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ABENÇOADO PROJETO CELESTE

“O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor”. Lucas 2.10-11 (ARA)

 

 

 

 

O maior evento da história da humanidade, profetizado por séculos, tinha afinal ocorrido! O Messias tinha vindo à terra, e era anunciado por humildes pastores, pessoas como Ele, de corações simples, desprovidas da vaidade e arrogância própria dos poderosos. Neste dia procuremos transportar-nos àquela data extraordinariamente alvissareira em que o Cristo veio para transformar vidas como a nossa, em que Deus não se tornou humano apenas para trazer o bem que compensaria o mal; o nascimento de Jesus foi muito mais que isso, foi uma esplendorosa invasão da graça divina que daria início ao abençoado projeto celeste de intensa iluminação de tudo e de todos neste mundo tenebroso!

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PERDÃO

Em meados do século XVIII missionários morávios, – originários da Morávia, parte mais oriental da República Tcheca, – que estavam empenhados em evangelizar os esquimós, depararam-se com uma dificuldade insuspeitada que colocava um enorme desafio para a sua missão. Não havia na linguagem deles, o inuíte, uma palavra que significasse perdão, conceito que para eles era desconhecido. Depois de muita oração, estudo, pesquisa e discussões, a saída encontrada foi cunhar uma nova palavra que fosse composta por outras já existentes e por eles conhecidas, ou seja, um neologismo. E então surgiu a palavra impronunciável issumagijoujungnainermik que, se traduzida para o português significaria “não-pensar-sobre-isso-nunca-mais”, o que expressa fielmente o sentido de perdoar: ela não afirma que a ofensa seria esquecida, mas sim que não seria mais levada em conta.

 

Todos nós, em determinadas ocasiões, sofremos ofensas e injustiças, e a cada revés nos sentimos feridos e menosprezados. Qual tem sido a nossa reação? Humana, de revolta, indignação e raiva? Ou reagimos de acordo com o que Deus nos exorta em Efésios 4.1-2, 32: Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, (…) sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou?

 

Esta atitude, desconforme com a conduta que o mundo comumente adota, pode fazer toda a diferença em nossa vida, pois quando somos desobedientes aos Seus mandamentos e pecamos contra Ele, da mesma forma que ao fazermos algum tipo de mal a outra pessoa, pecamos não apenas contra o próximo, mas principalmente contra Deus, sendo então merecedores da Sua ira, como Davi confessa no Salmo 51.4: Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar.

 

Contudo, contrariando toda a lógica terreal, a ilimitada misericórdia do Senhor sempre nos alcança, e Ele perdoa todas as nossas transgressões, portanto, que direito teríamos de recusar o perdão a outrem? Se Ele perdoa até nosso ofensor, que é o ofensor dEle também, quem somos nós para não fazermos o mesmo? Nossos pecados contra Deus são infinitamente maiores e mais numerosos que os pecados que qualquer pessoa poderia intentar contra nós, por isso nosso dever é perdoar sempre, como Jesus ensina em Lucas 17.3-4: “Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe”.

 

O perdão é vital no cristianismo, é uma das maiores virtudes cristãs e não houvesse sua ação amorosa, purificadora, mitigadora e balsâmica, a doutrina cristã não existiria, pois sem perdão como seria possível amar verdadeiramente o nosso próximo? Se Jesus – que reiteradas vezes nos Evangelhos ensinou-nos a perdoar como Ele próprio nos perdoou – é o nosso modelo em tudo, e assemelharmo-nos a Ele é nosso alvo, como poderíamos deixar de obedecer-Lhe e imitá-Lo nesta questão? Estaremos orando de forma hipócrita a oração que Ele nos ensinou, na passagem de Lucas 11.4 rogando: “… perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve…”? E que se complementa em Mateus 6.14-15, quando o Mestre ensina que “… se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”?

