado os séculos, mantendo-se admirada, apreciada, consagrada, enquanto as composições musicais “menores”, eruditas, mas principalmente as populares, tendem a ser esquecidas e acabam desaparecendo em escaninhos de museus. É possível imaginar que alguma música popular de grande sucesso atual, seja lembrada e executada em larga escala como a música de um grande mestre como Bach? Convenhamos que é pouco provável, e isso se confirma quando verificamos que não há registro de peça popular de apenas 80 ou 100 anos atrás que seja lembrada e tocada comumente na atualidade, e a maioria, após poucos anos, é completamente esquecida.
Deus, em Sua extraordinária benignidade e inexcedível amor, criou o ser humano dotado de criatividade, para que pudesse cooperar de várias formas na construção do Seu Reino, e uma delas é a criação artística, que visa levar deleite e elevação ao semelhante através das várias formas de arte. E a história tem comprovado ao longo das eras, que só aquilo que o homem cria com suprema qualidade artística, perdura.
É esse o caso da música que é composta com altíssimo nível de refinamento para os padrões humanos, como a música erudita dos grandes mestres. Essa é a música que faz transcender, é aquela que brota do coração de Deus para envolver o coração e a mente daqueles que Ele escolheu, a quem concedeu o dom de compor obras musicais de forma inovadora e sublime, de registrar para sempre em uma partitura as maravilhas sonoras que, cada vez que são tocadas, inundam os corações de gerações e gerações de pessoas sensíveis pelos séculos afora, tangendo as mais profundas cordas de suas almas e elevando seus espíritos.
Enquanto que o conceito clássico era o de que a música é a arte de combinar os sons de maneira agradável aos nossos ouvidos, e o conceito romântico afirmava que a música é a arte de expressar os sentimentos de nossa alma por meio dos sons, nessa era em que vivemos, onde a todo instante há um novo estilo de música na moda, somos obrigados a sintetizar a conceituação de música, dizendo apenas que é a alternância de sons e silêncio, geralmente vinculada a ritmos dançantes, muitas vezes frenéticos. Curiosamente, esse mesmo conceito aplica-se à música primitiva, igualmente dançante e frenética, como é, por exemplo a moderna e tecnológica música eletrônica, que visa não o deleite do ouvinte, mas criar um estado de frenesi que normalmente é potencializado pelo uso de drogas alucinógenas.
Ao contrário, a música erudita é um fim em si mesma, feita para elevar o espírito humano, para relaxar, acalmar e criar condições adequadas de concentração para o trabalho e o estudo, por exemplo. São muitas as experiências científicas que têm provado que a música barroca e algumas peças de Mozart diminuem o ritmo cerebral, a pressão arterial, a frequência cardíaca e relaxam os músculos, aumentando o raciocínio, a memória e o aprendizado espacial.
O médico e educador búlgaro Giorgi Lozanov descobriu que é possível atingir um estado mental propício para o aprendizado, possibilitando que qualquer pessoa aprenda mais e melhor, num espaço de tempo muito menor, quando nosso cérebro passa a operar no chamado nível alfa, com uma frequência cerebral entre 8 e 12 ciclos por segundo. Para conseguir essa diminuição, utilizou uma associação de relaxamento com a audição de música barroca, com resultados excelentes, pois seus alunos, livres da tensão e do stress, passaram a ter uma grande melhoria na percepção, processamento, memorização e recuperação de informações aprendidas, em especial no que se refere ao aprendizado de línguas estrangeiras.
Parece difícil imaginar que o tipo de música celeste possa se assemelhar, por exemplo, à música sertaneja, hip-hop, samba, pagode, heavy-metal, funk, country, forró, axé, ou a qualquer outro estilo tão em voga atualmente. Provavelmente será uma espécie de música tão transcendente, que sequer podemos imaginar, situando-se em um nível de qualidade inimaginável, muito superior à já excelsa música dos grandes mestres humanos porque, enquanto vivemos neste planeta, nossos limites perceptivos e de criação são humanos, imperfeitos, e aquela música terá origem divina, portanto perfeita.
Paulo nos ensina que para vivermos a vida nova em Cristo é preciso atentar para a exortação que nos faz em Colossenses 3.1-2 (ARA): “Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra…”. Tudo, assim, na área da música, aponta para o fato de que, em nossa vida cristã, onde a excelência, o apuro, a fineza, a sensibilidade, a beleza, a transcendência e a elevação do espírito são essenciais – porque são as coisas lá do alto e não aqui da terra – assim devem ser incessantemente buscadas, cultivadas e aprimoradas.
Por certo, um dia conheceremos extasiados a música divina que soa nos céus, onde, como Paulo assegura em 1 Coríntios 2.9 (ARA), “… Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. Talvez se assemelhe à descrição deslumbrantemente gloriosa de Lucas 2.13-14 (ARA), quando do advento do Filho do Homem: “E, subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem”. Assim os coros celestiais substituíram os músicos terrestres, entoando para Jesus canções que teria sido impossível serem cantadas por vozes humanas com tal nível de excelência e perfeição. Que este primeiro hino de Natal, cantado pelas multidões de anjos celestiais, nunca mais silencie, e continue repercutindo pelos séculos afora, exaltando a Deus através de Seu Filho, e que cada palavra de louvor e júbilo proferida, seja uma abençoada profecia que se cumpra hoje e sempre!
Criador bendito que tudo concebeste de forma tão extraordinária, onde a beleza impera, a criatividade é sublime, em que tudo tem função própria, ajuda-nos a viver de acordo com os princípios que Tu traçaste magistralmente. Teu amor nos propiciou a audição de todos os tipos de sons maravilhosos que criaste, todos harmônicos e elevados, mas a humanidade corrompeu-os tentando sobrepor a eles o barulho vulgar e diabólico que hoje predomina e que, como instrumento do maligno, arrasta multidões em cortejo fúnebre rumo à destruição final de suas almas. Ajuda-nos, Senhor Todo-Poderoso e Misericordioso, a sermos instrumentos Teus na proclamação de tudo o que vem de Ti em Palavra e em Som, para que sejas para sempre glorificado! Em nome de Jesus. Amém.
lucimar de moura santos
29 de junho de 2017 at 11:48Eu, particularmente detesto esses tipos de músicas caluniadoras que berram nos palcos da vida onde milhares de pessoas vão e acham uma maravilha, sem letra, só malícia, isso pra mim é coisa satânica. Agora ouvir uma música que lhe trás paz ao seu coração como muitas boas músicas gospel, ouvir e maravilhoso. Particularmente canto minhas próprias músicas cujas letras Deus me deu a inspiração, até ouço minha esposa cantando, ainda não gravei por causa de recursos, mas, como se diz: acreditando em Deus, um dia esse sonho será realizado, temos que ser perseverantes, jamais desistir, quem está com Deus tá com tudo, ele é a nosso refugiu e a nossa fortaleza. Paz.