SANTOS
Todos os que fomos eleitos por Deus para sermos separados do mundo, para adorá-Lo e servi-Lo, nós que aceitamos a Cristo como nosso único e suficiente Salvador, fomos declarados santos, isto é, separados para um propósito Seu, e este é um grande privilégio, ao mesmo tempo que representa uma enorme responsabilidade para com o Criador e para com os nossos semelhantes.
Desde antes da Criação, Deus desejou para Si um povo santo, e o apóstolo Paulo deixa isso evidente em Efésios 1.3-4, louvando: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele…”.
O Senhor desejou ter uma comunhão especial com os homens que fossem capazes de andar com Ele em uma união especial, embora Sua própria natureza divina estabeleça limites para tal comunhão, pois Seu caráter de santidade indescritível, incomparável, inalcançável não pode permitir ser contaminado pelo pecado e pela corrupção humanos.
Adão e Eva andavam no Jardim do Éden em perfeita comunhão com Deus, mas logo pecaram e perderam esse magnífico privilégio, sendo expulsos e afastados de dEle, o que propiciou o advento da morte prometida por Deus como consequência da transgressão, quando ordenou em Gênesis 2.16-17: “… De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. E o preço da desobediência humana foi estabelecido na passagem que está em 3.23-24: “O SENHOR Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden, a fim de lavrar a terra de que fora tomado. E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida”. Não há dúvida, portanto, de que sem santidade, embora humana, imperfeita, limitada, é impossível permanecer na presença do Deus Absolutamente Santo.
Depois de muitas gerações corrompidas pelo pecado, Deus escolheu Abraão e a sua descendência para ser o povo santo que ele desejava, prescrevendo em Levítico 11.44-45 a lei que lhes garantiria a santidade necessária: “Eu sou o Senhor, vosso Deus; portanto, vós vos consagrareis e sereis santos, porque eu sou santo… Eu sou o Senhor, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus; portanto, vós sereis santos, porque eu sou santo”. Contudo, novamente o ser humano foi ingrato e rebelde, traindo a confiança de Seu Criador, pois o povo que Ele havia selecionado e resgatado não permaneceu santo, mais uma vez corrompendo-se e depravando-se em atitude explícita de flagrante e afrontosa desobediência.
Mas o Senhor, que tanto nos ama apesar de sermos como somos, persiste em Seu sublime propósito de desejar um povo santo, e providenciou, através de Cristo, o meio de purificar os pecadores para O servirem. Os cristãos são o povo santo de Deus, portanto aqueles que dizem ser seguidores de Jesus devem conduzir-se como um povo santificado e purificado da imundície do mundo, como Paulo em Colossenses 3.12, exorta: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.” E Pedro reitera em sua primeira carta, no capítulo 1, versos 14-16, agora que somos novas criaturas: “Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.”
Assim, apesar de toda a nossa pecaminosidade e desobediência, a vontade básica de Deus permanece inalterada e Ele quer ter íntima comunhão com o seu povo santo, por isso Paulo em 2 Coríntios 6.17-18 nos lembra do grande privilégio que temos e que devemos valorizar não nos conspurcando com os iníquos: “Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.”
Que jamais nos esqueçamos de que como cristãos, temos o incomparável privilégio de sermos chamados filhos e filhas do próprio Deus! Por causa disso, e do abençoado privilégio de podermos ter comunhão com Ele, precisamos nos livrar de toda impureza, não apenas parcialmente, mas de toda e qualquer imundície claramente registrada na Bíblia, o que inclui todas as formas de imoralidade e mundanismo, como o apóstolo admoesta na carta aos Colossenses 3.5: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria…”.
Pecados sexuais, embriaguez, desonestidade e todas as outras características da carnalidade humana precisam ser abandonadas de vez, e a impureza espiritual também tem que ser totalmente erradicada de nossas vidas. Na era em que vivemos estamos também cercados por uma variedade imensa de religiões, seitas, filosofias, de práticas de contato com os mortos, de adoração de personalidades do passado e de imagens, coisas que são frontalmente condenadas por Deus porque caracterizam a idolatria que Ele abomina.
E é por causa da extrema gravidade de tais atitudes que Paulo reitera sua admoestação contra a carnalidade e suas várias formas de expressão, alertando em Gálatas 5.19-21: “Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti: Aqueles que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus”.
O apóstolo João em Apocalipse 21.8 faz uma derradeira e terrível advertência contra os inimigos de Deus, aqueles que não ousam enfrentar os desafios, as dificuldades de ser cristão, e optando por uma incredulidade medrosa e desesperada não hesitam a recorrer a todo tipo de abominação e maldade: “Mas os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os mentirosos – o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre. Esta é a segunda morte”. Estes fazem jus ao que tão apropriadamente afirmou o eminente comentarista bíblico Mathew Henry sobre tais infelizes: “Não quiseram queimar no poste pela causa de Cristo, optando por queimar no inferno por causa do pecado”.
