Nascido de Novo
Ao adentrar no púlpito da igreja para oficiar o culto naquele domingo de santa ceia, o pastor deparou com uma cena que o deixou surpreso: numa das primeiras fileiras, sentados lado a lado, um conhecido ex-assaltante e o juiz – figura proeminente da comunidade – que o havia condenado a vários anos de cárcere. Terminado o culto, enquanto o pastor e o juiz caminhavam juntos conversando, este pergunta ao reverendo: “O senhor viu quem estava sentado ao meu lado tomando a ceia?” Ao que o pastor responde: “Olhe, quando vi ambos lado a lado no culto, confesso que tomei um susto!” E continuaram caminhado em silêncio por alguns instantes, quando de repente o juiz exclama: “Que milagre da graça de Deus!” Tal afirmativa faz o pastor assentir, dizendo: “Sim, um milagre maravilhoso da graça”. Então o juiz, parando, pergunta: “Mas a quem o senhor está se referindo?” Responde o pastor: “Oh, à conversão daquela alma perdida.” Ao que o juiz objeta: “Pastor, eu não estava me referindo a ele. Estava pensando em mim mesmo.” Surpreso o pastor questiona: “Como assim?” E o juiz responde: “Veja, o criminoso, em um determinado momento de sua vida, foi tocado pelo Espírito Santo e compreendeu que só Cristo poderia salvá-lo, e assim foi regenerado. Agora, olhe para mim: nasci em berço cristão, conheci a Palavra desde cedo, sempre orei, nunca deixei de ir aos cultos. Na vida secular, estudei nas melhores escolas, formei-me na melhor Faculdade de Direito, depois tornei-me juiz. Ele pecou, pagou sua dívida com a sociedade, então nasceu espiritualmente, como nova criatura em Cristo, porque Deus foi gracioso para com ele. Enquanto isso, eu precisei de muito maior graça para que meu orgulho, minha auto-suficiência e minha soberba fossem perdoados, e assim Deus me levasse a reconhecer que aos Seus olhos não sou melhor que ele, que sou um pecador idêntico a ele.
Aquele juiz subitamente compreendeu que é só pela maravilhosa Graça de Deus que o homem tem a faculdade de nascer de novo, de humilhar-se, de sentir no coração a necessidade de viver em novidade de vida, e de alcançá-la pela obra redentora do Espírito Santo, como Paulo esclarece na carta aos Efésios 2:8-9: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie.” Não fora o infinito Amor de Deus para conosco, e estaríamos definitivamente mortos em nossos delitos e pecados, inexoravelmente destinados à morte eterna.
Assim como o homem precisa nascer fisicamente para viver na terra, tem que nascer do espírito para almejar a entrada no Reino dos Céus, e isto vale para todos os seres humanos, independentemente de raça, de cor, de posição social ou econômica. Jesus disse para Nicodemos em João 3:5-6: “…Em verdade, em verdade te digo: se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito”. Com isto o Senhor queria mostrar àquele fariseu que a regeneração não é obra do homem, não depende da capacidade intelectual, nem da vontade, nem ainda do esforço de qualquer ser humano. O novo nascimento é obra do Espírito Santo, por isso o homem natural, por desconhecer da Palavra de Deus, não pode entender como se processa. E trata-se de um desconhecimento ancestral, pois Deus há mais de 2.700 anos já comissionava seus profetas para alertar o povo, como em Oséias 4:6: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento…” Com maior gravidade ainda, o livro de Jó 21:14 registra sua resposta aos amigos, referindo-se aos ímpios que até mesmo recusam-se a conhecer a vontade de Deus: “Eles dizem a Deus: retira-te de nós, pois não desejamos ter conhecimento dos teus caminhos.” E Paulo, em 1 Coríntios 2:14,16 escreveu: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente(…)Nós, porém, temos a mente de Cristo.” Mas para o homem espiritual vale o que diz a Confissão de Fé de Westminster em seu capítulo XI: “A fé salvadora é um carisma da graça que Deus faz incorporar à nova natureza do regenerado. Então, ele “crê livre e espontaneamente”, pois assim como a incredulidade desponta-se livremente na consciência dos réprobos, a ponto de se julgarem libertos para a descrença, também a fé emerge do íntimo do crente eleito, pois lá foi implantada pelo Espírito de Deus, como expressão natural de sua vontade, a vontade reorientada para o Pai celeste de cuja natureza espiritual é herdeiro por Jesus Cristo.”
