Semeadura

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Semeadura

A midia secular dos Estados Unidos tem recentemente chamado a atenção para o que consideram ser um novo fenômeno religioso: a grande expansão do número de igrejas nas casas. O Instituto Barna, uma empresa especializada em pesquisas em questões de religião, estima que entre seis e doze milhões de cristãos congreguem desta forma nos EUA. O jornal USA Today, a CBS, o Denver Post e a Yahoo! News publicaram reportagens a respeito da igreja nos lares norte-americanos, e de acordo com os analistas a igreja nas casas – fundamentada em relacionamentos construídos em pequenos grupos – é parte de uma mudança fundamental na maneira como os cristãos vêm a igreja cristã. Ed Stetzer, professor de seminário bíblico e presidente do Instituto de Pesquisas LifeWay, diz: “Penso que parte do atrativo para algumas pessoas é que o movimento da Igreja nas casas é fruto de um desejo de retornar à uma expressão mais simples de Igreja”. Para muitos, “a Igreja se tornou um espécie de negócio e eles querem viver somente aquilo que a Bíblia prescreve.” As igrejas nas casas consistem de grupos de doze a quinze pessoas que compartilham o que está acontecendo em suas vidas, sempre buscando a direção nas Escrituras, e ainda são mais comuns em países onde o Cristianismo não é a religião predominante.

Consideram os estudiosos que esta é uma tendência mundial. Os participantes dizem que a igreja nas casas é uma espécie de retorno à igreja primitiva, onde todos contribuem ensinando, louvando e orando, em estreita comunhão uns com os outros, o que numa grande igreja é mais difícil.

O ousado movimento De Volta à Jerusalém, em inglês, Back to Jerusalem – BTJ , é um poderoso mover de Deus no meio de nossos irmãos chineses, que pretendem levar o evangelho da China a Jerusalém, passando por todos os países muçulmanos que estiverem pelo caminho, e é um exemplo do poder desta estratégia que nasceu com a própria igreja cristã. O site da Missão Internacional dos Confins da Terra, publicou uma notícia da qual podemos ler este trecho:“Vindo do grande e contínuo avivamento na China – agora com um número estimado de mais de 130 milhões de cristãos – surge o poderoso movimento ‘De Volta a Jerusalém’. A visão e alvo da rede de igrejas nas casas chinesas é levar o Evangelho até as fortalezas das trevas da Ásia Central e do Oriente Médio, fazendo o caminho de volta até onde tudo começou: Jerusalém.”

De forma aparentemente paradoxal, parece que a Igreja de Cristo – tal como aconteceu com a Igreja Primitiva – cresce mais quando enfrenta perseguições, grandes dificuldades, oposição cruel e violenta. Nestas circunstâncias extremas, a fé em Deus é exigida ao limite, e a espiritualização dos crentes – por obra do Espírito Santo – cresce como resposta à necessidade crucial de conservar vivo o Corpo de Cristo e a fé pessoal de cada um.

Mas será que em nosso país – onde existe total liberdade religiosa, onde o cristianismo não é perseguido, onde as condições são tão favoráveis para a expansão da sã doutrina – não deveria estar havendo maior avanço quantitativo e qualitativo da Palavra de Deus? Será que nosso empenho, nosso compromisso e ação cristãs são menores do que nestes países onde os crentes enfrentam tantas dificuldades? Será que semeamos pouco?

O Supremo Agricultor estabeleceu princípios para que sejamos prósperos, bem sucedidos, na vida espiritual, emocional, familiar, e também pessoal. Em Eclesiastes 11.6, está escrito: “Semeia pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas”, o que nos mostra que a semeadura deve ser sistemática; não podemos parar de semear! E precisamos também semear muito, como Paulo ensinou em 2 Coríntios 9.6, quando escreveu: “E isto afirmo: Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura, com abundância também ceifará”.

Num efeito oposto àquele de poupar, onde quanto mais se guardar mais se tem, na semeadura, quanto mais se der, quanto mais se contribuir, maior resultado se obterá.

Quando se fala em igreja, imediatamente vem à mente das pessoas um grande e muitas vezes sisudo edifício onde centenas ou milhares de fiéis vão para “assistir” a um culto, como se vai a um teatro, por exemplo. Mas até em nosso país esta realidade vem sofrendo mudanças, e o crescente aumento do número de igrejas nas casas – que recebem nomes variados, conforme cada denominação religiosa – é uma realidade. Sejam chamadas igrejas nas casas, células, pequenos grupos, ou núcleos familiares, a semeadura vem sendo feita pelas “igrejas-mãe” como uma forma de alcançar mais pessoas para Cristo.

