Paz Interior (1)
Há uma conhecida história que conta que certa vez houve um concurso de pintura destinado a premiar o quadro que melhor representasse a paz. Ao final da renhida disputa, o júri destacou duas telas: a primeira retratava uma paisagem de verão, mostrando um regato de mansa água transparente que corria em meio a um verde prado, onde ovelhas brancas pastavam pacificamente. Por todo o lugar via-se lindas flores, borboletas coloridas bailavam no ar, e acima das frondosas árvores que ocupavam parte da campina, recortado contra o céu azul, um bando de aves brancas executava um vôo gracioso. O júri ficou extasiado com a qualidade artística deste quadro, mas o prêmio foi conferido ao segundo artista, que pintou em sua tela um grande rochedo violentamente açoitado pelas ondas do mar, em meio a uma terrível tempestade repleta de relâmpagos. Na parte alta do rochedo, protegida por pequena escarpa, podia-se ver uma linda gaivota branca em seu ninho, cuidando dos filhotes que dormiam tranquilos. As ondas furiosas arremetiam contra a rocha, mas a ave estava perfeitamente segura em seu abrigo. A segurança do crente é Cristo, a rocha firme, indestrutível, inabalável, que provê toda a sua paz interior, mesmo que à sua volta rujam as tempestades da vida.
Calcula-se que nos últimos 3.500 anos o mundo teve apenas 286 anos de paz, o que comprova que a paz do mundo é fugaz e ilusória. Vivemos em desassossego permanente por conta da violência, da crise econômica, do desemprego, das doenças, dos conflitos em geral, entre outros motivos externos que tiram nossa paz interior. Mas Isaias 26.3 afirma que: “Tu, Senhor, conservarás em perfeita paz aquele cujo propósito é firme; porque ele confia em ti”, e Davi no Salmo 29.11 nos diz: “O Senhor dá força ao seu povo, o Senhor abençoa com paz ao seu povo.” Paz não é algo que possa ser introjetado em alguém, mas é fruto do Espírito, é o que Paulo mostra em Gálatas 5.22, e como tal é o resultado de permanecermos como ramo da videira verdadeira, como Jesus ensina em João 15.4.
Paulo, encarcerado em Roma e aguardando o que ele sabia ser a inevitável execução, escreve paradoxalmente a mais alegre de suas epístolas, e em Filipenses 4.4-9 (NTLH) nos ensina a fórmula prática da paz interior: “4Tenham sempre alegria, unidos com o Senhor! Repito: tenham alegria! 5Sejam amáveis com todos. O Senhor virá logo. 6Não se preocupem com nada, mas em todas as orações peçam a Deus o que vocês precisam e orem sempre com o coração agradecido. 7E a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente de vocês, pois vocês estão unidos com Cristo Jesus. 8Por último, meus irmãos, encham a mente de vocês com tudo o que é bom e merece elogios, isto é, tudo o que é verdadeiro, digno, correto, puro, agradável e decente. 9Ponham em prática o que vocês receberam e aprenderam de mim, tanto com as minhas palavras como com as minhas ações. E o Deus que nos dá a paz estará com vocês.”
Viver o que Paulo preceitua neste trecho de Filipenses é um grande desafio para nós, mas nosso incentivo vem de lembrar das maravilhosas promessas que Jesus nos faz em Apocalipse 21.7: “O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho.” Herdar “todas estas coisas” significa que nos espera – desde que nos santifiquemos – uma vida eterna com Ele, sem lágrimas, sem morte, sem luto, sem pranto, sem dor, mas plenamente saciados na nossa sede de Deus. Que qualidades, pois, deveremos adquirir e/ou desenvolver para gozarmos de paz interior? Vejamos o que Paulo nos diz:
Alegria (verso 4) é a primeira pré-condição para se ter paz interior. Sabemos que não é fácil estar contente em meio ao sofrimento, mas por outro lado sabemos que o cristão é frequentemente desafiado a fazê-lo. Quando amamos alguém somos felizes, alegres e queremos sempre estar juntos da outra pessoa; se verdadeiramente amamos a Cristo, vamos querer ter permanente, feliz e alegre união com Ele. E alegria não é um sentimento, uma mera emoção que vem e que vai: é uma decisão duradoura que independe das circunstâncias externas, e que a cada manhã, ao acordarmos, podemos decidir por sentir, construindo um dia triste ou alegre, porque as nossas atitudes são as únicas coisas que podemos controlar. Como o salmista nos exorta no Salmo 118.24: “Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele.”
