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OBEDIÊNCIA

“E este respondeu: ‘Não quero!’ Mas depois mudou de idéia e foi”. Mateus 21.29 (NVI)

 

 

 

Na Parábola dos Dois Filhos, em Mateus 21.28-32, Jesus conta que um homem determinou a um deles que fosse trabalhar na vinha, este disse que ia, mas não foi; o outro disse que não ia, mas foi. Então o Mestre pergunta: qual deles fez a vontade do Pai? É claro que aquele que obedeceu, embora de início tenha se recusado. Atentemos hoje para o fato de que Deus estabeleceu a obediência como um princípio inarredável, que nenhum filho Seu pode deixar de cumprir, sob pena de rebelião deliberada, com suas graves e nefastas consequências. Mas não ajamos como esses filhos: acatemos sem titubear o Seu mando!

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O CORAÇÃO

O coração humano, na forma literal, é o órgão responsável pelo percurso do sangue bombeado através de todo o organismo, nos sentidos de ida e de volta, transportando assim o oxigênio e os nutrientes necessários às células que sustentam as atividades orgânicas, e desta forma constitui-se no centro da vida física. Nas Escrituras Sagradas o coração é geralmente citado de modo figurativo – poucas vezes de forma literal – para representar o íntimo, a parte central, o homem interior em seus desejos, afeições, objetivos, pensamentos, emoções, paixões, sabedoria, crenças, raciocínio, conhecimento, habilidade, memória e consciência, segundo o Journal of the Society of Biblical Literature and Exegesis; em Gênesis 6.5-6 ele é a sede do intelecto, dos sentimentos, assim como em 1 Samuel 1.8, e da vontade no Salmo 119.2.

 

Em mais de 850 citações na Bíblia Deus mostra a importância crucial deste órgão físico-moral, e diz em 1 Samuel 16.7 que “… o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração...”, isto é, ao contrário do ser humano, que deixa-se levar, na maioria das vezes, pela aparência exterior das pessoas, Ele perscruta o cerne, o âmago, o íntimo mais profundo do homem, e descortina o seu verdadeiro eu, por mais que consiga enganar, mistificar, burlar seus iguais. Nada pode ficar oculto do Seu olhar soberano e onisciente!

 

Corria o ano 63 a.C. quando os romanos tomaram Jerusalém e o comandante das tropas invasoras, o general Pompeu, manifestou a vontade de conhecer o Grande Templo sobre o qual tanto tinha ouvido falar. Entrou no Santuário e, para consternação dos judeus que o acompanhavam, inopinadamente afastou uma cortina e penetrou no ambiente escuro do Santo dos Santos, o que só era permitido ao sumo sacerdote fazer, e apenas uma vez por ano. O que Pompeu procurava? A imagem do Deus dos judeus, a quem atribuía a força extraordinária daquele povo ao longo da história, porém nada viu, o que o deixou intrigado, e só mais tarde veio a compreender maravilhado que o povo judeu não cultuava imagem alguma, o que todos os povos que conhecia faziam, pois seu Deus deveria ocupar o santuário mais digno e nobre possível: o coração de cada fiel, o centro de seu ser. Por isso Salomão no livro de Provérbios 4.23  dirige-se a um filho exortando-o a ser sábio: Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida, o que  o escritor, dramaturgo e filósofo Leon Tolstoi ecoou séculos depois, escrevendo que “é no coração do homem que reside o princípio e o fim de todas as coisas”.

 

Mas o coração humano não é confiável, e Jeremias 17.9 na versão ARA nos diz que “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?“. Já na versão da Bíblia Viva, a tradução é: “O coração é a coisa mais mentirosa e traiçoeira que existe do mundo; o coração do homem é terrivelmente cheio de maldade. Não há ninguém capaz de saber até que ponto é mau e pecador o coração humano!”, enquanto a Nova Tradução na Linguagem de Hoje interroga: “Quem pode entender o coração humano? Não há nada que engane tanto como ele; está doente demais para ser curado.” E Jesus ensinou em Mateus 15.18-19 (ARA), ao se contrapor ao ensino dos fariseus e escribas, indicando que do coração procede a força motivadora por trás da nossa conduta, quer boa, quer má:“… o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o homem. Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.”

 

Todos nós já sofremos desilusões com pessoas em quem confiávamos e que nos decepcionaram, sem que conscientemente tivéssemos dado motivos para suas atitudes “desafinadas”; mas, por outro lado, todos nós da mesma forma já desapontamos outros com nossas atitudes. A pessoa que se julga traída sente-se ferida, magoada, desprezada, e acusa a outra, ou opta por simplesmente romper as relações; a que supostamente não correspondeu às expectativas da outra, sempre apresenta justificativas para ter agido ou deixado de agir de determinada maneira. Quem está certo? De quem é a culpa? Nem sempre é fácil discernir, e muitas vezes ambas são as causadoras do conflito. Mas uma coisa é certa: algo produzido no coração de alguém gerou a falta de entendimento. E esse algo nunca é o amor philos (amizade), nem storge (amor familiar), e muito menos ágape (amor incondicional), que são três dos quatro tipos de amor encontrados na Bíblia (o quarto é eros, o amor romântico). O gatilho que certamente disparou o projétil da desavença foram atitudes pecaminosas, egoístas, personalistas, de desamor ao próximo, de desconsideração, de rejeição, gestadas no coração e frequentemente emitidas pela boca, que profere aquilo de que está repleto o coração – o receptáculo de todo o pecado que vive em nós – como uma espécie de alto-falante onde a língua é a peça principal do sistema de comunicação. É o coração enganoso, soberbo, egocêntrico, que maquina as traições, as retaliações, as maldades, as vinganças, que devolve o tapa ao invés de oferecer a outra face; que até pode ter ideais elevados, porém cuja vontade é fraca; que pretende viver de forma altruísta, mas está profundamente preso ao egoísmo.