A evangelização por meio dos Núcleos Familiares (NF) é uma estratégia para cumprir a Grande Comissão de Jesus, por isso seu trabalho deve ser expansivo, e a sua multiplicação é chave para a penetração evangelística nas comunidades. Hoje, quase metade da população mundial vive em grandes cidades, e esta é uma tendência crescente. A igreja tem potencialmente no trabalho destas unidades uma excelente ferramenta para penetrar nas grandes cidades, desde que a multiplicação seja um objetivo importante. Se o NF se fechar em si mesmo somente para comunhão e discipulado, perderá seu poder de penetração e expansão, assim desvitalizando-se ao não se voltar prioritariamente para o mundo em trevas, que deveria ser o seu maior objetivo.

Outra razão importante para a multiplicação é o tamanho do NF: quando este atinge um tamanho que ultrapassa em torno de 15 membros, passa a dificultar a intimidade que favorece a participação de todos, e não apenas de alguns.

Lembremos que nesta vida, tudo o que fazemos é uma semeadura. Seja para o bem ou para o mal, um dia colheremos o que plantamos. Hoje, neste exato momento, podemos decidir o que vamos colher, ainda nesta vida, e principalmente na vida eterna; vamos nos decidir pela boa semeadura com a boa semente – que são as verdades de Cristo – em três campos: na primeira a semente é a Palavra de Deus, semeada nas mentes e nos corações; na segunda, a semente são nossos pensamentos e atos, semeados no campo da carne ou do espírito; e na terceira, a semente são as boas obras, semeadas nas vidas do nosso próximo.

Pai Amado e Todo-Poderoso, coloca Tua mão sobre a nossa no arado, guia-nos, fortalece-nos para que não desfaleçamos, firma-nos no caminho reto que Tu planejaste de antemão, para que a nossa semeadura da Tua Palavra seja farta e a colheita de almas abundante. É no nome maravilhoso e santo de Jesus que oramos, dando-Te mil graças. Amém.

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8 Comentários
  • Antonio

    22 de fevereiro de 2011 at 0:53

    Excelente o artigo exposto! Na realidade a Igreja precisa ser repensada. Seus moldes tradicionais muitas vezes atrapalham sua própria expansão e, pior, a expansão do Reino de Deus! A IPC tem a correta visão ao incentivar os NF’s onde seu pequeno tamanho é propicio à troca de experiências e na busca do Senhor através o estudo da Palavra e na oração conjunta!
    Abraços.

    • Nanny & Winston

      22 de fevereiro de 2011 at 18:02

      Querido Antonio Carlos,
      Gostamos muito da sua brilhante, concisa e oportuna participação. Obrigado e um grande abraço.

  • Paulo

    22 de fevereiro de 2011 at 12:06

    Esta forma de “PEQUENOS GRUPOS”, creio eu, é uma resposta do ESPÍRITO SANTO trabalhando em relação ao que ouvimos e vimos há pouco tempo atrás sobre igrejas transformadas em cinemas e teatros. Com esta pesquisa podemos ver a atuação do ESPÍRITO SANTO visando manter viva a SEMEADURA. (João 14:26).

    • Nanny & Winston

      22 de fevereiro de 2011 at 18:00

      É verdade, querido Paulo. O Espírito Santo tem agido poderosamente, e nos constrange a continuar semeando em nome de Deus.

  • DENIRIA GARCIA DE LIMA

    22 de fevereiro de 2011 at 13:44

    Uma vida abundante é resultado do nosso relacionamento com Deus, e de nossas escolhas. Os NF nos permitem valorizar o convívio uns com os outros, colocando o Senhor como prioridade em nossas vidas.

    Um abraço

    Deniria

    • Nanny & Winston

      23 de fevereiro de 2011 at 13:47

      Querida Deniria,
      Suas ponderações são sempre muito oportunas e sensatas. Obrigado pela participação, e que Deus continue a abençoá-la.

  • Noemy Pereira Cezarino

    24 de fevereiro de 2011 at 20:12

    A meu ver, os NF nos unem mais. São reuniões que nos fazem bem e nos aproximam, além de que podemos semear, evangelizar e levar outras pessoas a ouvir a Palavra. Trocamos idéias; buscamos ajuda nos problemas que enfrentamos com muito mais tempo e nos confraternizamos com muito carinho. Observamos que todos oram uns pelos outros com muito amor e continuam orando em casa pelos pedidos ali feitos. Em grupos pequenos podemos ter mais união.

    • Nanny & Winston

      6 de março de 2011 at 23:03

      Noemy querida,
      Você conseguiu fazer brilhante síntese do Núcleo Familiar. Obrigado por sua participação sempre tão inteligente e sensível.

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