O homem natural, mesmo que bem educado, refinado intelectual e moralmente, não consegue discernir a verdade espiritual, e desta forma é absolutamente incapaz de pleitear a entrada no Reino, por sua impossibilidade prática de compreender, obedecer e assim fazer a vontade do Pai. A única forma que pode encontrar para que seu pleito seja viável, é pelo novo nascimento, que não se trata de uma mera reforma da velha natureza, mas sim da radical morte na cruz do velho homem, e – pelo poder criativo de Espírito Santo – do advento do novo homem, dotado da mente de Cristo e destinado às boas obras. Convencido do pecado, da justiça e do juízo de Deus pelo Espírito Santo, é compelido a se arrepender, o que provoca nele transformação das suas atitudes e da sua relação com Deus. É significativo que o termo empregado para a nova vida do crente é a palavra grega metanoia, que literalmente pode ser traduzida por uma mudança radical de rumo e de mente. E o apóstolo Paulo em 2 Coríntios 5:17 exprime de maneira precisa e cabal: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”.
Grandioso Deus, Tu nos elegeste um dia para sermos Teus filhos, Teus servos, Teus instrumentos. Continua, Pai, a nos aperfeiçoar no espírito, para termos cada vez mais a mente de Cristo, para sermos cada vez mais usados por Ti em Tua maravilhosa obra. No nome santo de Jesus é que agradecidos oramos. Amém.
Maria Luiza Nedopetalski
11 de abril de 2011 at 20:45Que nesta Páscoa o Espírito Santo nos regenere!
Que venham as coisas novas de DEUS e do Espírito Santo trazendo consigo a luz da sabedoria.
Cristo em ti confio, em ti espero, traz-me sua fortaleza divina.
Amém.
Nanny & Winston
13 de abril de 2011 at 7:46Amém, Maria Luiza!
Ademar
12 de abril de 2011 at 19:10Parabéns pela grande verdade e ensinamento visto nesta pequena história, Jesus mesmo disse que aquele que mais depende da graça mais ama e nós que somos envolvidos desde a infância acabamos desprezando a graça parecendo que somos merecedores.
Nanny & Winston
13 de abril de 2011 at 7:56Prezado Ademar,
Obrigado por seu comentário tão precioso e oportuno. Muitas vezes nós agimos como se o Senhor nosso Deus tivesse o dever de nos abençoar e de derramar sobre nós da Sua maravilhosa graça. Falta-nos gratidão, falta-nos a consciência de nossa pequenez e da total e absoluta dependência que devemos ter d’Ele.
Luiz Augusto
13 de abril de 2011 at 10:15Bem lembrado que conversão é “metanoia” — literalmente no grego, “mudança de mente. Como cristãos, temos que nos arrepender de nossa “preguiça mental” e entender que o nosso Deus deseja que utilizemos nossas mentes (agora renovadas) para a sua glória. O Senhor nos deu um “livro-texto” a ser estudado (a Bíblia), um professor (o Espírito Santo) e uma escola (a Igreja). E como se não bastasse, ainda renovou nossas mentes quando nascemos de novo para que possamos compreender as maravilhas dos seus propósitos!
Nanny & Winston
13 de abril de 2011 at 11:16Querido Luiz Augusto,
Comentário abençoado! É verdade, Deus nos confere tantas graças – entre elas o novo nascimento – e nós, imperfeitos, toscos que somos, temos dificuldade de perceber o agir do Senhor em nossas vidas, as imensas possibilidades que ele nos oferece de participarmos da construção do Seu Reino e a graça de serví-lO. Por isso, somos ingratos e, como você escreveu, “preguiçosos”, deixando de bem empregar os dons recebidos. Que Deus nos capacite a sermos e fazermos aquilo que Ele espera de nós!
Leonilda M. Schellin
15 de abril de 2011 at 18:39Nanny e Winston,
Obrigada por existirem. O texto que escreveram é realmente esclarecedor.
Nanny & Winston
21 de abril de 2011 at 11:17Querida Leonilda,
No Salmo 133.1, Davi já escrevia há mais de 3.000 anos atrás: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” Hoje, apesar das trevas em que o mundo cada vez mais se vê mergulhado, somos privilegiados filhos de Deus que podem usufruir desta bênção de viver para Cristo, e estamos muito felizes por você estar conosco!
Nanny & Winston
3 de maio de 2011 at 13:47Querida Leonilda,
Agradecemos muito a Deus por estarmos juntos na Sua obra! Temos certeza de que Ele tem grandes planos para você. E Ele a ama e nós também!