 

Somos pecadores renitentes, obstinados e pertinazes, com o pecado arraigado em nosso coração como uma infecção que controla o nosso ego e que acaba por se transformar em nosso próprio eu, e então continuamos pecando dia após dia, sendo cada pecado uma declaração de rebeldia contra Deus e de desamor para com o nosso próximo. Dizemos acreditar em Jesus que nos diz em Mateus 22.37-39, Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, e fazemos exatamente o contrário. Enquanto continuarmos nos colocando na vida em primeiro lugar, antes de Deus e de nosso próximo, como o centro de tudo, preferindo antes falar que ouvir, sendo tolerantes conosco e críticos para com os outros, não há esperança de bons relacionamentos para nós, seja na família, na igreja, no trabalho ou onde quer que convivamos com pessoas.

 

Da mesma forma que dos cuidados com o nosso coração orgânico depende a nossa vida presente no corpo físico, do nosso coração imaterial, figurativo, está sujeita a nossa vida futura no corpo glorificado, a vida eterna, por isso todos nós necessitamos de uma transformação radical em nossa natureza que é impossível ser alcançada com nossas próprias forças: a paz, a reconciliação, a concórdia, a harmonia e o entendimento só poderão ser encontrados no arrependimento, no perdão em Cristo Jesus e na operação do Espírito Santo em nós.

 

Precisamos cultivar no coração as motivações corretas contidas na Palavra de Deus que é a luz para o nosso caminho, e que, se permitirmos, dirigirão a nossa conduta, nos oferecendo toda a orientação de que necessitamos, como mostram alguns exemplos: no sentido do que não fazer, Judas 16 adverte para não sermos como certos indivíduos que “… são murmuradores, são descontentes, andando segundo as suas paixões. A sua boca vive propalando grandes arrogâncias; são aduladores dos outros, por motivos interesseiros; Paulo, em 1 Timóteo 6.9-10 fala sobre o papel que o dinheiro deve ter em nossas vidas, alertando-nos que “…  os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.

 

Em franca contraposição às más atitudes estão as ações positivas que devemos empreender, como a que Jesus em João 15.12 determina: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu os amei”; o apóstolo João exorta-nos ao cumprimento do mandamento divino de amar aos irmãos na fé  em 1 João 5.1 ensinando: Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido; e Paulo em Gálatas 6.10 instrui: “… enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé.

 

No Oriente Médio, onde a água é uma preciosidade de valor inestimável, os poços e as fontes sempre mereceram cuidados especiais, por isso costumava-se tapar com uma pedra a boca de uma nascente ou poço para evitar contaminação, e assim o termo “fonte selada” passou a significar algo de extremo valor, que devia ser guardado com zelo único. É com este sentido que Provérbios 4.23 ensina que devemos cuidar do nosso coração: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Jamais permitamos que ele seja contaminado por qualquer tipo de mal, pois isto comprometerá, talvez de forma irreparável, toda a nossa vida. Mas como guardar o nosso coração? Lutero dizia: “Não posso impedir que os pássaros voem sobre a minha cabeça, mas posso impedir que  façam ninhos nela…”, com isto querendo significar que, se não podemos evitar os pensamentos maus que nos ocorrem – muito deles induzidos pelo próprio diabo – somos no entanto capazes de preservar os nossos corações de qualquer contágio nefasto, inundando-os com a Palavra de Deus, com orações de gratidão e com louvores incessante ao nosso Deus Todo-Poderoso!

 

Glorioso, amado e bendito Pai, nosso Deus trino, queremos manter nossos corações a salvo de toda e qualquer contaminação que venha a comprometer nossa comunhão conTigo, nossa santificação e nosso serviço a Ti. Ajuda-nos, fortalece-nos a fé, guarda-nos do mal, Senhor, para que possamos ostentar corações puros, totalmente dedicados a Ti, dia após dia, até nos encontrarmos conTigo na Tua glória eterna! No nome santo e preciso de Jesus, assim oramos. Amém.

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PERFUME

“Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem”. 2 Coríntios 2.15 (ARA)

 

 

 

 

Nos desfiles triunfais dos conquistadores romanos após uma guerra, os cativos eram exibidos ladeados por sacerdotes carregando incensários que enchiam o ar de agradáveis perfumes simbolizando a alegria, a vitória e a vida para os vencedores, mas que para os perdedores significavam a morte inevitável.  Hoje esta metáfora que Paulo emprega nos mostra que a pregação do Evangelho tem um duplo efeito: para os que o aceitem, é a promessa de um futuro glorioso, é a emanação aromática da vida eterna; para os que o repelem, no entanto, é o agouro da perdição sem fim, é o perfume da morte eterna!

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