As Bênçãos da Doença (cont.) Tag

As Bênçãos da Doença (continuação)

As enfermidades fazem parte da vida e nos assaltam ao longo de toda a nossa peregrinação na terra sem poupar também aqueles que amamos, tornando-se então motivo de aflição não somente para o doente e para seus familiares, mas também para amigos e para irmãos na fé, tal como aconteceu com Jesus quando Seu amigo Lázaro adoeceu, e é assim relatado em João 11.1,3-4: “Estava enfermo Lázaro, de Betânia, da aldeia de Maria e de sua irmã Marta. (…) Mandaram, pois, as irmãs de Lázaro dizer a Jesus: Senhor, está enfermo aquele a quem amas. Ao receber a notícia, disse Jesus: Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja por ela glorificado”.

Buscar o socorro de Jesus foi o primeiro pensamento que Marta e Maria tiveram quando se viram envolvidas pela angústia da situação, porque sabiam que Ele era o refúgio de que necessitavam naquele momento de incerteza e dor, e é um exemplo de como deveríamos agir sempre que enfrentamos as tribulações da vida.

Elas sabiam que no amor de Jesus pelos Seus – que é sempre muito maior que o nosso por Ele – reside toda a nossa esperança. Lázaro era um homem bom, crente, santificado, amigo de Jesus, e apesar disso, estava doente! Isto mostra que a doença não é um sinal de esquecimento ou do descontentamento de Deus para conosco, porque ela pode ser uma benção e não uma maldição, como Paulo afirma em Romanos 8.28 dizendo: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”.

Abençoados seremos se crermos firmemente nestas palavras, com a certeza de que Deus está sempre no controle e que tudo o que faz é para o nosso bem, mesmo que não compreendamos. As doenças se espalham pelo planeta atingindo por inteiro a humanidade e afetando todas as pessoas em todas as partes de seus corpos, muitas vezes configurando-se como as mais incontroláveis, humilhantes e penosas provações que poderiam acometer alguém, como ora acontece com muitas pessoas gravemente afetadas pela pandemia que nos assola.

Mas por que Deus – que viu todas as coisas que fizera na Criação e disse que tudo era muito bom – faria o homem à Sua imagem e semelhança, contudo sujeito aos males da doença e da morte? Parece não fazer sentido, a menos que algo trágico tenha acontecido no mundo, a ponto de provocar a decadência do ser humano criado perfeito por Ele! Então Paulo deixa muito claro em Romanos 5.12 que “… assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”.

Deus permite a dor, a doença e o sofrimento, não porque deseja nos castigar, mas porque assim prepara o nosso coração, a nossa mente, a nossa consciência, a nossa alma e o nosso espírito para a eternidade ao Seu lado. Se nunca tivéssemos pecado, seria inútil tentar encontrar benefícios na doença; entretanto, como o pecado está profundamente entranhado no mundo, a doença é na realidade um bem, ao proporcionar-nos as duras lições que visam nossa restauração à condição original perfeita de que desfrutávamos quando Deus nos criou.

Mas, concretamente, como a doença coopera para o nosso bem? Ela nos ajuda a lembrar que somos mortais, embora vivamos como se nunca fôssemos morrer: cuidamos do trabalho, dos prazeres, das coisas materiais como se a terra fosse nosso lar eterno e planejamos o futuro como se tivéssemos um tempo inesgotável de vida, por isso uma penosa doença muitas vezes nos coloca face a face com a realidade da nossa limitação existencial, o que – com vistas à verdadeira vida – pode vir a ter uma repercussão eterna.

A doença também ajuda-nos a refletir seriamente em Deus, no estado de nossa alma e na vida por vir, fazendo com que nos concentremos nos pensamentos que transcendem o viver cotidiano, o que dificilmente aconteceria se estivéssemos sãos; contribui para amolecer o nosso coração e dar-nos sabedoria, pois muitas vezes estamos tão focados em nosso interesse pessoal que esquecemos de valorizar acima de tudo o interesse de Deus; concorre para sermos mais humildes, forçando-nos a aceitar a poderosa realidade de que não somos mais que pobres criaturas mortais que a qualquer momento poderemos estar perante o tribunal de Cristo; auxilia a discernir a falácia da nossa suposta segurança na vida, mostrando que não temos nada sólido sob nossos pés, nem firme em que nossas mãos possam se agarrar, quando uma doença devastadora nos sobrevém.

