GALARDÕES
Nosso Deus é um Pai tão maravilhoso, amoroso e cheio de bondade que preparou para nós não apenas a vida eterna ao Seu lado, isenta de morte e sofrimento, plena de amor, alegria, felicidade e paz: Ele foi muito além, prometendo recompensas de magnitude inimaginável para aqueles que se mantiverem firmes na fé em Cristo, servindo-O e vencendo as tribulações, as adversidades e as tentações do mundo.
Há um propósito bom, misericordioso, construtivo, amoroso em tudo o que o Senhor faz, embora muitas vezes não compreendamos certas circunstâncias, mas a cada dia Ele nos propicia que nos vejamos face a face com uma realidade imutável, real e decisiva: nossa vida aqui na terra é curta, como declara Tiago 4.14: “Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa”.
Entretanto é este exíguo espaço de tempo que vai determinar se passaremos a nossa vida eterna ao lado de Deus, e é sobre o que fizermos com essa oportunidade única que seremos avaliados; é pela forma como vivemos, pensamos, agimos, trabalhamos, amamos e servimos ao próximo e a Deus, compartilhamos nossos recursos financeiros e enfrentamos as tentações, que será moldada a nossa existência na eternidade.
Provavelmente muitos de nós já se perguntaram se a nossa conduta cotidiana está construindo o futuro eterno radioso que as Escrituras anunciam e que tanto almejamos viver; talvez nos questionemos se o que fazemos na vida todos os dias é realmente significativo sob a ótica divina; ou pensamos: será que tudo o que fazemos pelo Senhor e por outras pessoas será recompensado no céu, ou o céu é igual para todos os crentes, não importa o que fazemos aqui na terra? Talvez até nos perguntemos se esse conceito de recompensa pelo que fazemos não levaria a que as pessoas tivessem boas condutas oportunistas, apenas para serem premiadas no além? Ou, quem sabe, alguns se perguntam se esta questão é realmente tão importante, ponderando que estar no céu, ver a Deus e passar a eternidade com Ele já será o suficiente…
Muitos crentes esquecem que receber recompensas – que é um plano de Deus – será, antes de tudo, um indicativo da aprovação do Senhor à nossa vida terreal, o que por si só já deveria nos trazer grande alegria, encorajamento e força quando passamos por momentos difíceis, ao dar-nos a certeza de que Ele deseja premiar nossos sacrifícios, fidelidade e fé.
Desconsiderar ou rejeitar a existência dos galardões seria um insulto à bondade e ao amor do Pai Celeste por Seus filhos, e nós precisamos dar aos prêmios eternos o valor e a importância que merecem, permanentemente considerando que somente durante a nossa curta jornada terreal poderemos fazer algo para fazer jus a eles.
Portanto, devemos ver o tempo e as oportunidades de que desfrutamos enquanto na carne como uma extraordinária chance para investirmos com retorno certo em nossa vida eterna, e tanto o Antigo quanto o Novo Testamento estão permeados de alusões à questão das retribuições eternas que Deus tem preparadas para nós, – só entre os termos recompensa, galardão, coroa da vida e retribuição são cerca de 120 menções – porque Ele quer nos abençoar e motivar-nos em nossa jornada cristã, como mostram estes dois exemplos:
“Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o seu braço dominará; eis que o seu galardão está com ele, e diante dele, a sua recompensa”. (Isaías 40.10)
“Disse também ao que o havia convidado: Quando deres um jantar ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te convidem e sejas recompensado. Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos. Ora, ouvindo tais palavras, um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado aquele que comer pão no reino de Deus”. (Lucas 14.13-15)
É preciso que tenhamos sempre em mente que o almejo por recompensas servindo a Deus e ao próximo, embora tenha fundamento bíblico, não pode ser um fim em si mesmo, mas deve sim ser um dos fatores que nos incentivam a servir ao Senhor, motivando-nos a viver fiel e incansavelmente para a construção do Seu Reino, lembrando que o importante é que os prêmios virão como graciosa demonstração de que Ele aprovou a nossa conduta na terra.
Nas palavras do pastor, professor e renomado escritor cristão Erwin Lutzer, em seu livro Your Eternal Reward, “Devemos ser tudo o que pudermos ser nesta vida para que também possamos ser tudo o que podemos na vida futura”, apontando para o fato de que é a nossa salvação que determina onde passaremos a eternidade, mas que é a nossa conduta que estabelece em que condições viveremos para sempre.
Ou seja, devemos ter em mente que a nossa salvação é somente pela graça, somente por meio da fé e somente em Cristo Jesus, mas que Deus nos salva para nos possibilitar realizarmos boas obras; que somos salvos pela obra de Cristo em nosso favor, mas que as recompensas que receberemos serão em função das obras que realizarmos para Ele; e que a salvação vem pela fé, mas que as recompensas são resultado de nosso procedimento.