Amabilidade (verso 5) é a segunda qualidade que deve desenvolver quem quer ter paz interior. Ser amável com todas as pessoas pode ser um novo hábito a ser adquirido para substituir o velho cacoete de comunicar-se manifestando rispidez, desagrado, mau humor ou má educação. E porque temos que agir assim, demonstrando alegria, gentileza e bondade para com os outros? Porque – Paulo afirma – o Senhor virá logo. Se nos lembrarmos de que a vida é curta, de que breve estaremos frente ao tribunal de Cristo, de que Ele nos trouxe a salvação e a vida eterna sem que merecêssemos, só poderemos sentir gratidão, alegria e regozijo intensos. Por isso nosso trato com os outros deve estar permeado pelo mesmo amor com que Deus nos trata.
Não se preocupar com nada e orar entregando tudo a Deus, (verso 6) é a terceira atitude para se ter paz interior. O homem está sujeito aos males inerentes à sua própria condição humana que, no caso da Igreja Primitiva somava-se à condição de ser cristão, o que podia lhe custar a própria vida, como ainda acontece nos dias de hoje, especialmente nas nações islâmicas. A solução que Paulo oferece para este problema crucial é a oração, e como afirmou M. R. Vincent (citado por William Barclay em seu Comentário do Novo Testamento), “a paz é o fruto da oração fervorosa”. O apóstolo frisa que podemos tudo levar a Deus em oração, pois não há nada grande demais para o poder de Deus, nem muito pequeno para o Seu cuidado paternal; podemos ir a Ele com nossas orações, com nossas súplicas e com nossas petições, podemos orar por nós mesmos, pedindo perdão pelo passado, pelo que necessitamos no presente, e direção para nossa vida futura; podemos também orar pelos outros, sempre adicionando nossa gratidão por tudo – até mesmo pelo privilégio de poder orar – mas considerando que devemos estar também totalmente submissos à Sua vontade soberana.
(continua na próxima mensagem)
Luiz Filipe Jordão
21 de agosto de 2012 at 12:31Como é bom saber que até para crer nELE e obedecê-LO, é ÊLE que nos ajuda. ÊLE é demais…
Nanny & Winston
21 de agosto de 2012 at 17:19É verdade, caro Jordão. E pensar que Ele é nosso Pai, que nos ama apesar de nós, Ele que criou bilhões de galáxias em um universo que até hoje a ciência não sabe se é finito ou infinito, que de tão imenso não é possível ser medido… Apesar de tudo, de sermos como partículas de pó comparadas com a Sua magnífica Criação, Ele nos conhece e importa conosco, embora não sejamos nada…
Sim, sermos Seus filhos é um privilégio inimaginável para aqueles que não O conhecem, mas para nós que O conhecemos é uma bênção que só Ele poderia nos proporcionar! Louvado seja o nosso Deus!
Alessandra Vieira Pinto Coelho
31 de agosto de 2012 at 16:24Hoje antes de chegar em casa,orei…Como aprendi com meus amigos Winston e Nanny,disse a Deus que me mandasse um sinal que não tinha desistido de mim,nem dos meus anseios,apesar das minhas fraquezas…Eu supliquei humildemente que ficasse do meu lado e pedi perdão pelos meus pecados.Abri meu e mail,e através deste site veio uma linda mensagem,logo percebi que Deus me ama e continua comigo!
Nanny & Winston
1 de setembro de 2012 at 19:37Querida Alessandra,
Deus nunca desiste ou se esquece de nós. Em Isaias 49:15, Ele nos tranquiliza: “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti.” Que maravilhoso conforto, não? E Tiago 4:8 nos promete: “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros.” Sim, Alessandra, é preciso tomar a iniciativa da aproximação com o Pai, como você começou a fazer, confiar nEle, entregar sua vida em Suas poderosas mãos, e então descansar nEle, esperando pelo momento certo do Seu agir. Que o Senhor continue a dirigi-la em seus caminhos e a abençoá-la sempre!
Lucio Pinheiro
2 de setembro de 2012 at 7:37O texto de Filipenses em destaque é a solução de paz e confiança para todo aquele que está passando por alguma fase de insegurança e medo do amanhã.
Como é bom ler a Palavra de Deus e descansar no Senhor.
Agradecido pela devocional.
abraços
Nanny & Winston
3 de setembro de 2012 at 17:19Querido pastor,
Nós é que agradecemos sua sempre inestimável participação!