INDEPENDÊNCIA FATAL
A independência de Deus é fatal para a vida de um indivíduo, de um casal, de uma família, de uma igreja. Não basta “fazer de conta” que se está com Ele: se o coração está distante de Seus preceitos, da Sua vontade, o fracasso é só uma questão de tempo. Ou se está com Deus, ou então se está contra Ele: com Ele temos paz, harmonia, amor; longe dEle, o que significa escolher ficar ao lado do maligno, nossa vida será tomada por conflitos, desentendimentos, desarmonia, desamor, como Ele mesmo advertiu em Jeremias 17.5-10 (NTLH): “O SENHOR Deus diz: ‘Eu amaldiçoarei aquele que se afasta de mim, que confia nos outros, que confia na força de fracos seres humanos. Ele é como uma planta do deserto que cresce na terra seca, no chão salgado, onde não cresce mais nada. Nada de bom acontece com ele. Mas eu abençoarei aquele que confia em mim, aquele que tem fé em mim, o SENHOR. Ele é como a árvore plantada perto da água, que espalha as suas raízes até o ribeirão. Quando vem o calor, ela não tem medo, pois as suas folhas ficam sempre verdes. Quando não chove, ela não se preocupa; continua dando frutas. Quem pode entender o coração humano? Não há nada que engane tanto como ele; está doente demais para ser curado. Eu, o SENHOR, examino os pensamentos e ponho à prova os corações. Eu trato cada pessoa conforme a sua maneira de viver, de acordo com o que ela faz. ‘”
Esta passagem é profundamente verdadeira e traz importantes lições também para os dias de hoje e não apenas para a época de Jeremias, quando Judá insensatamente buscava a ajuda do Egito para lutar contra Babilônia, assim deixando de confiar no Todo-Poderoso Deus ao colocar sua esperança na falível e limitada força humana.
O Senhor nos ensina que o desapontamento e a dor que enfrentarão os que optam por confiar nos homens para obter êxito e alívio, ao invés de entregar tudo em Suas soberanas mãos, é inevitável, e Ele então o declara maldito pelo ultraje inadmissível. Trata-se de um pecado gravíssimo perpetrado por aquele que ousa depositar sua confiança nos tão limitados poder, sabedoria, fidelidade e bondade do homem, em lugar de fazê-lo nos insofismáveis atributos de Deus. Precisamos lembrar que por nós mesmos, seres mortais, fracos, frágeis, falsos, pecaminosos, corruptíveis como a carne que nos reveste, pouco ou nada podemos, a menos que, exclusivamente pela graça divina sejamos usados como meros instrumentos para atingir um propósito de Deus, sem que nisto nos caiba qualquer mérito, valor ou vantagem. Atentemos também para o fato de que a grande malignidade deste pecado reside no afastamento consciente do pecador com relação a Deus, movido por um coração incrédulo e intrinsecamente perverso, que muitas vezes aproxima-se dEle apenas com a boca e honra-O com lábios hipócritas, recusando-se a um verdadeiro e fiel relacionamento, recorrendo à cisterna de águas paradas e rejeitando a maravilhosa fonte de água viva.
As consequências desse pecado são terríveis, e quem o pratica na verdade está apenas enganando-se a si próprio, pois breve colherá os frutos amargos do erro, e com as esperanças frustradas, como quem planta em terra desértica, só colhe a decepção e a tristeza inerentes a quem confia em sua própria justiça e força, desprezando os méritos e a graça de Cristo.
Em contrapartida, aqueles que – a despeito das circunstâncias – confiam verdadeiramente em Deus, vivendo pela fé em Sua providência e confiando em Suas promessas, entregam sempre seu caminho a Ele e confiam na Sua infinita graça e inaudito amor; fazem dEle a sua esperança, têm nEle a certeza de todo o bem, certos de que só encontram no Seu poder a força de que necessitam para obter a farta colheita a eles reservada.
São como árvores abençoadas e abençoadoras, escolhidas pelo Criador que amorosamente delas cuida, e que, plantadas à beira de límpidas águas, têm raízes que encontram a seiva abundante de que tanto necessitam, da mesma forma que os que fazem de Deus o centro de suas vidas recebem dEle todo o consolo, tranquilidade, força, proteção e serenidade indispensáveis para florescer na confiança e no conforto que mantêm suas almas sempre viçosas, iluminadas e brilhantes. A estes Deus glorificará e fará instrumentos de paz, alegria e amor onde quer que sejam plantados, e então abundantemente supridos de tudo o que precisam material e espiritualmente, serão férteis em santidade e frutíferos de boas obras.
Mas nosso coração é fonte de iniquidade, e Deus já sabia quão doente se tornara como consequência da Queda, pois Gênesis 6.5 (ARA) relata que “Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração…”, condição que mais tarde Salomão aponta em Eclesiastes 9.3 (ARA), ao constatar que “… o coração dos homens está cheio de maldade, nele há desvarios enquanto vivem…”. Mas nós mesmos não temos plena consciência da maldade que vai em nossos capciosos, egoístas e ardilosos corações, e muitas vezes nos iludimos achando que confiamos em Deus, quando na realidade não o fazemos. Em outras tantas ocasiões entendemos que nosso agir é justo quando não é, há momentos em que ao mal chamamos bem e ao bem, mal, e então nos convencemos de que temos o direito de receber as bênçãos prometidas àqueles que procedem com fidelidade a Deus, quando na verdade só merecemos condenação.
Porém, seja qual for a maldade em nós contida, Deus a conhece muito melhor que nós mesmos, e embora tentemos disfarçá-la, Ele tem o perfeito e cabal discernimento de nossas motivações, intenções e desejos espúrios, desde os mais íntimos até aqueles que são astuciosamente escondidos com o fito de iludir aos outros, por vezes esquecidos de que os homens podem ser enganados, mas Deus não.
E o Senhor não apenas perscruta nossos corações, como também os prova para colocar em juízo o que descobre, tudo conferindo com os parâmetros definidos por Sua Palavra, para que aquilo que está sendo por nós manifestado, e a repercussão que nossos atos tiveram sobre outras pessoas, receba sua justa e verdadeira recompensa – bênção para a obediência, castigo para a transgressão.
O profeta Jeremias pôde ser um verdadeiramente fiel servo de Deus, ao registrar com precisão, não só para a sua época, mas para toda a eternidade, o duro juízo que o Senhor tem reservado para os que não estão com Ele, decididos a trilhar seus próprios caminhos de egoísmo e engano, buscando uma pretensa, inútil e fatal independência dAquele que os criou, cuidou e preservou. Para os que estão com Ele, no entanto, guarda bênçãos inimagináveis, frutos de Sua justiça perfeita, de Sua bondade infinita, de Seu amor inconcebível, e há um quadro maravilhoso que o apóstolo Paulo delineia em 1 Coríntios 2.9 (ARA), ao fazer uma paráfrase de Isaias 64.4, assegurando que “… Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”.