Por isso o verdadeiro cristão não pode em circunstância alguma participar de atividades impuras, sejam quais forem, resguardando-se de qualquer mal deste tipo, como Paulo em 1 Coríntios 10.14 admoesta dizendo: “Portanto, meus amados, fugi da idolatria”. Só Deus pode ser o objeto precioso de toda a nossa adoração, e se for necessário devemos repreender o Maligno como Jesus o fez em Mateus 4.10 admoestando energicamente: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto”. E devemos fazê-lo com todo o nosso coração, com toda a nossa alma e com todo o nosso entendimento, como Jesus ensinou à mulher samaritana em João 4.24, dizendo: “Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. Contudo, sem nos santificar não podemos pretender ter comunhão com o Deus Santo que morreu por nós para nos salvar, pregando na cruz do Calvário os nossos muitos pecados.
Uma vez chamados para ser santos, precisamos perseverar no caminho em que Deus nos colocou, como única alternativa que temos como cristãos. Alguns têm talentos para exercer ministérios, porém não foram selados, como Paulo escreve em Efésios 1.13: “em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa…“. Estes facilmente se desviam pelos descaminhos do mundo, e porque não têm raízes na verdade, fenecem, tornando-se como Jesus descreve na parábola do semeador em Mateus 13.6: “… e porque não tinha raiz, secou-se…”. Mas, assim como sementes de boa qualidade, vigorosas, íntegras, puras, fortes, os verdadeiros cristãos sempre dão frutos porque caem em boa terra.
A vida de santificação é aquela que em tudo o autêntico cristão procura agradar a Deus, como Paulo define em 1 Tessalonicenses 4.1: “Finalmente, irmãos, nós vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus que, como de nós recebestes, quanto à maneira por que deveis viver e agradar a Deus, e efetivamente estais fazendo, continueis progredindo cada vez mais… ”. A santificação começa com uma mudança de caráter, quando nos alinhamos com a vontade de Deus expressa em 1 Pedro 1.15: “… segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento…”. Mas a santificação não é apenas uma doutrina, e sim uma necessidade espiritual, porque sem ela ninguém poderá contemplar a Deus, como está firmado em Hebreus 12.14: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor…”.
E o Senhor Jesus, em Mateus 5.13, dirige a nós essa advertência: “Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.” Na condição de cristãos temos que ser o sal da terra onde quer que estejamos neste mundo. O sal precisa ser diferente do meio onde está colocado, do contrário deixa de ter função, pois adquirirá o mesmo sabor do ambiente onde se inseriu e não fará ali qualquer diferença para melhor. Esta é uma grande responsabilidade que o Senhor nos conferiu da qual não podemos fugir, por isso precisamos nos santificar para resistir aos laços do maligno e não perdermos o sabor precioso e único que Ele nos concedeu.
Vivemos num mundo que tem sido manchado, ao longo de milhares de anos, pelo pecado reiterado, onipresente, universal, rodeados por criminalidade de todos os tipos, violência, pornografia, desonestidade, corrupção e falsa religiosidade. Mas Jesus não pretende que, como Seus discípulos, nos isolemos no mundo, por isso rogou ao Pai em João 17.15, “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal”. Por isso, Paulo exortou Timóteo, em sua primeira carta dirigida a ele, capítulo 6, verso 11, para que se afastasse do pecado, dizendo que “… o amor do dinheiro é raiz de todos os males (…). Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas…”. Porque o Senhor Jesus deseja que brilhemos como luminares neste mundo trevoso, ensinando em Mateus 5.14,16: “Vós sois a luz do mundo. (…) Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”.
Nunca foi fácil viver como povo santo em um mundo mergulhado em corrupção e injustiça, no entanto Jesus provou que isso é possível através de Sua vida de pureza impecável, e é nossa responsabilidade seguir Seus passos, tendo a certeza de que, à medida que nos separamos do mundo e nos consagramos a Deus, Ele haverá de nos sustentar, fortalecer e dirigir, aperfeiçoando a santidade em nós.
E é o próprio Senhor Jesus no livro de Apocalipse 22.11-12, quem nos faz uma exortação que deve ocupar permanentemente nossas mentes, corações, almas e espíritos, estimulando-nos poderosamente a perseverar em nossa busca por santificação: “Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se. E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras”.
Pai Santo, Tu sabes que a nossa trajetória neste mundo perdido não é fácil, mas nos acenas com uma perspectiva maravilhosamente alvissareira por meio de Teu amado Filho em João 16.33 que nos tranquiliza afirmando que “… No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”. Por isso clamamos pela Tua força e pela tua misericórdia, para que nos mantenhamos sempre focados em Cristo, resistindo a todas as investidas do inimigo de nossas almas, que de todas as maneiras tenta nos desviar do caminho que Tens preparado para nós. Assim oramos agradecidos e confiantes no nome santo de Jesus. Amém.
26 de novembro de 2022
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