Uma Família que Faz a Diferença

Uma Família que Faz a Diferença

O casal de idosos sobrevivia graças à magra aposentadoria do marido somada ao aluguel de uma casinha construída nos fundos do terreno da sua própria casa. Os dois eram muito queridos por toda a vizinhança, e todas as famílias do bairro ficaram contristadas quando certo dia o homem veio a falecer. A partir deste ocorrido, o inquilino, aproveitando-se da fragilidade da viúva, deixou de pagar os aluguéis. A velhinha então foi bater à sua porta, na tentativa de receber o que lhe era devido. De forma arrogante o homem respondeu: “Moro nesta casa há anos, e cansei de pagar aluguel. Não vou mais pagar e também não vou sair. Pode procurar seus direitos, porque não vai adiantar. Só um exército pode me arrancar daqui!” Triste e cabisbaixa, a anciã bateu então à porta de uma vizinha muito chegada, para desabafar e pedir orações, pois sabia que sua família era cristã e muito temente a Deus. A partir deste dia aquela família passou a orar e a jejuar, intercedendo pela causa daquela senhora. Ao cabo de algum tempo, a vizinha vai até a velhinha e lhe diz: “À noite passada o Senhor falou ao meu coração para que dissesse à senhora: não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel.” Na manhã seguinte, a velhinha ouve baterem à sua porta, e ao abrir depara com o inquilino que, esbravejando muito, conta-lhe que, na noite anterior, não sabia de onde, surgiram milhares de formigas que invadiram completamente sua casa, espalhando-se por todos os cômodos, tomando conta de gavetas, panelas, pratos, tigelas, roupas, alimentos, e até da geladeira. Após passar a noite lutando com todas as armas que conhecia para se livrar daquela praga, insone, exausto e muito raivoso, vinha lhe comunicar que estava desocupando a casa naquele mesmo dia! Deus havia enviado um exército para despejá-lo! Aquela família cristã vivia num lar intercessor, e assim sendo, era uma família que fazia a diferença na sua vizinhança e no mundo.

Interceder é colocar-se no lugar de outro e pleitear a causa dele como se fora a sua própria. É se postar entre Deus e os homens, tomando o lugar deles e sentindo suas necessidades, da mesma forma que Cristo intercede por nós junto ao Pai, na citação de Hebreus 7.25: “Por isso também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.”

Muito mais do que um grupo de pessoas que vive junto e sob o mesmo teto, uma família cristã é composta de sacerdotes de Deus, que Ele mesmo uniu para um propósito (1 Pedro 2.9). Ao longo das eras, Deus tem incessantemente usado a família para implementar seu plano para o mundo, muito especialmente para a evangelização das nações. A obra missionária precisa contar com a participação efetiva da família cristã, que pode e deve agir de várias maneiras. Uma delas é pela intercessão diária e contínua em favor do trabalho missionário que Deus está desenvolvendo nos diversos campos do mundo, usando cristãos que convocou e conduziu para glorificar o Seu nome entre as nações, pelo testemunho e pela proclamação da Sua Palavra. Por isso é um grande privilégio para a família cristã estar incluída no magnífico plano divino, pois a experiência de orar em família não somente a une aos obreiros do Senhor nos campos missionários, mas também cumpre a vocação missionária que o Senhor lhe conferiu, como Paulo aponta enfaticamente em 1 Timóteo 2.1,3-4: “Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens (…) Pois isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.” Precisamos compreender a imensa dimensão do dever intercessor da família cristã, o que lhe confere o condão de, literalmente, mover o mundo em favor da salvação de almas.
No recinto tranquilo e calmo do lar cristão pode ser travada uma verdadeira guerra de proporções mundiais e com consequências eternas, quando a família – ao se unir a tantos outros cristãos – trava uma batalha espiritual diária para levar as boas novas do Evangelho aos povos não alcançados. Quando a família faz a sua parte na obra de Deus através da intercessão missionária, sua ação espiritual será sentida não só nos campos mas também nas vidas pelas quais intercede. Se realmente cremos em Tiago 5.16, que “Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo”, muito mais a oração de uma família justa, comprometida com Deus e com a sua obra, fará em favor do avanço do Evangelho no mundo.

Igualmente a oração de intercessão pela própria família, pelo casal e pelo relacionamento entre pais e filhos tem que ser permanente, para se contrapor ao poder maléfico do mundo e do seu príncipe tenebroso. Aprender a amar uns aos outros da maneira como Deus nos ama, produz em nós alterações que nos aproximam do modelo de Cristo: nosso coração se enche de bondade, de compaixão, e aprendemos a priorizar em nossas agendas lotadas a intercessão por um amigo, ou até por um inimigo. E se tememos não ter amor suficiente para esta tarefa, podemos clamar ao Autor do amor para derramar sobre nós amor diretatamente do Seu coração para o nosso.

Philip Yancey, em seu livro “Oração: ela faz alguma diferença?”, explica que o efeito do ato de amar por meio da intercessão, implica em transformações mútuas: “Quando oro por outra pessoa, estou orando para que Deus abra meus olhos para que eu veja aquela pessoa como Deus a vê e então entrar no canal amoroso que Deus já direciona para aquela pessoa. Algo acontece quando oro por outros desta maneira. Levá-los à presença de Deus transforma minhas atitudes em relação a eles e afeta profundamente nosso relacionamento.”
Vivemos em um tempo em que as pressões do dia a dia de uma vida agitada e superficial, nos atraem permanentemente, tendendo a sufocar a própria espiritualidade cristã. Por isso, feliz e abençoada é a família que continua estudando a Bíblia e orando junta, fazendo do seu lar um santuário de intercessão. Mas a vida devocional contemporânea da família cristã tem dois adversários de peso: a TV e o computador. Se não tivermos autoridade e domínio sobre estes recursos eletrônicos – priorizando acima de tudo as coisas de Deus – nos arriscaremos a não encontrar tempo para ter comunhão com o Senhor dentro da nossa própria casa, desobedecendo ao que Ele nos determinou em 1 Tessalonicenses 5.17: “Orai sem cessar”.

Que o Senhor nosso Deus nos dê sabedoria, força espiritual e determinação pessoal para remirmos o tempo nestes dias tão maus, e podermos então dominar plenamente a atração exercida por qualquer coisa que, manipulada por forças espirituais sob o domínio maligno do príncipe deste mundo, nos afastem da comunhão vital com o Criador. É no nome de Cristo Jesus que oramos e agradecemos. Amém.