Nem Frio, Nem Quente

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Nem Frio, Nem Quente

Conversavam dois crentes de denominações diferentes, João e Elias, e o primeiro perguntou ao outro: “Como vai a sua igreja?” Ao que Elias respondeu: “Muito bem, ela é forte, ativa, calorosa!” Interessado, João continuou inquirindo: “Deve ter muitos membros, não?” Elias então informou:“Somos apenas setenta e dois”. João não conseguiu esconder sua surpresa: “Puxa! Certamente são pessoas de posses!” Mas Elias negou:“Ao contrário, somos todos pobres.” Intrigado, João duvidou:“Como é possível então sua igreja ser forte, ativa e calorosa?” Respondeu Elias: “É porque amamos a Deus acima de tudo, por isso somos totalmente consagrados ao Seu serviço, mas também verdadeiramente amamo-nos uns aos outros, e assim dedicamo-nos incessantemente a proclamar o Evangelho de Cristo.”

Esta linha teológica é bastante compatível com o que o pastor Ronaldo Lidório  recentemente escreveu: “A primeira missão da Igreja não é proclamar o evangelho, não é se expandir nem mesmo conquistar a mídia ou impactar a sociedade. A primeira missão da Igreja é morrer: perder os valores da carne e ser revestida com os valores de Deus. É se desglorificar para glorificar ao seu Senhor.”

Um experiente pastor certa vez disse que a igreja é formada por – no mínimo – três grupos: os que fazem acontecer, os que esperam acontecer e os que torcem para nada acontecer, que são aqueles que querem manter o statu quo morno e descompromissado. Não se envolver com a obra de Deus e evitar o crescimento espiritual, portanto, é o primeiro passo para atingir a mornidão que Ele tanto destesta, pois o crente morno – que não é frio nem quente – é o que deliberadamente desobedece aquilo que Jesus tão enfaticamente exortou em Mateus 6.33: “… buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas (materiais) vos serão acrescentadas.” O Seu Reino Eterno deve ser o nosso verdadeiro alvo, e não as coisas materiais, as coisas que compõem o limitado, claustrofóbico, orgulhoso e passageiro reino do nosso ego.

Como crentes, vivemos geralmente em um ambiente corriqueiro, trivial, em uma permanente dicotomia entre as exigências, ditames e demandas do nosso próprio reino e as do Reino de Deus. O crente nem frio nem quente vive focado no reino do seu ego, buscando permanentemente sua autossatisfação, o atendimento de suas vontades, desejos, necessidades e sentimentos. Se nossa prioridade de vida é o nosso ego, como poderemos amar a Deus ou a nosso próximo? Mas Deus nos concedeu a Sua maravilhosa graça para nos abençoar com a glória transformadora de um reino incomparavelmente melhor: o Seu Reino Eterno.

Paulo, em Gálatas 5.13-14 (NTLH) nos orienta explicitamente sobre como lidar com esta guerra ininterrupta que existe em nós entre o reino do ego e o Reino de Deus: “Porém vocês, irmãos, foram chamados para serem livres. Mas não deixem que essa liberdade se torne uma desculpa para permitir que a natureza humana domine vocês. Pelo contrário, que o amor faça com que vocês sirvam uns aos outros. Pois a lei inteira se resume em um mandamento só: ‘Ame os outros como você ama a você mesmo.’” Ele deixa claro que, só quando amarmos a Deus sobre todas as coisas poderemos então amar ao nosso próximo como a nós mesmos. Só quando Deus estiver entronizado no lugar que Lhe pertence em nossa vida – como resultado da priorização do nosso foco vertical – é que conseguiremos amar como Deus deseja que amemos – simultaneamente mantendo nosso foco horizontal inundado pelo Seu amor infinito.

O Reino de Deus, portanto, é claramente um reino de amor ilimitado, inconcebível, inimaginável para os nossos padrões humanos, glorioso, transformador, redentor. Somos então obrigados a admitir que o crente morno não entende o que é o Reino de Deus, do contrário estaria totalmente ansioso, muito desejoso, ávido por conhecê-lo e para ele viver. O evangelista em 1 João 4.7-12 (NTLH) nos ensina de forma soberba o que é o amor de Deus que permeia e inunda o Seu Reino e que deveria nos inundar também: Queridos amigos, amemos uns aos outros porque o amor vem de Deus. Quem ama é filho de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não o conhece, pois Deus é amor. Foi assim que Deus mostrou o seu amor por nós: ele mandou o seu único Filho ao mundo para que pudéssemos ter vida por meio dele. E o amor é isto: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e mandou o seu Filho para que, por meio dele, os nossos pecados fossem perdoados. Amigos, se foi assim que Deus nos amou, então nós devemos nos amar uns aos outros. Nunca ninguém viu Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus vive unido conosco, e o seu amor enche completamente o nosso coração.”