 

Entretanto, como amar e perdoar nossos inimigos como o fazemos a nós próprios? Em primeiro lugar amar nossos inimigos não é o mesmo que considerá-los boas pessoas, e perdoá-los não significa concluir que afinal não são tão maus assim, quando na verdade são. Os mestres da antiguidade já diziam que devemos odiar as más ações de um homem, porém que não devemos odiar ao próprio homem, ou seja, podemos odiar ao pecado, mas não ao pecador. Se observarmos com isenção, verificaremos que é exatamente assim que agimos a nosso próprio respeito. Ainda que abominemos nosso egoísmo, intolerância, desamor, vaidade, covardia, continuamos nos amando, o que não quer dizer que tanto nosso inimigo quanto nós próprios não devamos estar sujeitos a algum tipo de punição – porém sempre cuidando para que nenhum sentimento de ódio ou de vingança se alojem em nosso coração.

 

Desta forma, o que a Palavra de Deus quer dizer com o amor ao próximo é que devemos desejar o seu bem, sem ter que necessariamente sentir afeto por ele ou considerá-lo agradável, bom e gentil quando não é; significa amá-lo, apesar de que esteja longe de ser amável. Mas então devemos nos perguntar: seríamos nós mesmos – pelos nossos próprios padrões de avaliação – pessoas dignas de serem amadas? Ou será que cada um ama a si próprio egoisticamente, simplesmente porque trata-se de si mesmo, porque para cada indivíduo não existe ninguém mais importante do que ele próprio?

 

Acima de tudo, porém, apesar de sermos como somos, Deus nos ama incondicionalmente, e só nEle podemos confiar de forma irrestrita, como Charles Haddon Spurgeon certa vez disse: “Tenho pregado o evangelho de Cristo por muitos anos e jamais conheci alguém que tenha confiado em Cristo e pedido perdão pelos seus pecados e Ele o tenha lançado fora. Nunca encontrei um só homem que tivesse sido recusado por Jesus. Tenho conversado com mulheres às quais Ele restituiu a pureza primiti­va, com bêbados a quem Ele livrou dos hábitos vis, e com outros culpados de horríveis pecados que se tornaram puros como crianças. Sempre ouço a mes­ma história: ‘Busquei o Senhor e Ele me ouviu; lavou-me no seu sangue e es­tou mais branco do que a neve’”!

 

Senhor Amado, Tu nos concedeste o novo nascimento em Cristo porque nos perdoaste de todos os pecados, iniquidades e transgressões, e sabemos que perdoar é um mandamento Teu, que não depende de nosso sentimento, de nossa racionalização ou de nossa vontade. Nós Te louvamos porque estávamos perdidos, condenados à morte eterna, e Tu nos chamaste para esta nova vida onde amar e perdoar são expressões máximas do Teu amor e da Tua misericórdia. Ajuda-nos, ó Pai, a perdoar e a amar ao nosso próximo incondicionalmente como Tu o fizeste, porque não temos o direito de reter esta graça com a qual tanto nos abençoas. No nome santo de Jesus Cristo. Amém.

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SEU REINO

Já estais fartos, já estais ricos; chegastes a reinar sem nós; sim, tomara reinásseis para que também nós viéssemos a reinar convosco. 1 Coríntios 4.8 (ARA)

 

 

 

 

Hoje oremos para que nunca nos deixemos dominar pela autossuficiência e orgulho que os crentes coríntios manifestavam na época de Paulo: nada lhes faltava materialmente e eram arrogantes pela abundância de dons espirituais entre eles. Agiam como se já estivessem reinando, mas sem os apóstolos, o que levou Paulo a ironicamente desejar reinar com eles! Que jamais esqueçamos que estamos vivendo um período de preparação para reinar com o Senhor Jesus, quando Ele voltar para instaurar o Seu Reino na terra, e até lá, humildes, demos graças pelo privilégio de participar da Sua ignomínia e rejeição!

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