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MARCA DISTINTIVA

“Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra..”. 2 Coríntios 9.8 (ARA)

 

 

 

 

O que diferencia de forma mais notável a vida cristã da secular é a graça, e distribuir graça deve ser a nossa principal contribuição como filhos de Deus. Vemos hoje no mundo, e em especial em nosso país, o predomínio da ausência da graça, e infelizmente as instituições governamentais e políticas são exemplos de esmero nesse quesito. Privação de graça significa falta de amor, mas Jesus jamais permitiu que nada interferisse em Seu amor pelos outros, e ensinou-nos em João 13.35 (ARA) que devemos manifestar essa marca distintiva, pois “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros”.

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CONTROLE SOBERANO DE TUDO

”Ora, destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?”. Salmos 11.3 (ARA)

 

 

 

 

O fato de ser o rei ungido de Deus não deu imunidade a Davi, que se encontrava em uma situação extremamente difícil, em que por fim se viu forçado a fugir para salvar a vida, não por temor, mas pela certeza de que Deus, como sempre, estava no controle soberano de tudo. Se hoje por acaso estivermos enfrentando os golias da vida e não enxergamos saída para a nossa situação, voltemo-nos confiantes para o Deus Todo-Poderoso a quem servimos, entregando a nossa causa em Suas mãos invencíveis, amorosas e compassivas, e permaneçamos seguros e otimistas, certos de que a vitória de antemão é nossa!

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INJUSTIÇA (parte 1)

Diariamente, pelos mais variados veículos de informação, tomamos conhecimento dos dramas, das tragédias que acometem as pessoas de todos os lugares, raças, idades e condições sociais. Como aquele pai, trabalhador honesto e dedicado, que faz tudo certo na vida, ao pensar naqueles que enriquecem desonestamente, sem nunca terem trabalhado, se pergunta: “Vale a pena agir corretamente e passar por tantas dificuldades?” Uma mãe desesperada abraça o corpo inerte e ensanguentado de seu pequeno filho, morto por uma bala perdida, e entre muitas lágrimas de dor pergunta: “O que esta criança inocente fez para merecer isto? Por que ele?” Uma jovem viúva desconsolada, ao lado da tumba que acabou de receber o corpo do marido, morto por um motorista alcoolizado, abraça seus três filhos pequenos e soluça de dor: “Não é justo. Por que meu marido, que sempre respeitou as leis, está morto e aquele motorista, ébrio reincidente, continua vivo?” Fora do tribunal, o homem em lágrimas e aos gritos de revolta protesta indignado porque o estuprador e assassino de sua única filha acaba de ser solto por uma tecnicalidade espertamente explorada pelo advogado de defesa.

 

Todos nós que em algum momento temos refletido sobre como a vida às vezes parece injusta, por certo nos deparamos com situações análogas, e ficamos sem saber o que dizer às pessoas afetadas por tragédias inexplicáveis.

 

Asafe, que no hebraico significa “ajuntador”, tem este nome aparentemente como decorrência da função que exerceu ao liderar muitas pessoas nos serviços de canto na casa do Senhor.  Em 1 Crônicas 16.4-5 lemos que “(Davi) Designou dentre os levitas os que haviam de ministrar diante da arca do Senhor, e celebrar, e louvar, e exaltar o Senhor, Deus de Israel, a saber, Asafe, o chefe, Zacarias, o segundo …”. Que enorme responsabilidade!  O rei havia escolhido Asafe como líder de 38.000 levitas porque conhecia o caráter, o compromisso, a integridade e o seu zelo para com Deus no desempenho das suas funções. Ele, portanto, era um exemplo, e sua escolha representava a maior responsabilidade que um homem podia ter, que era ministrar na presença do Deus vivo.

 

O Salmo 73, de sua autoria, chama a nossa atenção pela honestidade e a transparência com que o autor se expressa. Neste salmo, que tem o título de O problema da prosperidade dos maus, resumidamente o salmista questiona: “Por que isto está acontecendo comigo? Confiei no Deus de nossos pais, tentei permanecer fiel a Ele, tentei fazer as escolhas certas, mas estou sendo esmagado por problemas, enquanto pessoas que agem incorretamente e O desdenham, prosperam! Isto não é justo!”

 

Uma das razões pelas quais Asafe sentiu-se tão injustiçado foi porque no antigo Israel os judeus viam a vida sob a ótica de uma espécie de lei não escrita de retribuição, que pressupunha que quem fazia o bem receberia nesta vida recompensa equivalente à sua bondade, enquanto que o ímpio, por sua vez, seria punido na medida de seus atos maus. Até nos dias de hoje muita gente ainda tem este conceito, e assim raciocinaram, por exemplo, os amigos de Jó, que o acusavam de esconder os pecados que explicariam seu sofrimento. O erro, porém, era que eles consideravam que a justiça divina seria a única explicação para as circunstâncias presentes, boas ou más. Este conceito ajuda a desvendar a questão que constitui-se no pano de fundo do Salmo 73: por que pessoas más parecem ser abençoadas, enquanto as boas dão a impressão de algumas vezes serem amaldiçoadas?

 

Quando Asafe compôs o Salmo 73 não estava se referindo a nenhuma outra pessoa além de si mesmo, pois que ele próprio passara por aqueles questionamentos e dúvidas. Ele cria em Deus e na Sua bondade e justiça, mas o que havia experimentado na vida conflitava frontalmente com as suas crenças, e ele se pôs em busca das respostas que o fizessem recuperar a fé e superar a dor pessoal e a decepção.