Exatamente o que nos espera na vida futura não sabemos, mas podemos ter certeza de que será algo extraordinário, além de tudo o que possamos imaginar, como Paulo assegura em 1 Coríntios 2.9: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. A certeza do futuro eternamente maravilhoso que nos está prometido dá-nos esperança e estímulo para prosseguirmos nesta vida, tolerando as dificuldades que surgem e nos impedindo de ceder às tentações.
O futuro tribunal de Cristo onde seremos todos julgados, tanto crentes quanto incréus, é também chamado de bema de Cristo, e Paulo ensina em 2 Coríntios 5.10 a sua inevitabilidade: “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo”.
Quem creu em Cristo como seu único Salvador e Redentor vai pôr-se diante do tribunal num primeiro julgamento, como Paulo expõe em Romanos 14.10, indicando que se referia a si próprio e a outros cristãos: “Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus”.
O propósito deste tribunal não será condenar e punir, mas sim aprovar e premiar; quem tiver negligenciado ou repudiado a Cristo, no entanto, será levado a enfrentar o julgamento do grande trono branco no final , imediatamente antes da criação do novo céu e da nova terra, segundo a visão que João teve em Apocalipse 20.11-12,15: “Vi um grande trono branco e aquele que nele se assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros. (…) E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.
Os olhos de Deus tudo perscrutam e nada pode ser ocultado dEle, como o autor de Hebreus 4.13 assevera: “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas”, e isto nos dá a medida da responsabilidade tremenda que temos de fazer o melhor para Ele. Talvez o cuidado e a dedicação que colocamos em nosso serviço a Deus não seja perceptível aos outros, mas Ele sabe, e um dia seremos recompensados por toda a nossa fidelidade. Vivamos hoje e a cada dia, portanto, empenhados em agir para que no futuro o nosso arrependimento seja mínimo, mas a nossa alegria seja máxima!
E temos razões mais que suficientes para nos animar e encorajar, pois a promessa de Deus é que cada um de nós, Seus filhos, receberá algum tipo de recompensa, porque Jesus, por Sua graça infinda e bondade sem limites, seguramente encontrará em nós motivos para premiar-nos. Examinemos a propósito as palavras de Paulo em 1 Coríntios 4.5: “Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus”.
Mas atenção: nossa conduta pode nos conferir galardões, porém pode também fazer-nos perdê-los, como Paulo nesta passagem de 1 Coríntios 9.24-27 alerta: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”. Assim a perda do galardão, a desqualificação à qual Paulo alude, pode acontecer quando as regras estabelecidas na Palavra de Deus não são obedecidas, envolvendo muitas vezes a prática da idolatria, da imoralidade sexual, o desafio ao Senhor e as reclamações, críticas e julgamentos injustos.
Enquanto aqui na terra não nos é facultado saber exatamente como serão as recompensas celestiais, mas a Escritura nos permite entrever as que nos estão reservadas, o significado de cada uma e sua referência bíblica:
1. A APROVAÇÃO DE DEUS
“… Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. (Mateus 25.23)
2. REINAR COM ELE
“Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono”. (Apocalipse 3.21)
3. RECEBER HONRARIAS COMO VENCEDORES
A Coroa Incorruptível
“Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível”. (1 Coríntios 9.25)
A Coroa da Alegria
“Pois quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que exultamos, na presença de nosso Senhor Jesus em sua vinda? Não sois vós?” (1 Tessalonicenses 2.19)
A Coroa da Justiça
“Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda”. (2 Timóteo 4.8)
A Coroa da Glória
“Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória”. (1 Pedro 5.4)
A Coroa da Vida
“Não temas as coisas que tens de sofrer. (…) Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”. (Apocalipse 2.10)
A eternidade por certo reserva grandes surpresas para muitos que se consideram cristãos fiéis, participam ou dirigem ministérios amplamente reconhecidos, mas que no fundo não agem segundo a vontade de Deus e visam acima de tudo seu próprio benefício, renome, prestígio e poder, esquecendo do que Ele disse a Samuel em 1 Samuel 16.7: “…o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração”.
Pai de graça e misericórdia, a Tua Palavra permeada por promessa e esperança, sobressai muito acima da nossa limitada compreensão humana, entretanto permite vislumbrar que os galardões com que nos acenas para quando estivermos ao Teu lado, serão recompensas inauditas que brotarão de Teu coração inundado de amor por nós. Que no tempo que nos resta na terra, Senhor, mercê da Tua graça infinda possamos crescer em santificação, fidelidade e amor a Ti e ao nosso próximo, e assim, na ocasião que determinares sejamos considerados dignos de viver para todo o sempre ao Teu lado como Teus filhos amados. Assim oramos agradecidos no nome precioso e santo de Jesus. Amém
29 de agosto de 2020
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