A carta a Laodicéia, registrada em Apocalipse 3.14-22 – de que trataremos na próxima meditação – é o exemplo máximo daquilo o que Jesus Cristo mais abomina não só na igreja, como também no crente: não ser frio nem quente. Frio é o não cristão, quente é o verdadeiro cristão, morno é o falso cristão. O crente morno estacionou no caminho da santificação, contentando-se apenas com as migalhas do banquete que Cristo oferece, ao invés de aceitar entusiasticamente o convite que Ele fez em Apocalipse 3.20: Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.”

Senhor Deus, Pai amado, que nunca sejamos passivos, omissos ou indiferentes com relação a Ti e à Tua Obra. Que Teu Santo Espírito nos fale permanentemente ao coração, dirigindo-nos para que busquemos a Ti e às formas de cooperar contigo, num almejar incessante do Teu Reino Eterno. No nome de Jesus, que está acima de qualquer outro. Amém.

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8 Comentários
  • Reinaldo Muchailh Junior

    21 de julho de 2012 at 21:43

    Querido Winston;

    Mensagem inspirada e inspiradora. Parabéns.
    Terríveis são as palavras no versículo 16 de Ap. 3, quando Deus no afirma que temos que tomar decisão, abrir os olhos, ouvidos e coração para ouvir o que Ele nos ordena e tomarmos posição na Obra, senão causaremos náusea ao Senhor e seremos vomitados fora!
    Me permita mostrar outro ponto de vista com relação a nossa comparação com a temperatura das águas de Laudicéia. As fontes de Laudicéia eram distantes da cidade e quando chegavam a cidade através de tubos estavam mornas e pouco potáveis, já sua cidades vizinhas; uma tinha fontes térmicas, medicinais e curativas e outra tinha fonte fria e refrescante. Cristo não quer a igreja morna (encima do muro), insalubre (esquentando banco), mas curativa e refrescante, transbordando o amor de Jesus. Abraço Fraterno;
    Reinaldo.

    • Nanny & Winston

      22 de julho de 2012 at 15:18

      Querido amigo e irmão Reinaldo,
      Obrigado por sua participação sempre bem vinda, e por suas palavras sempre gentis, porque você é daqueles filhos de Deus que – onde quer que estejam – são bênção, sal e luz.
      Por isso fico muito feliz com sua contribuição, desde já convidando-o a também comentar a próxima mensagem que está em preparação – em continuidade a esta – que é justamente sobre Laodiceia.
      Que o Senhor continue abençoando-o profusamente!

  • Evandro Lucchini

    23 de julho de 2012 at 10:09

    Ola Winston
    Obrigado por seu texto. Aguardarei sua mensagem sobre Laodiceia. Confirmei em recente visita às ruínas de Laodiceia, o que já pensava há um bom tempo e apresento para contribuir com sua perspectiva. As águas frias, que se originavam no degelo da neve das montanhas que circundavam aquela antiga cidade, eram ótimas e necessárias para a população. Coisa boa e presente do alto. As quentes que descem até hoje de outra montanha eram também extremamente úteis. Provisão da natureza. Ser frio ou quente não é condenado por Jesus, alias é recomendado. O morno, este sim é desprezível.. Talvez Jesus esteja nos desafiando a usar todo potencial que Ele mesmo nos deu para Sua honra e não desperdiçarmos nada do que recebemos. No amor dEle. Evandro Lucchini

    • Nanny & Winston

      23 de julho de 2012 at 18:02

      Prezado Evandro,
      Que bela contribuição você nos traz com seu ótimo texto. Nós é que agradecemos!
      Concordamos com você: o Senhor nos criou e capacitou para servi-lO, e não temos o direito de deixar de aceitar o desafio e, com Seu amparo, fazermos tudo o que Ele espera de nós. Esperamos que continue a nos dar o prazer e a honra de sua participação!
      Em Cristo.

  • Élvia Campos de Alcantara

    23 de julho de 2012 at 12:19

    Eu não tenho muita facilidade para escrever. O assunto foi muito bom. Concordo plenamente com o que o nosso irmão Reinaldo escreveu. Parabéns.
    Que o SENHOR JESUS continue guardando os irmãos.

    • Nanny & Winston

      23 de julho de 2012 at 18:08

      Querida Elvinha,
      Obrigado por seu comentário tão gentil e amigo. Continuamos contando com suas orações e com seu amor fraterno, que muito nos alentam.

  • Noemy

    24 de julho de 2012 at 21:32

    OLA QUERIDOS
    EU SEMPRE LEIO E FALO SOBRE ESTE TRECHO DA BÍBLIA.TENHO MEDO DE CRISTÃO MORNO,POIS O DESTINO DELE É TERRIVEL.LIVRA-NOS DISSO SENHOR.TEMOS QUE LEMBRAR SEMPRE PARA SERMOS SERVOS BEM COMPROMETIDOS COM NOSSA MISSÃO DE TRABALHAR PELO REINO COM TODO AMOR A CRISTO E A OBRA.PARABÉNS E QUE O SENHOR OS ABENCOE INFINITAMENTE..

    • Nanny & Winston

      26 de julho de 2012 at 18:08

      Querida Noemy, agradecemos por sua participação através de comentários sempre bem colocados e que trazem uma contribuição preciosa. Obrigado por seus votos de bênçãos sobre nós, que queremos também retribuir a você!

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