Por isso não temos o direito de murmurar contra a doença e de reclamar de sua existência no mundo; ao contrário, devemos agradecer a Deus por ela, porque é o alerta da alma, o despertador da consciência, o filtro do coração, uma benção e não uma maldição, um auxílio e não um estorvo, um ganho e não uma perda, uma amiga e não uma adversária.

E o que devemos fazer quando estamos doentes, além de recorrer ao auxílio médico? Em primeiro lugar, buscar a Cristo, rogando por perdão e pela paz com Deus, mas também para que Ele derrame sobre nós o Seu Santo Espírito, nos tornando verdadeiros cristãos e tomando sobre Si todas as nossas dores e aflições; em segundo lugar, devemos glorificar a Deus e nos entregarmos em Suas poderosas mãos, certos de Seus amorosos cuidados para conosco, honrando-O em meio ao sofrimento paciente da mesma forma como fazemos quando O servimos, porque Ele cuida de nós em toda e qualquer circunstância, como quando na terra curou toda sorte de doenças e “… tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si…” (Isaías 53.4); por fim, nada pode se comparar à necessidade de na doença ampliarmos a comunhão com Cristo, porque só Ele pode nos dar a completa vitória em todas as lutas, dando-nos paz e no mundo por vir concedendo-nos a glória eterna que nunca se apaga, quando então não mais haverá doença, dor, morte e lágrimas, para sempre (Apocalipse 21.4).

Tomar consciência de que Deus usa a doença a nosso favor, contudo, jamais deve ser motivo de descuido para com a saúde, fazendo-nos negligenciar o corpo, a alma e o espírito com que Deus nos criou para desfrutarmos da vida com boa saúde no presente, numa pálida, porém maravilhosa semelhança com a saúde perfeita a nós reservada em um futuro de eterno de completo bem-estar. É nossa responsabilidade perante Deus zelar pelo dom que nos concedeu: do corpo, o templo do Espírito, a estrutura física com que Ele nos proveu para bem desempenharmos nossa missão na terra; da alma, o princípio inteligente que anima o nosso corpo, usando os órgãos e seus sentidos físicos na exploração das coisas materiais para nos expressarmos e nos comunicarmos com o mundo exterior; e do espírito, o âmago da nossa vida espiritual, religiosa e imortal, o elemento essencial de comunicação com o Pai Eterno.

Para isto devemos tratar o corpo adequadamente, com alimentação saudável, exercícios físicos, controle médico periódico e repouso; precisamos cuidar da alma ao evitar situações destrutivas e estressantes, mas nutrindo-a pelo contato constante com a natureza, com a boa música e com a arte de qualidade, relaxando, cultivando bons hobbies e as amizades construtivas; mas é fundamental dispensar atenção especial ao espírito, estudando a Bíblia, lendo autores cristãos qualificados, fazendo o devocional diário, orando e louvando a Deus sem cessar, servindo à Sua obra e mantendo comunhão com os irmãos na fé, para que através destas atitudes haja a provisão do alimento indispensável à parte mais importante do nosso ser, mantendo-o junto a Deus em Cristo.

Senhor Deus e Pai, queremos ser filhos obedientes Teus, agradecidos por nos Teres criado de forma tão maravilhosa e perfeita, e embora consternados por estarmos ainda sendo influenciados pelos males gerados pelo pecado, aguardamos ansiosos que se cumpra em nós a oração de Paulo em 1 Tessalonicenses 5.23, quando roga a Ti que “o mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”, no nome precioso, poderoso e único de quem suplicamos agradecidos. Amém.

Share
0
0