 

Alguém disse que “a vida deve ser vivida olhando para a frente, mas só a compreendemos olhando para trás”. Isto é, muitas vezes só temos compreensão mais clara da nossa própria vida quando vemos através de um espelho retrovisor os marcos que a balizaram. Olhando para trás podemos visualizar os eventos que nos trouxeram até onde estamos, geralmente de uma forma que jamais imaginaríamos enquanto aqueles fatos se desenrolavam.

 

Asafe havia aprendido a valorizar essa visão retrospectiva, então olhou para trás, para uma época de sua vida em que esteve cheio de dúvidas, desespero e dor pessoal, quando questionava então a bondade e a justiça de Deus. Apesar disto – certamente antes de sua crise de fé – ele escreveu no verso 1:  “Com efeito, Deus é bom para com Israel, para com os de coração limpo.” Lembremos que o ponto central das dificuldades de Asafe era que os justos muitas vezes pareciam não ser abençoados, mas este verso inicial reflete  um momento em que ele ainda acreditava na recompensa bondosa de Deus para eles.

 

A seguir, no verso 2, ele passa a despir seu coração como quem descasca uma cebola, camada após camada, verso após verso: “Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem os meus passos.” Quando o sofrimento de Asafe estava no auge, suas queixas até pareciam justificadas, mas agora ele constatava o que realmente eram: uma tentação perigosa para levá-lo a desertar  de Deus.

 

Então neste momento ele fala pelo verso 3 – não apenas com honestidade e transparência, mas também com objetividade – sobre os pensamentos que anteriormente o afligiram: “Pois eu invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos.” A franqueza de Asafe, sua autoexposição íntima é um desafio para sermos mais autênticos e honestos com nós mesmos e com Deus! O que Asafe estava confessando? Aquilo que muitas vezes sentimos, mas poucas vezes reconhecemos: que há momentos depressivos na vida em que chegamos até mesmo a invejar a prosperidade daqueles que não conhecem a Deus. Asafe via muitas injustiças ao seu redor, o que despedaçava sua alma, e então fez um desabafo nos versos de 4 a 9 sobre aqueles que pareciam levar vantagem em tudo sem ter qualquer merecimento, e assim protestou no verso 4: ”Para eles não há preocupações, o seu corpo é sadio e nédio”, isto é, eles não passam por sofrimentos ou doenças, por isso morrem satisfeitos, desfrutando plenamente da vida a cada passo do seu caminho, e assim continua descrevendo-os:

 

No verso 5: “Não partilham das canseiras dos mortais, nem são afligidos como os outros homens” . Os que prosperam na maldade parecem imunes às dificuldades normais, às lutas e aos trabalhos árduos da vida, os problemas não os atingem, e estão livres dos fardos comuns a todos os demais.

 

No verso 6: “Daí, a soberba que os cinge como um colar, e a violência que os envolve como manto”. Asafe havia sido ensinado que as pessoas que rejeitam a Deus seriam punidas por suas escolhas e atitudes, mas ao observar a vida percebeu que, ao contrário, elas pareciam ser sempre honradas e recompensadas, e sua maldade era premiada com o aumento de suas riquezas.

 

No verso 7: “Os olhos saltam-lhes da gordura; do coração brotam-lhes fantasias”. O salmista percebeu que, em meio às suas manifestações exteriores de riqueza, as maldades dos ímpios eram inimagináveis, e que ainda ficavam maquinando mais e mais perversidades.

 

Nos versos 8-9: “Motejam e falam maliciosamente; da opressão falam com altivez. Contra os céus desandam a boca, e a sua língua percorre a terra”. Viu que suas palavras estavam cheias de zombarias, orgulho e arrogância, dirigidas não apenas àquelas pessoas que valorizam mais o caráter que as riquezas materiais, mas principalmente a Deus.

 

E o que mais incomodava Asafe com relação à prosperidade dos ímpios, era a atitude deles para com o Senhor, e então numa crítica ao povo de Israel, que via neles exemplos a serem seguidos, afirma e questiona nos versos 10-11: “Por isso, o seu povo se volta para eles e os tem por fonte de que bebe a largos sorvos. E diz: Como sabe Deus? Acaso, há conhecimento no Altíssimo?” Eles pareciam não se importar nem se preocupar com o amanhã, pois para eles a vida era o aqui e o agora, e o agora parecia ser eterno. Entendiam que estavam protegidos das dores normais da vida, e supunham-se invulneráveis a qualquer punição divina por seus pecados.

 

Por isso Asafe, vendo a riqueza e a felicidade das pessoas irreverentes, presunçosas e egocêntricas, chegou a uma conclusão frustrante: apesar de todos os pecados que cometem e de viverem exclusivamente para si mesmos, eles prosperam! Então constata no verso 12: “Eis que são estes os ímpios; e, sempre tranquilos, aumentam suas riquezas”.

 

A frustração de Asafe com as desigualdades da vida era um problema, mas a maneira como ele reagiu a estas injustiças tornou-se um problema ainda maior, quando passou a questionar no verso 13 a validade de tentar viver para Deus: “Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência”. Desta forma ele coloca em dúvida o valor de sua confiança em Deus, e após ter vivido toda a sua vida debaixo de um propósito de integridade pessoal e de fidelidade ao Senhor, estava prestes a desistir e desertar, supondo que Deus não estava mais no controle, que não se importava com os retos de coração.

 

E então no verso 14 lamenta-se na sua dor: “Pois de contínuo sou afligido e cada manhã, castigado”. Afinal, qual tinha sido sua recompensa pelo compromisso espiritual que sempre honrara, a não ser tormentos e castigos?

 

Continua…

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