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CORPO E ESPÍRITO (2)

Nosso país, que Deus criou tão rico em termos de solo, de água, de vegetação, de sol, de chuva, de temperaturas adequadas para a agricultura, paradoxalmente é um grande problema para o meio ambiente do planeta por conta de sua contribuição espúria para com o efeito estufa gerado pelas queimadas impiedosas, egoístas, insanas e verdadeiramente trágicas, sobretudo na Amazônia e no Pantanal.

 

Nestes biomas milhares de hectares de vegetação são consumidos e uma quantidade incontável de animais foram mortos pelo fogo, e segundo o INPE- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em 2019 o Brasil teve 318 mil km2 de área florestal queimada, quase o dobro do registrado em 2018. Em 2020, infelizmente, a situação se agravou mais ainda, a área de queimadas no Pantanal cresceu 158% e a Amazônia teve mais queimadas que no ano anterior.

 

A pecuária é a causa primeira da destruição de dois terços das florestas tropicais do planeta, por isso os consumidores de carne bovina tornaram-se os destruidores inconscientes destes biomas, contribuindo decisivamente para o desmatamento e as queimadas, e segundo o IBGE, o maior rebanho bovino do mundo pertence ao Brasil, com aproximadamente um boi por habitante.

 

A jornalista e escritora Raquel Ribeiro, especializada em questões ambientais, escreveu: “Quero deixá-lo ciente de que a floresta amazônica está desaparecendo bem debaixo do nariz de cada um, pela boca. E convidá-lo a assumir sua parcela de responsabilidade nesse desastre ambiental cada vez que entra num açougue. Saiba que a Amazônia não está sendo destruída pelos ‘outros’, mas sim por todos e por cada um, um pedacinho de cada vez, uma, duas e até três vezes por dia!”. E continua: “Para saciar a vontade de comer picadinho, hambúrguer e estrogonofe, transformamos o Brasil no maior pasto do planeta.”

 

Embora não queiramos insinuar que seja abandonado o hábito de comer carne, – afinal a carne ainda é a principal fonte de ingestão de proteínas da humanidade e há uma gigantesca estrutura econômica lastreada no seu consumo, – parece claro que é necessária uma maior consciência pessoal sobre a responsabilidade individual que todos temos nesta questão.

 

Não podemos desconsiderar o que as estatísticas mostram: noventa por cento da mata derrubada ou queimada na Amazônia, ou são para produzir a carne dos rebanhos bovinos que substituíram a floresta, ou são comidos em forma de ração – feita da soja ali plantada – pelos bois, porcos e galinhas de países do primeiro mundo.

 

Os danos ambientais a nível mundial já são grandes, e no ritmo em que se dão atualmente, caminhamos para uma escala de destruição irreversível, que afetará cada vez mais a qualidade de vida no planeta. E este é apenas um dos exemplos de como o homem por seus hábitos e decisões pode prejudicar não somente seu corpo como também toda a coletividade.

 

A ingestão de bebidas alcoólicas em excesso tem provocado a morte e a incapacitação crescente de pessoas, e o surgimento de um grande número de doenças; soma-se a isto o vício de fumar, outro fator de prejuízo direto para o corpo humano, atingindo cerca de 1,3 bilhão de pessoas no planeta e matando praticamente cinco milhões ao ano.

 

Em contraposição a esta gama de desmandos que o homem pratica contra seu próprio corpo e contra a Criação de Deus, nosso modelo novamente e sempre é o Mestre.

 

Jesus e Seus discípulos caminhavam da Judeia para a Galileia, e no meio da áspera e dura jornada chegam a Samaria, cansados e famintos. O Mestre então ordena aos discípulos para irem à cidade próxima de Sicar em busca de alimento, e neste meio tempo Ele tem o encontro com a mulher samaritana que depois volta à cidade para relatar o que tinha ouvido de Jesus.

 

Ao retornar com o alimento, os discípulos pedem com insistência e humildade, como relata João 4.31-34: “… Mestre, come! Mas ele lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis. Diziam, então, os discípulos uns aos outros: Ter-lhe-ia, porventura, alguém trazido o que comer? Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.”

 

Muitos de nós crentes temos falhado em nossos ministérios porque temos nos alimentado mal ao não seguirmos o exemplo de Jesus. Qual era o alimento essencial que Ele ingeria? Antes de mais nada era “… fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.”

 

Será que estamos nos servindo diariamente deste alimento que nos provê forças, sabedoria e discernimento para suportar as lutas, as tribulações e as perseguições inevitáveis contra quem coopera na obra de Deus? E o que significa fazer a vontade de Deus? Nada mais nada menos que abdicar do nosso próprio querer em favor da obediência à Palavra de Deus, em tudo. Não existe alimento mais nutritivo para o homem que deseja crescer no espírito.

 

Mas há um complemento ensinado por Jesus, que é “… realizar a sua obra”, e Ele o fazia com dedicação ímpar, ensinando, curando, libertando e proclamando as boas novas. Muitas vezes nós crentes iniciamos nossos ministérios com grande entusiasmo e dedicação, mas com o passar do tempo passamos a nos alimentar apenas com o fazer as obras, deixando de auscultar a vontade de Deus, e assim enfraquecemos, nos debilitamos, e sucumbimos juntamente com nossas obras. Da mesma forma que se não alimentarmos adequadamente nosso corpo físico estaremos sujeitos a várias doenças, caso não nutramos nossos espírito com o nutrimento adequado, ficaremos à mercê dos ataques do inimigo de nossas almas.

 

Quando nos convertemos, nascendo de novo em Cristo, a Palavra de Deus e o Espírito Santo infundiram em nós uma nova compreensão e redobrado respeito por nosso corpo: entendemos então que Deus nos conferiu a função de mordomos, como tal responsáveis pela administração do corpo que o Senhor nos emprestou para que vivêssemos no mundo e pudéssemos realizar o propósito pelo qual nos criou. É esta consciência que fez Paulo exclamar em Filipenses 1.20: “… será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte.”

 

Deus cria tudo de forma tão maravilhosa e perfeita que a salvação que Ele nos concede nos agrega não somente bênçãos espirituais, como também graças do alto para o nosso corpo físico. Que nunca olvidemos o que Paulo nos ensinou em 1 Coríntios 6.19: “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?”

 

(CONTINUA NO PRÓXIMO FIM DE SEMANA)

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